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Richarlyson: "São Paulo tricampeão brasileiro não tinha vaidades"

Do UOL, em São Paulo

15/07/2020 04h00

O São Paulo comandado por Muricy Ramalho na segunda metade dos anos 2000 conseguiu um feito único até hoje no Campeonato Brasileiro de pontos corridos, com a conquista do tricampeonato em 2006, 2007 e 2008. Para Richarlyson, o diferencial daquele time para atingir os títulos consecutivos foi a falta de vaidades entre jogadores e o treinador.

Em entrevista ao programa Os Canalhas, com os jornalistas João Carlos Albuquerque e Rodrigo Viana, o jogador que atuou pelo São Paulo entre 2005 e 2010 lembra de como eram as metas estipuladas pelo time, a pressão pela classificação para a Libertadores e o técnico Muricy, que não via problemas em ouvir e fazer modificações após sugestão dos próprios jogadores

"Naqueles três títulos que a gente conquistou, nós não tínhamos vaidades no grupo. Eu acho que isso foi um ponto preponderante. Desde o treinador, que você sabe que quando tem um treinador que tem vaidade, não vai. Haja vista grandes clubes que fizeram grandes equipes e acabaram perdendo títulos por causa do treinador, que queria ser mais que o jogador, ou queria fazer coisas diferentes do normal, o que no futebol às vezes existe. A gente teve um treinador humilde, paizão, sincero, ouvinte, que eu acho que é muito importante, um treinador ouvinte e não um treinador que expõe a sua situação e é essa e acabou", afirma Richarlyson.

"Ele colocava a exposição daquilo que ele queria como tática, como técnica, mas ele pedia a opinião, principalmente, claro, dos mais velhos, isso muito mais a opinião do Rogério Ceni, que sabia como também posicionar a sua equipe dentro de campo e a gente muitas vezes trocava um posicionamento na base, na porta do túnel, antes de entrar. Rogério chamava o Muricy e falava assim 'eles entraram assim e assim, eu acho melhor a gente entrar desse jeito'. E o Muricy falava assim 'está certo, vamos mudar, sem problema nenhum. Qualquer coisa se não der certo, lá do banco eu mando outra ordem e a gente muda de novo'. Então eu acho que essa parte de ouvinte do Muricy era muito importante", completa o jogador.

Rogério Ceni também ouvia os mais novos

Richarlyson afirma que havia uma forma de lidar com todo o elenco, fazendo com que mesmo Rogério Ceni não fosse uma voz única dentro do grupo de jogadores, com as opiniões sendo compartilhadas de forma similar entre atletas de diferentes idades e tempo de clube.

"Era um elenco que eu acho que tinha grandes atletas, mas ninguém queria ser maior que ninguém, a gente era coeso, era um grupo realmente, isso que eu falo que faz a diferença, não é clichê no futebol, porque muita gente a pessoa fala 'fizemos uma família', todo time faz uma família, todo grupo. A nossa também brigava, mas a gente brigava e uma forma respeitosa, então essa talvez seria a diferença", afirma Richarlyson.

"Eu escutava o mais novinho, como o Rogério Ceni escutava o mais novinho também, não era por hierarquia naquela questão de 'ah o Rogério tem dez anos de clube, só ele fala e pronto e acabou', não, não tinha isso", completa.

Algum time repetirá o tricampeonato do São Paulo?

Para o jogador de 37 anos, vai demorar para que um clube brasileiro volte a conseguir um tricampeonato como o do São Paulo.

"Acho que esses três campeonatos que a gente conseguiu de forma incrível, que também acho que vão passar anos e anos de campeonato brasileiro e não vai ter tão cedo. Consecutivo, não. Claro que vão ter clubes que vão vencer dois, três campeonatos dentro de dez anos, mas consecutivo como a gente conquistou, eu acho difícil", conclui.

Os Canalhas: Quando e onde?

O programa Os Canalhas vai ao ar toda semana em duas edições semanais, na terça-feira, às 14h, e na quinta-feira, às 18h, em transmissão ao vivo, ou gravado, disponível na home do UOL ou nos perfis do UOL Esporte no Youtube e no Facebook e Twitter, com os jornalistas João Carlos Albuquerque e Rodrigo Viana entrevistando personalidades importantes do esporte brasileiro. Inscreva-se no canal Os Canalhas no Youtube para conferir mais de João Carlos Albuquerque e Rodrigo Viana.