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Mauro: "Protocolo do Flamengo foi vendido como infalível e tinha brechas"

Do UOL, em São Paulo

25/09/2020 17h32

O Flamengo liderou a volta do futebol no Brasil após a paralisação devido à pandemia do novo coronavírus e apresentou um protocolo que se dizia seguro e seguido por outras entidades do futebol, mas na última semana o clube teve um surto de covid-19 em seu elenco, comissão técnica e dirigentes durante o período em que esteve no Equador para dois jogos da Libertadores e hoje pede o adiamento do jogo com o Palmeiras no domingo, pelo Campeonato Brasileiro, o que o clube paulista e a CBF negam.

No podcast Posse de Bola #59, Mauro Cezar Pereira afirma que o clube rubro-negro está em seu direito ao pedir o adiamento, o que não dá nenhuma garantia de que seja atendido, ressalta que o clube não foi o único a querer a volta do futebol, mas que seu presidente Rodolfo Landim e o médico Márcio Tannure, ambos infectados pela covid-19, devem, após restabelecidos, explicar a respeito de o protocolo ter falhado.

"Assim que voltar, e tomara que consigam se recuperar, claro, do período de quarentena, tanto o presidente do Flamengo quanto o médico acho que deveriam dar uma entrevista para explicar o protocolo. Porque é claro que o protocolo do Flamengo não foi o protocolo que você tem ali no dia a dia no CT. A infecção da galera aconteceu em viagem, mas o protocolo não previa isso? Essa é uma pergunta a ser feita para aqueles que apresentaram o protocolo como se fosse quase uma bíblia", diz Mauro Cezar.

"Achavam que iriam ficar no CT a vida inteira? Sabiam que iriam jogar a Libertadores. O protocolo do Flamengo não previa isso? Acho que vale o questionamento porque o protocolo foi vendido como se fosse quase que uma coisa infalível e é evidente que ele tinha brechas ali e a exposição foi muito grande num período de grande convivência entre os jogadores por oito dias, e aí o vírus se espalhou", completa.

Mauro acha que é preciso separar a questão de os dirigentes do Flamengo terem apressado a volta com a exposição de jogadores ao risco na realização do jogo com o Palmeiras, citando que outros clubes também já pretendiam o retorno, tendo alguns deles retomado o treinamento até antes do Rubro-negro.

"Não foi só o Flamengo também que quis jogar, o Flamengo foi o mais espalhafatoso, o mais apressado, mas todos queriam jogar. No final então, vamos lembrar, o que aconteceu com São Paulo? O governador não queria liberar, o prefeito não queria liberar treino, jogo, e os caras fizeram reunião os dirigentes paulistas falando 'temos que jogar, temos que treinar', até que conseguiram", cita Mauro Cezar.

"Acho que todos os questionamentos são válidos. No entanto, acho que uma coisa não está ligada a outra. Esse jogo, esse episódio, eu acho que ele não está ligado ao fato de que o Flamengo quis voltar antes. Até porque, quem eventualmente vai estar sendo colocado em em risco não tem nada a ver com isso, inclusive jogadores do próprio Palmeiras, que, de maneira curiosa, querem jogar e ainda foram contra o sindicato aqui de São Paulo, que se manifestou contra a realização do jogo", completa.

Mauro também acredita que se a situação entre Flamengo e Palmeiras fosse inversa, os dois clubes teriam reações semelhantes, assim como qualquer outro clube do país, com um querendo o adiamento e o outro se mantendo irredutível para jogar.

"No fundo, se fosse o inverso, acho que seria a mesma coisa, não acho que os dirigentes do Flamengo ou os jogadores teriam conduta diferente, seria igualzinho, tudo igual. Ou qualquer outro time envolvido, duvido que fosse diferente, ficaria muito surpreso se alguém tivesse uma postura diferente", conclui.

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