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Sérgio Soares critica pressão em Diniz por vitórias e cita Sampaoli em 2019

Do UOL, em São Paulo

10/09/2020 04h00

Companheiro de Fernando Diniz dentro de campo no Juventus e no Palmeiras, Sérgio Soares defende o atual comandante do São Paulo das críticas que sofreu na atual temporada e avalia que a pressão pelas vitórias impede muitas vezes que o treinador possa implantar seus métodos na equipe.

Em entrevista ao programa Os Canalhas, com os jornalistas João Carlos Albuquerque e Rodrigo Viana, Soares afirma que o futebol brasileiro é muito resultadista e não dá tempo aos técnicos do país para que desenvolvam o trabalho nos clubes.

"Vamos falar do Fernando. Depois do jogo do Mirassol, ele começou o Brasileiro e todo jogo até umas três rodadas atrás, o Fernando sempre teve que jogar para ganhar, se ele perdesse, ele cairia. Assim o cara não tem tranquilidade para poder aplicar aquilo que acredita e aquilo que ele foi contratado", afirma Soares

"Fernando foi contratado no São Paulo, na minha opinião, para exatamente ser o Fernando Diniz, mas os resultados não começaram a acontecer e ele teve que mudar um pouco o jeito de ele jogar, e aí ele passou a ser o normal, e o normal o São Paulo não queria, o São Paulo queria o treinador com a proposta que ele tinha", completa.

Sem clube desde a saída da Ferroviária, em abril deste ano, Sérgio Soares aponta aspectos positivos no São Paulo de Diniz, como a escalação dos jovens Léo e Diego Costa como zagueiros.

"Uma coisa boa que eu vejo no Fernando, que ele fez, ele teve coragem de mudar o São Paulo, ele teve coragem de tirar a dupla de zagueiros. O Daniel Alves machucou e, se o Daniel Alves não machuca, dificilmente ele iria botar o Hernanes no time e o Hernanes você via que começou a performar bem, o máximo que ele pode aguentar, e o Fernando começou a botar a molecada. Então isso é um ponto positivo do treinador", analisa.

Sérgio Soares é crítico do futebol dito reativo que foi praticado no Brasil nos últimos anos e aponta mais uma vez que isso é reflexo do resultadismo e da falta de tempo para os técnicos trabalharem. Ele cita como exemplo de que é preciso dar tempo aos treinadores o caso de Jorge Sampaoli no Santos e questiona se algum brasileiro permaneceria no clube após as goleadas e eliminações que o argentino sofreu em 2019.

"Eu vejo que os treinadores brasileiros realmente até o ano passado estavam muito reativos mesmo, mas estava dando resultado e o maior exemplo é o Corinthians do Carille. O Corinthians estava sendo campeão e todo mundo achava que aquele era o jeito melhor de se jogar futebol e não é o jeito melhor de se jogar futebol, minha opinião, e eu sou amigo do Carille e falava isso para ele", diz Soares.

"O Sampaoli perdeu de 5 do Ituano, perdeu de 4 do Botafogo-SP, foi desclassificado no Pacaembu da Sul-Americana para um time pequeno do Uruguai, saiu da Copa do Brasil para o Atlético-MG. E aí eu te pergunto: que treinador brasileiro iria ficar com esses resultados adversos? Nenhum. Só que o Sampaoli teve sequência e ele conseguiu apresentar resultado, aí mostra que o futebol precisa de continuidade", conclui.

Os Canalhas: Quando e onde?

O programa Os Canalhas vai ao ar toda terça-feira, às 14h, em transmissão ao vivo, disponível na home do UOL ou nos perfis do UOL Esporte no Youtube e no Facebook e Twitter, com os jornalistas João Carlos Albuquerque e Rodrigo Viana entrevistando personalidades importantes do esporte brasileiro. Inscreva-se no canal Os Canalhas no Youtube para conferir mais de João Carlos Albuquerque e Rodrigo Viana.