Mauro Cezar: São Paulo entrou numa aventura maluca ao contratar Daniel Alves
O São Paulo anunciou na última sexta-feira (10) que Daniel Alves não joga mais pelo clube. Jogador que chegou com festa de torcedores no aeroporto, recepção de gala no Morumbi e a camisa 10 do time, ele deixa o clube sem ir ao CT depois da passagem pela seleção brasileira na data Fifa e uma frustração por não ter correspondido ao que custou, além de uma dívida que o tricolor negocia como vai pagar após o descumprimento de valores acordados.
No podcast Posse de Bola #160, Mauro Cezar Pereira afirma que o torcedor são-paulino deve questionar como a questão de Daniel Alves chegou a este ponto, citando tanto a diretoria anterior, que contratou o jogador sem ter condições financeiras para bancar o valor pedido e a atual pela demora em tentar resolver de outra forma que não fosse a do próprio jogador se recusando a participar de atividades até que fosse pago o que lhe é devido.
"O São Paulo acho que tem que começar a discutir um pouco mais profundamente os seus problemas, o Daniel Alves não é o único, continua sendo pelo aspecto financeiro. Agora está fora. E acho que é impressionante, isso é uma coisa o torcedor do São Paulo tem que questionar bastante. Dos ex-dirigentes, que contrataram o Daniel Alves e dos atuais, que permitiram que chegasse a esse ponto", diz Mauro Cezar.
O jornalista também cita os elogios feitos à época ao São Paulo pela contratação, tratada em alguns momentos como a maior da história do futebol brasileiro, quando na verdade os dirigentes estavam fazendo um acordo sem que tivessem condições de cumpri-lo.
"Muita gente tratou como maior contratação da história do futebol brasileiro e nem do São Paulo nunca foi, maior jogador nem no São Paulo, o São Paulo teve muitos jogadores melhores que o Daniel Alves. Ele pode ser muito vitorioso, participou de grandes times na Europa, mas ele não é o maior jogador da história do São Paulo. Mas teve isso, na imprensa teve muito ‘maior contratação', 'tacada de mestre'. Tacada de mestre pagando um salário que o clube não pode pagar, que tacada de mestre é essa?", questiona.
"Muita gente tem que fazer uma autocrítica sobre isso, o São Paulo entrou em uma aventura maluca e agora tem esse pepino aí de ter que pagar uma fortuna para um jogador que não deu retorno técnico e que não estava em campo no dia em que o São Paulo foi campeão paulista depois de tanto tempo. Ele não estava lá, entrou para comemorar, levantar troféu, botar a língua para fora na foto, aquelas coisas que ele faz lá. Mas jogar ele não jogou, o São Paulo derrotou o Palmeiras sem ele", completa.
Outro ponto citado por Mauro Cezar foi a forma da saída de Daniel Alves, sem qualquer declaração ao torcedor da parte do atleta e com a diretoria tratando como se ela estivesse encerrando a relação com ele, quando o próprio já havia deixado de se apresentar no CT da Barra Funda para treinar com os demais jogadores.
"Deram o que o Daniel Alves pediu, era muito para as condições do São Paulo no momento e o jogador fez o que? Ainda saiu da maneira que saiu, que eu achei assim, ele tem toda a razão para cobrar, porque se você assinou, assumiu compromisso, tem que pagar, isso aí é inegociável. Mas ele não teve carinho pelo clube, pode ter bronca com os dirigentes, o clube, a instituição, já que ele é são-paulino, diz que é, eu acho que ele não teve com a torcida. Foi um rompimento frio, gélido, indiferente", diz Mauro.
"O fato é que ele que chutou o São Paulo, aí depois o dirigente do São Paulo dá uma entrevista, ou pronunciamento, aí fala 'rompemos com o Daniel Alves'. É mais ou menos o seguinte, a garota terminou o namoro e o cara fala 'não estou mais a fim dela também'. Mas ele já tomou um pé na bunda. O São Paulo não pode permitir que o Daniel Alves dê um pé na bunda do São Paulo, mas o fato foi o que aconteceu. Merece sim uma boa reflexão, porque o clube se coloca em um patamar diante de um jogador que chega a ser revoltante", conclui.
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