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ANÁLISE

Mauro Cezar questiona o uso de homens de confiança como auxiliares técnicos

Do UOL, em São Paulo

23/04/2021 19h47

O Atlético-MG não pôde contar com o técnico Cuca em sua partida de estreia na Libertadores diante do La Guaira, da Venezuela, e quem comandou a equipe foi Cuquinha, irmão do treinador, que atua como seu auxiliar há muitos anos. Assim como o caso de Cuquinha, é recorrente no futebol brasileiro o cargo de auxiliar ser alguém de confiança do técnico e algumas vezes até da família, como Dorival Júnior e até o atual treinador da seleção brasileira, Tite, que tem o filho Matheus Bachi em sua comissão.

No podcast Posse de Bola #119, Mauro Cezar Pereira questiona se esses profissionais têm a devida qualificação ou estão em seus cargos apenas pela ligação com o treinador, citando não apenas casos em que o auxiliar é da família, mas mesmo de amigos de confiança, como Muricy com Tata e Abel Braga com Leomir de Souza.

"Já me chamou a atenção há um bom tempo isso, isso é uma coisa tradicional no futebol brasileiro que não mudou ainda, por exemplo, qual é a qualificação, é uma pergunta, não estou afirmando nada, qual a qualificação do Cuquinha para ficar à beira do campo? Ser irmão do Cuca? Sério, ele tem qualidade como treinador de futebol, auxiliar técnico, sei lá o que para ficar à beira do campo ou só porque ele é irmão do Cuca? Isso também é uma coisa que me chama a atenção, tem um elenco milionário e eventualmente não pode contar com o treinador porque ele foi expulso na final da Libertadores quando ainda trabalhava no Santos, e aí vai o Cuquinha", diz Mauro Cezar.

"O Cuquinha é a pessoa mais indiciada ali para orientar os jogadores, ficar à beira do campo, passar as instruções ou não? Não sei, não consigo entender, acho que isso é uma coisa muito antiga, que já deveria estar mudando, existem ótimos profissionais aí na base e em times menores se preparando para uma chance como essa e que não são incorporados por comissões técnicas muitas vezes porque o cargo de auxiliar técnico no Basil não é de alguém qualificado obrigatoriamente, é quase sempre de alguém de confiança", completa.

O jornalista questiona se os treinadores não poderiam trabalhar com outros auxiliares que não tivessem uma ligação tão próxima como é o caso de Cuca e Cuquinha, Tite e Matheus, entre outros profissionais do futebol brasileiro.

"Para essa função eu acho necessário você ter realmente alguém com qualificação e aí eu vejo o Cuquinha na beira do campo. Quem é o Cuquinha? O que ele fez no futebol? É um auxiliar que é irmão do Cuca, ele pode até ter se preparado, treinado, mas eu tenho essa dúvida, eu repito, não é uma afirmação, é uma pergunta, porque é como o Leomir com o Abel, era o Tata com o Muricy, reparem, o Tata e o Muricy é uma dupla que não existe mais, é de um outro tempo", diz Mauro.

"Tem o filho do Tite, pode ser um ótimo rapaz, muito estudioso, pode ter licença com todas as letras do alfabeto naquele curso da CBF, licença A, B, C, pode ter tudo, mas o cara é o filho do Tite, o Tite não podia ter um auxiliar, uma pessoa mais tarimbada além do Cleber Xavier com o seu tatiquês interminável? Você olha o Atlético-MG, quem está na beira do campo é o Cuquinha. Um time milionário, sinceramente, isso é uma coisa que merece uma discussão mais ampla dentro dos clubes. Agora, a culpa não é do Cuca e nem do Cuquinha, o Atlético-MG contratou, ele chega com o kit. O Atlético-MG e outros clubes deveriam discutir mais isso", conclui.

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