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OPINIÃO

Mauro Cezar: Dois jogos fracos, mas o São Paulo foi melhor e quis mais

Do UOL, em São Paulo

25/05/2021 04h00

Diante de um Palmeiras acostumado a buscar os contra-ataques em velocidade, o São Paulo mudou sua forma de jogar após conseguir o primeiro gol na final de domingo, no Morumbi, viu o time de Abel Ferreira com dificuldades na criação e ainda aproveitou a chance para definir o placar do título paulista em uma jogada semelhante à que tantas vezes é utilizada pelo lado palmeirense.

No podcast Posse de Bola #128, Mauro Cezar Pereira destaca a forma como Hernán Crespo conseguiu complicar o jogo para o Palmeiras no duelo tático com Abel Ferreira e que o São Paulo acabou premiado por querer mais, após dois jogos fracos tecnicamente.

"Quando o São Paulo tem a vantagem no placar, é só olhar as estatísticas do jogo, não precisa nem ter visto o jogo, você olha lá 70% de posse de bola do Palmeiras no segundo tempo, é o contraveneno, é o óbvio contraveneno que foi utilizado pelo Hernán Crespo. Abel, se vira, a bola é tua, dá seu jeito. Parecia o Palmeiras o Marcelo Oliveira, campeão da Copa do Brasil em 2015, aquele dos chutões, e que foi campeão hein, foi campeão e o técnico não foi demitido por conta daquele título, mas meses depois tomou um pé no traseiro porque o time não jogava", diz Mauro Cezar.

"Eu acho que os dois jogos foram bem fracos, mas o São Paulo foi melhor, o São Paulo quis mais, não só durante a competição, mas nas finais também. O São Paulo buscou mais o ataque, tentou ganhar mais o jogo, teve mais iniciativa teve mais problemas a resolver, lesões importantes antes do jogo, durante o jogo e dúvida de jogador importante", completa.

O jornalista afirma que, ainda que tenha vencido a Libertadores e a Copa do Brasil da temporada 2020, em finais disputadas em 2021, o Palmeiras apresentou problemas que precisam ser observados pela comissão técnica e acabou castigado justamente em uma jogada na qual é especialista.

"Ironicamente, o segundo gol é um gol bem com a cara do Palmeiras, o gol do Luciano, que é aquela retomada de bola, jogada rápida, centroavante chega e define a parada, 2 a 0. O Palmeiras é um time que ganhou duas competições, elas foram conquistadas de maneira limpa e isso é inegável, mas que apresentou problemas durante toda essa caminhada, o jogo do River Plate no Allianz Parque é um jogo que nunca pode ser esquecido, aquilo foi uma aula, foi um alerta que muita gente fecha os olhos para aquilo por conta de um troféu", diz Mauro Cezar.

"Ganhar uma Libertadores não dá licença para matar o futebol, dá prestígio, é título e faz história, mas o futebol tem que ser visto em campo e tem que ser discutido. O que o Palmeiras fez é algo pavoroso, o time não joga, o time é ligação direta, chutão, não tem saída de bola, não tem nada", completa.

Mauro ressalta que o problema do Palmeiras não é pelas opções em termos de jogadores, mas no treino e na forma como o técnico arma sua equipe, buscando sempre explorar a velocidade de Rony.

"Quando o adversário permite campo para fazer uma rápida conexão, os jogadores são bons, são rápidos, os caras sabem jogar. Você tem um Veiga, tem um Luiz Adriano, tem o Rony, quando a bola sai minimamente redonda e com velocidade para esses jogadores de frente, eles vão dar trabalho para o adversário, mas e quando os papéis se invertem? Aí a coisa se complica", diz Mauro.

"O São Paulo dá a bola para o Palmeiras, está ganhando de 1 a 0 e fala 'eu estou tentando ganhar o jogo desde lá no Allianz Parque, você está aí fechado. Agora eu estou ganhando, se vira aí a bola agora é sua, te embrulho para presente'. Não sabe o que fazer. Por que os caras são ruins? Não, o time não é treinado para isso", conclui.

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