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Presidente do Bahia vê 'MP do Flamengo' como chance de unir os clubes

Do UOL, em São Paulo

03/07/2020 12h35

Na última terça-feira, os presidentes de oito clubes se reuniram com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em Brasília, com apoio à Medida Provisória 984, que dá aos clubes mandantes a prerrogativa de negociarem os direitos de transmissão do futebol. A MP articulada pelo Flamengo tem o apoio de diversos clubes além do rubro-negro carioca, com outros como Palmeiras, Athletico-PR, Internacional e Bahia, que têm contrato com a Turner, se colocando também favoráveis.

Em entrevista ao programa Os Canalhas, o presidente do Bahia, Guilherme Bellintani, explica o apoio, diz que a maioria dos clubes da Série A estão favoráveis a mudança que a MP propõe e diz que os clubes também pretendem se reunir com deputados e senadores, incluindo o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

"Não só esses oito clubes que estiveram agora recentemente com o presidente, mas os 20 clubes de Série A se reuniram, discutiram o tema da MP 984. Fizemos um estudo não só sobre a própria MP, mas sobre as 91 emendas, concluímos esse estudo, um estudo bem completo assim, mapeando todos os temas tratados, posicionando os clubes, isso foi um trabalho feito pela Comissão Nacional de Clubes, e os clubes saíram, por decisão de ampla maioria, bastante favoráveis à Medida Provisória", afirma o presidente do Bahia.

O dirigente afirma que a MP coloca os direitos de transmissão do futebol brasileiro nos mesmos moldes do que é praticado nos principais centros do esporte no mundo e vê uma possibilidade de auxiliar na união dos clubes, afirmando que apenas a mudança na legislação não será o suficiente para melhorar a situação dos clubes.

"O que nós tínhamos aqui era uma jabuticaba de divisão de direitos que fazia com que cada partida fosse repartida ao meio e, naturalmente, aquilo era uma dificuldade enorme de negociação e de comercialização. Por outro lado, não temos a ilusão de que a MP sozinha vai resolver todos os problemas. A gente tem assim a necessidade de a partir daí também fazer um dever de casa, fazer um desenvolvimento de um projeto que gere, principalmente, negociação de direitos de forma coletiva, cada vez mais, se não com todo o bloco dos 20 clubes, mas pelo menos com uma parte desses 20 clubes se unindo e mostrando que a negociação coletiva pode ser muito melhor para o futebol", diz Bellintani.

O dirigente vê como natural o "congelamento" do Congresso na discussão sobre o tema, mas avisa que os clubes pretendem dialogar com os congressistas nas próximas etapas do movimento.

"Fomos ao presidente da República, assim como também vamos ao Poder Legislativo, ao Congresso, à Câmara dos Deputados, ao Senado Federal para justamente pontuar esse nosso apoio à medida provisória e também nos atualizarmos e sermos ouvidos sobre outros temas que decorrem, digamos assim, do mundo atual no futebol. O movimento dos clubes de ir a Brasília foi um primeiro movimento que vai se tornar cada vez mais comum", afirma Bellintani.

"Os clubes são favoráveis, ela aumenta vertiginosamente a exibição de jogos na TV, ou seja, ela democratiza, porque hoje só quem pode ver todos os jogos é quem tem pay-per-view, então isso é a elitização da informação, não tenho dúvidas. Então assim, por que o congresso nacional seria contra isso? Eu, de fato, não vejo porque, mas acho que tem os rituais, tem os protocolos e nós vamos cumprir esses rituais", completa.

Clubes não se veem 'usados' pelo Flamengo

A articulação do presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, com o presidente Jair Bolsonaro para viabilizar a MP causou críticas por ser um movimento solitário do dirigente, mas o presidente do Bahia, Guilherme Bellintani, diz que já havia conversas em relação ao tema de diretos de transmissão e que depois do encontro, o mandatário flamenguista conversou com os demais dirigentes.

"Isso foi muito criticado, porque pareceu uma Medida Provisória voltada exclusivamente para o Flamengo, e de fato, tem uma crítica que é procedente, não foi algo discutido naquele momento com todos os clubes. Foi discutido entre o presidente Landim e o presidente Bolsonaro, e daí decorreu a MP. Acontece que, se há uma falha, e de fato há, daquilo não ter passado por discussão entre os clubes, aquela Medida Provisória especificamente, por outro lado, esse era um tema já amplamente tratado entre os presidentes, já era um desejo coletivo de grande parte dos clubes da Série A do futebol brasileiro", afirma Bellintani.

"O presidente Landim já falou para os clubes de forma muito respeitosa, cuidadosa, ligou para todo mundo debatemos isso numa reunião da Comissão Nacional de Clubes, e ele explicou porque não deu tempo, na verdade, de vir à discussão com os clubes e esse tema está superado internamente. Está superado entre os clubes", completa o dirigente.

Bellintani afirma que os clubes não se veem usados pelo Flamengo ao apoiarem a MP enquanto o clube está no meio de uma disputa com a Globo, mas diz que o caso pode ser uma via de mão dupla, de usar a força do clube rubro-negro para conseguir o que era o objetivo dos demais.

"Alguém me perguntou assim 'você não acha que o Bahia e outros clubes podem estar sendo usados pelo Flamengo para apoiar essa Medida Provisória?'. Aí eu fiz a pergunta de volta, 'você não acha que Bahia e outros clubes podem usar o Flamengo para viabilizar essa Medida Provisória?'. É a mesma coisa, o que a gente tem que entender é se aquilo é bom para a gente ou não", conclui.

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