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Eduardo Barroca: Alguns clubes tomam decisões pautadas em redes sociais

Do UOL, em São Paulo

01/08/2021 04h00

O técnico Eduardo Barroca considera que o processo de escolha de um treinador no futebol brasileiro ainda é algo que precisa evoluir, assim como a estabilidade do trabalho em meio às pressões externas de influenciadores dos clubes e redes sociais, além de apontar a necessidade de o profissional saber se comunicar com este novo mundo digital.

Em entrevista a Mauro Cezar Pereira no programa Dividida, do Canal UOL, Barroca afirma que há alguns clubes tomam decisões com base nas redes sociais e que a própria escolha do treinador se baseia mais em uma sequência de bons resultados do que pelo padrão do trabalho desenvolvido pelo profissional.

"Entendo que o processo de escolha do treinador de futebol aqui no Brasil é muito sazonal, ele é muito do momento. Se eu estiver fazendo um, se eu estiver encontrando bons resultados aqui no Atlético-GO, se eu conseguir três vitórias seguidas na Série A em um clube da Série A grande, trocar de treinador, é bem capaz que o meu nome esteja vinculado a isso pelos meus resultados recentes", afirma Barroca.

"Eu entendo que as escolhas, elas estão muito pautadas ainda de fora para dentro. Alguns clubes tomam decisões pautadas em redes sociais, alguns clubes, nos influenciadores digitais dos clubes, que eu acho que isso é algo muito importante para se falar, que é uma nova forma de comunicação, o treinador precisa entender que a comunicação dele com o torcedor, ela mudou de canal, com os jogadores mudou de canal, hoje existem os influenciadores digitais de cada clube e é importante a gente ter esse entendimento para saber se comunicar com o nosso torcedor, saber se comunicar com o externo e passar a mensagem correta daquilo que a gente quer do nosso trabalho", completa.

O treinador afirma ainda que muitas vezes são colocados nos profissionais rótulos que não condizem com a realidade, a contratação ainda é muito dependente de resultados e o técnico precisa estar consciente de não dar um passo maior do que ele pode no momento.

"O treinador fica muito com alguns rótulos, eu mesmo, você acabou aí de falar do trabalho de 2019, da posse de bola, aquilo ficou rotulado, o meu trabalho em 2019 no Atlético-GO depois me abriu possibilidades para diversas equipes da Série B porque falaram que eu consegui o acesso com o Atlético-GO, quando na verdade a gente falou lá no início da nossa conversa sobre o modelo de jogo e modelo de trabalho, eu gostaria muito mais que os treinadores fossem escolhidos pelo processo seletivo que eu passei numa equipe sul-americana do que costumam ser escolhidos aqui no Brasil", afirma.

"Muitas vezes sem critério, sem processo de coerência, levando em consideração apenas os últimos resultados, se você não tem um bom resultado no teu último trabalho, você fica vinculado e já comprometido com o seu próximo trabalho, e se você tem resultados muito bons, isso pode a curto prazo te fazer queimar etapas que depois você vai pagar um preço por ter queimado etapas sem estar na condição adequada daquele momento", conclui.

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