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ANÁLISE

Presidente do Inter: Clube não supre necessidades só com venda de jogadores

Do UOL, em São Paulo

17/04/2021 04h00

No comando da nova gestão do Internacional, o presidente Alessandro Barcellos montou uma equipe com diferentes frentes para algumas mudanças dentro do clube, como o aproveitamento das categorias de base, contando para isso com o técnico Miguel Ángel Ramírez e o gerente executivo Gustavo Grossi, mas também na tentativa de reduzir a dependência das vendas de jogadores para bancar o futebol.

Em entrevista a Mauro Cezar Pereira no programa Dividida, do UOL Esporte, Barcellos explica que o modelo utilizado até então no clube era, e ainda é, muito dependente das vendas de atletas do clube, que tem neste ano a necessidade de atingir R$ 90 milhões em vendas, mas que apenas a negociação de jogadores não é o suficiente para manter as contas em dia, o que resulta na dívida atual.

"O Internacional teve de um ciclo com as grandes conquistas do Mundial, das duas Libertadores e esse ciclo durou cerca de 20 anos, com um modelo de gestão que teve os seus acertos e teve os seus erros. Nós que convivemos com o Internacional e que aprendemos com o Internacional também entendemos que chegou o momento de a gente fazer uma mudança de ciclo, o Internacional vinha com um modelo de gestão muito calcado na venda de atletas para fazer com que essas vendas sustentassem o seu negócio", diz o presidente do clube.

"Isso deu certo durante um período, mas graficamente é possível observar que o futebol cresceu muito e com isso cresceu muito as despesas, os custos, e não na mesma proporção as vendas. O que aconteceu, o Internacional não consegue mais suprir as suas necessidades apenas com a venda de jogadores, ela passou a fazer parte de uma importante receita, mas não o suficiente como era antes, para que as contas fechassem. Isso vai acumulando déficit, o Internacional hoje tem uma dívida na casa de R$ 600 milhões", completa.

Além da busca por otimizar a formação de jogadores nas categorias de base e a utilização atletas revelados no clube no time principal, o Inter procura o uso da ciência de dados e diminuir o gasto com negócios mal-sucedidos.

"Por que Gustavo Grossi? Por que Miguel Angel Ramirez? Porque também temos como objetivo principal desse próximo período fazermos times competitivos, sermos protagonistas esportivos, mas utilizarmos ainda mais as categorias de base, a ciência de dados como elementos que melhorem a eficiência de um futebol, não é possível que a gente consiga conviver com o modelo de tentativa de acerto e erro, onde se faz aí 10, 15, 20 contratações e no final da avaliação de um período se tem dois, três jogadores que aprovam realmente", diz Barcellos.

"Nós temos que errar menos, nós temos que fazer mais com menos e para isso a gente precisa de ferramentas, a gente precisa de profissionais que nos ajudem e que serão cobrados para que a gente busque os melhores resultados. O Internacional não tem recurso sobrando, pelo contrário, falta recurso e nós não podemos desperdiçar recursos. Quando eu falo em não desperdiçar recursos, eu falo numa maior eficiência, numa maior qualidade no trabalho para que isso tudo se reflita na condição de termos um equilíbrio econômico e financeiro ali na frente", conclui.

Inter tem meta de R$ 90 milhões em vendas no ano

Apesar de ter como meta uma menor dependência das vendas de atletas para sustentar o clube financeiramente, o presidente do Internacional afirma que sua gestão ainda está em uma transição do modelo antigo para a sua proposta e com isso se faz necessário atingir um valor com vendas para fechar as contas ao final do ano, o que ele acredita que deverá atingir.

"O nosso orçamento prevê e nós revisamos esse orçamento para 2021, ele foi feito em 2020, entregue ao conselho deliberativo em dezembro e nós agora em março revisitamos ele. Na primeira proposta tinha uma previsão de R$ 115 milhões, nós reduzimos para R$ 90 milhões, ainda é muito, mas é necessário que se venda R$ 90 milhões, isso ao longo do ano", diz Barcellos.

"Sabemos que na medida em que as competições nacionais e internacionais começarem, esses ativos serão ainda mais valorizados, quando as janelas vierem de julho, final do ano, tenho certeza que nós teremos aí condição de atingir esse número, mas ao mesmo tempo preocupados sempre em não perder esse protagonismo esportivo dentro de campo, que é a atividade fim do clube, mas é necessário sim que a gente venda jogadores e esse número, a cifra que está colocada no nosso orçamento é de R$ 90 milhões", conclui.

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