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Silas sobre Diniz: "Sem histórico vencedor, é difícil comprarem sua ideia"

Do UOL, em São Paulo

27/08/2020 04h00

Ídolo no São Paulo como jogador, Silas acredita que o técnico Fernando Diniz tem bom conhecimento de futebol e capacidade de armar times, mas vê a falta de títulos no currículo como um empecilho para convencer os jogadores a comprar a ideia do treinador, pressionado desde a eliminação para o Mirassol no Campeonato Paulista.

Em entrevista ao programa Os Canalhas, com os jornalistas João Carlos Albuquerque e Rodrigo Viana, Silas analisa a situação do treinador do São Paulo e a necessidade de convencer os jogadores a abraçarem o seu projeto.

"O Fernando Diniz, eu acho que é consenso, é muito bom dentro das quatro linhas, só que eu acho que tanto no Fluminense, como no São Paulo, esse modelo novo de jogador não está encaixando na forma dele de trabalhar", afirma Silas.

"É muito difícil você ser esse psicólogo e esse pai quando você não tem histórico de vencedor, mesmo você sendo muito bom. Você conseguir fazer com que os jogadores comprem a sua ideia. É muito difícil", completa.

Silas avalia ainda a dificuldade com o perfil de jogadores brasileiros e diz que aqueles que estão atuando no país integram em geral o quarto nível dos atletas aqui formados.

"Jogador da seleção brasileira e que está na Champions, Neymar, Alisson, Gabriel Jesus, esse é o primeiro nível. Thiago Silva, Marquinhos, Marcelo, Dani Alves quando estava lá. O segundo está na Europa, mas não jogando Champions, esse não quer vir embora. Você pega um Júnior Moraes que está lá no Shakhtar, ele ganha fortuna lá, está até naturalizando já ucraniano. O Bernard, que está jogando hoje na Inglaterra, o cara ganha em torno de R$ 3 milhões por mês, como um cara desse vai vir embora?", explica Silas.

"O terceiro nível, é o jogador que está na China, na Índia, no mundo árabe, nos Estados Unidos, esse jogador também não quer vir para cá. E aí você trabalha com o quarto nível aqui. Quando aparece um menino do primeiro nível, Antony, Vinícius Júnior, Paquetá, Reinier, o cara fica seis meses aqui e vai embora, você não tem nem tempo de trabalhar com o menino, por isso que muitos batem e voltam, porque o menino também não está pronto. Ele sabe jogar bola, mas não é profissional ainda do futebol. E quando volta do primeiro nível, já é o jogador mais veterano", completa.

Silas afirma ainda que no Brasil há uma dificuldade de o crédito pelo resultado do treinador ter uma duração curta, e que o treinador precisa se adaptar e tentar entender melhor a situação.

"O treinador tem que se equilibrar nesse contexto. O Ney Franco subiu o Goiás e já foi mandado embora, o Jorginho subiu o Coritiba, saiu, não acertou e agora está voltando para o Coritiba, então a gente vive isso aqui no Brasil", diz o comentarista.

"Eu aprendi duas coisas, primeiro que a cabeça não foi feita para separar as orelhas, foi feita para a gente pensar e um pai de um amigo meu que é muito legal, ele fala sempre o seguinte, que burro preto a gente vê pastando aí nos pastos da vida, agora, preto burro é só quem quer. Então a gente também tem que ter inteligência para escolher aquilo que a gente quer", conclui.

Os Canalhas: Quando e onde?

O programa Os Canalhas vai ao ar toda terça-feira, às 14h, em transmissão ao vivo, disponível na home do UOL ou nos perfis do UOL Esporte no Youtube e no Facebook e Twitter, com os jornalistas João Carlos Albuquerque e Rodrigo Viana entrevistando personalidades importantes do esporte brasileiro. Inscreva-se no canal Os Canalhas no Youtube para conferir mais de João Carlos Albuquerque e Rodrigo Viana.