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Mauro: "A virtude do Inter é não estar titubeando contra times mais fracos"

Do UOL, em São Paulo

19/01/2021 04h00

O Internacional liderou o Campeonato Brasileiro sob o comando do argentino Eduardo Coudet, perdeu o ritmo após a chegada de Abel Braga, mas agora depende apenas das próprias forças para assumir a liderança, o que pode alcançar caso vença o São Paulo amanhã, no Morumbi, em jogo no qual o time colorado tenta a sua sétima vitória consecutiva.

No podcast Posse de Bola #92, Mauro Cezar Pereira analisa o que leva o Inter à campanha atual com o técnico Abel Braga e vê a repetição de uma receita já utilizada pelo treinador em trabalhos anteriores, mas que não vinha dando certo até esta temporada atípica devido à pandemia do novo coronavírus, levando em consideração o que ocorre também em outras ligas pelo mundo.

"Está ganhando jogos contra times mais fracos. São seis vitórias, uma contra o Palmeiras, a mais importante, uma contra o Ceará, que o Flamengo, por exemplo, não foi capaz de vencer, perdeu os dois jogos, uma contra o Fortaleza, time que está na fronteira do rebaixamento, e três contra times da zona do rebaixamento, Goiás, Botafogo e Bahia. Essa é a virtude. Enquanto outras equipes perdem pontos para times que brigam lá embaixo, o Inter tem vencido esses times e aí escalou a montanha", afirma Mauro Cezar.

"Sempre com menos posse de bola, ontem [domingo] vencia por 2 a 1 e tinha 35, 36% de posse, ou seja, rejeita a bola, dá a bola para o adversário, faz aquele jogo mais primitivo, digamos assim, que funciona no Brasil novamente, ainda mais com a pandemia, com a interrupção de trabalhos do ano retrasado feitos por dois estrangeiros, que mudaram a altura da régua, que foram o Jesus e o Sampaoli", completa.

O jornalista também ressalta que o Inter atual com Abel Braga é bem diferente do que havia alcançado a liderança com Eduardo Coudet, citando como exemplo a própria atuação na vitória sobre o Fortaleza, no domingo (17), quando a equipe abriu 2 a 0, permitiu o empate e por pouco não toma a virada, antes de chegar ao terceiro e quarto gols.

"O próprio Coudet, que começava bem no Internacional, saiu, esse time do Inter é bem diferente daquele do Internacional, embora o Coudet também tenha jogado algumas partidas como contra o Atlético-MG em casa como o Abel monta sua equipe, que é o time que joga fechado, rejeita a bola, joga no erro", analisa Mauro.

"Ontem [domingo] virou um jogo completamente aberto, até bem divertido de acompanhar, porque no segundo tempo era um jogo bem bagunçado, os dois times atacavam de forma absolutamente desorganizada, oferecendo todos os espaços, o Fortaleza teve a chance de virar o planar, inclusive, com o David, perdeu o gol, e aí o Inter fez o terceiro gol na grande jogada do Patrick e depois o gol contra do Carlinhos que fechou a conta, mas um jogo em que poderia ter acontecido qualquer coisa, o Fortaleza teve até a chance de virar o placar", completa.

Como exemplo sobre a queda do nível do futebol jogado devido à pandemia, Mauro cita o Campeonato Inglês, com o Manchester United na liderança, assim como na Itália, onde o Milan está na dianteira, enquanto a Juventus, que dominou as últimas temporadas, não tem conseguido render.

"O Inter está conseguindo aproveitar uma receita antiga, que funcionou por muito tempo no nosso futebol, nós conseguimos aqui ter uma evolução no ano de 2019 e com a pandemia e alguns trabalhos interrompidos, a pandemia está afetando o futebol no mundo inteiro, você vê que na Inglaterra o líder é o Manchester United, com o Solskjaer. Se a Premier League tem o Solskjaer como líder do campeonato, alguma coisa não está no seu normal, é um dos técnicos mais fracos à frente de um time gigantesco do futebol europeu. Aqui acontece algo bem parecido, eu vejo dessa forma, não tem muito segredo", afirma o jornalista.

"Isso não significa tirar o mérito, as pessoas adoram falar 'tirou o mérito'. Não tiro o mérito de ninguém, é só uma constatação. O Internacional não faz um futebol fantástico, revolucionário e nem poderia fazer, porque não é essa a proposta de jogo, mas tem sido eficiente e, se isso for o bastante para ser campeão, pode ganhar o campeonato, mas a constatação para mim óbvia é que o futebol regrediu nesse ano de 2020 e 2021 no mundo. O futebol tenta seguir em frente, sobreviver como atividade econômica e esportiva em um período de pandemia, e claro que não vai ter excelência. O Milan lidera na Itália, a Juventus despencou, é maluco isso", conclui.

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