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Programa semanal de futebol com Juca Kfouri, Mauro Cezar Pereira, Arnaldo Ribeiro e Eduardo Tironi


Posse de Bola #84: Flamengo heroico, racismo contra Gerson e Copa do Brasil

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Do UOL, em São Paulo

21/12/2020 11h49

O Flamengo conseguiu uma vitória de virada por 4 a 3 diante do Bahia no Maracanã depois de passar quase toda a partida com um jogador a menos e de se ver atrás no placar em um jogo no qual abriu 2 a 0, mas o destaque negativo do duelo pelo Campeonato Brasileiro acabou sendo o momento no qual o meia Gerson acusou de racismo o colombiano Angel Ramírez, do Bahia.

No podcast Posse de Bola #84, os jornalistas Arnaldo Ribeiro, Eduardo Tironi, Juca Kfouri e Mauro Cezar Pereira analisam a rodada, os resultados do fim de semana, e principalmente o episódio de injúria racial sofrida por Gerson no jogo do Maracanã, que resultou em diversas manifestações do próprio Flamengo, de outros clubes e inclusive do Bahia, que afastou seu jogador enquanto o caso é apurado, além de demitir o técnico Mano Menezes.

Arnaldo Ribeiro afirma que o jogo teve muitos elementos interessantes para discussão, mas não se pode colocar outros temas acima do que ocorreu com Gerson pela gravidade do caso, além de ressaltar a reação do jogador do Flamengo dentro de campo e também fora, assim que encerrada a partida.

"Acho que o jogo tinha mil elementos para a gente discutir. As duas viradas, a questão do comportamento do Gabigol, arbitragem de São Paulo no jogo do Flamengo, tem mil situações, mas a questão Gerson se sobrepõe a tudo isso", afirma Arnaldo.

O jornalista destaca a forma como Gerson conseguiu lidar com a situação e foi fundamental para a virada do Flamengo na partida, mesmo provocado pelo técnico Mano Menezes e elogia a forma como ele se manifestou em entrevista e nas redes sociais para abordar o caso.

"Era um momento completamente adverso e muitos jogadores não conseguem prosseguir. A gente teve por exemplo o Taison, na Ucrânia, algumas outras situações em que o cara simplesmente não consegue mais jogar, 'estou transtornado, vou abandonar o campo', como o cara recente do Paris Saint-Germain, em que as duas equipes saíram de campo. Para o jogador ofendido em questão, aquilo pode naturalmente significar o fim do jogo e não tem mais condição", diz Arnaldo.

"Acho que ele transformou toda aquela revolta numa questão esportiva para o momento e ele consegue comandar a virada do time dele de uma forma exemplar, e depois, logo depois da partida, 4 a 3 no placar, virada épica, ele dá uma entrevista completamente lúcida na saída do campo, e pouco depois posta nas redes sociais, ainda com mais elementos, a sua revolta. De fato, foi um domingo impressionante do Gerson em todos os aspectos", complementa.

No episódio, Juca Kfouri também critica a reação de Mano Menezes com o jogador do Flamengo, elogia a resposta do Bahia ao demitir o treinador e afastar Ramírez, citando o engajamento do clube em causas como a luta contra o racismo.

"Eu saúdo o Bahia pela coerência da direção do Bahia, não é só da boca para fora, não faz só campanha da boca para fora. Lamento por esse rapaz Ramírez pela ignorância", diz Juca.

"Ele arrumou uma confusão para mais de metro para ele, no dia a dia dele, na cidade onde ele vive, que lhe paga o salário. E o Mano Menezes, eu gostaria que acontecesse, mas não vai acontecer porque estamos no Brasil, o que ele fez é para por uma pedra definitiva na carreira dele, por inteiro. Não há outro termo a usar se não o comportamento de cafajeste que ele teve na beira do campo", conclui.

Mauro Cezar Pereira também ressalta o fato de Salvador ser uma cidade de maioria da população negra, prevê uma situação difícil para a permanência do jogador no Bahia e afirma que uma das coisas positivas que acontecem no país no momento é não haver tolerância com atitudes racistas.

"O Ramírez deve estar bem encrencado, não é novidade para ninguém que a população baiana é de maioria negra, ou seja, os torcedores do Bahia são da cor do Gerson e certamente se sentiram muito mal muito incomodados. Os jogadores do Ceará se manifestaram, vários clubes se manifestaram, é incrível. O cara vem de outro país em que às vezes até há certa tolerância, aqui felizmente não há mais, é uma das coisas positivas em meio a tanta coisa ruim que acontece no Brasil", conclui.

O episódio também analisa os aspectos técnico e tático da vitória do Flamengo sobre o Bahia, a disputa pelo título brasileiro, a situação de Vasco e Botafogo na fuga da zona de rebaixamento, a declaração do técnico do Palmeiras, Abel Ferreira, sobre o elenco ser curto, e os confrontos pelas semifinais da Copa do Brasil entre Grêmio e São Paulo, e Palmeiras e América-MG na quarta-feira.

Posse de Bola: Quando e onde ouvir?

A gravação do Posse de Bola está marcada para segundas e sextas-feiras às 9h, sempre com transmissão ao vivo pela home do UOL ou nos perfis do UOL Esporte nas redes sociais (YouTube, Facebook e Twitter). A partir de meio-dia, o Posse de Bola estará disponível nos principais agregadores de podcasts.

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