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Juca: "O que Mano Menezes fez, em um país sério, pegaria gancho de 6 meses"

Do UOL, em São Paulo

13/10/2020 04h00

O Bahia foi derrotado pelo Fluminense com um gol de pênalti que foi marcado com a ajuda do VAR, e o técnico Mano Menezes esbravejou contra a arbitragem, com gritos e insultos ao José Mendonça da Silva Junior, utilizando a expressão "vagabundo".

No podcast Posse de Bola #64, Juca Kfouri comenta a atitude de Mano Menezes e diz que o treinador merecia uma punição com suspensão por meses pela forma como agiu. O jornalista não vê razão na reclamação contra a arbitragem e critica o tom ameaçador do técnico do Bahia.

"O que o Mano Menezes fez ontem (domingo), em um país sério, ele pegava um gancho de seis meses. Ameaçar o árbitro, quem é ele para dizer que o árbitro nunca mais vai apitar? 'Aproveita que você nunca mais vai apitar'. Parece o Bolsonaro dizendo que vai fechar o STF. Tem que ter força para isso, tem que ter força, não é assim. Quem é ele para dizer uma coisa dessa?", questiona Juca.

"Sabe o que me preocupa? É que ele é o cara, até onde eu saiba, que está na cabeça de um provável futuro presidente do Corinthians, que é o Mario Gobbi. E, realmente, eu acho que o Mano Menezes, embora dez anos mais moço que Vanderlei Luxemburgo, abdicou da sua biografia e isso é triste", completa.

Juca ressalta que tem várias críticas à atuação da arbitragem brasileira e também defende que algumas regras deveriam ser alteradas, mas tem visto profissionais do futebol criticarem o VAR até mesmo em situações nas quais erros são corrigidos, citando também o gol anulado do Vasco no clássico diante do Flamengo.

"Na questão do VAR, que o VAR é uma várzea no Brasil, nós estamos cansados de saber, agora, você reclamar do VAR quando acerta, aí é um negocio de maluco. Desde a reclamação do Mano Menezes, o assoprador de apito não tinha visto um pênalti claro feito no Nenê, o empurrão nas costas do Nenê, aí o VAR cumpre a sua função, que é chamar a atenção para um erro grave. O assoprador vai lá, olha e diz 'de fato, foi pênalti'. O que o Mano queria que ele fizesse?", diz Juca.

"Eu acho que tem que mudar a regra, porque, evidentemente, não tinha ninguém ali tirando vantagem deliberadamente de uma posição adiantada. Mas, objetivamente, a regra diz isso e havia uma posição adiantada no ombro, como eu discordo da coisa do bate no braço e é pênalti. Mas não adianta eu discordar ou concordar, o que me irrita é quando eu vejo a mudança de critério, algumas vezes bate na mão igual a outras e as marcações são contraditórias, não são as mesmas", completa.

Juca conclui dizendo que é normal que a reação de torcedores seja a de questionar as marcações de arbitragem mesmo com o VAR, mas que jornalistas e treinadores não podem fazer o mesmo.

"Fui ler a descrição de jogo no Twitter do Ceará, o Eduardo é expulso pela falta que faz, aparece o comentário 'VAR expulsa Eduardo, com VAR e com tudo', como se dissesse, 'com STF e com tudo', fazendo aquela alusão ao episódio Temer e Lavajato, quer dizer, 'estão roubando o Ceará'. Aí quando marca-se o pênalti do Cássio, nenhum comentário sobre o VAR", diz Juca.

"Bom, que um clube faça isso, que um torcedor faça assim, faz parte, um treinador de futebol, nós jornalistas, nós não podemos fazer. Porque aí realmente é você abdicar da tua profissão. A nossa na busca da imparcialidade e o treinador de futebol como profissional que tem que colaborar para o andamento do espetáculo e não ser uma atrapalhação", finaliza o jornalista.

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