Topo

Edu Coimbra: "Dadá tinha apelo popular e ditadura necessita desses apelos"

Mais Os Canalhas
1 | 25
Siga o UOL Esporte no

Do UOL, em São Paulo

18/06/2020 19h10

Enquanto Zico esteve em três Copas do Mundo e teve a frustração de não conquistar uma Copa do Mundo, seu irmão mais velho Edu Coimbra, que foi ídolo no América-RJ se sente injustiçado por não ter ido ao Mundial de 1970, quando o Brasil conquistou o tricampeonato, e vê a influência da ditadura militar para a sua ausência na lista de convocados pelo então técnico Zagallo.

Em entrevista ao programa Os Canalhas, com os jornalistas João Carlos Albuquerque e Rodrigo Viana, Edu lembra de sua artilharia no Torneio Roberto Gomes Pedrosa, o campeonato nacional, em 1969, e que acabou preterido na disputa com Roberto Miranda e Dadá Maravilha, este com apoio do então presidente do Brasil, o general Emílio Médici, que citava publicamente a sua preferência por Dadá, que tinha popularidade na época, enquanto Edu tinha o irmão Nando Antunes como preso político.

"Eu disputei posição com o Roberto Miranda e com o Dadá Maravilha e uma coisa, eu tinha na minha família preso político, isso aí, você sabe que nós estávamos num regime duro, ditatorial. Infiltração tinha em todas as áreas de militares e o futebol não era uma exceção. Eu não vou chegar até esse ponto de dizer que eu não fui convocado por causa do Médici, mas ele foi sacana comigo, porque ele fez absoluta questão do Dadá Maravilha", conta Edu.

Edu Coimbra conta que o fato de o técnico ser oriundo do Botafogo, o fez perder a posição para Roberto Miranda, que jogava no clube alvinegro, e que Dadá Maravilha era muito ligado à sua família, mas que estava em um momento melhor e o apoio explícito de Médici ao centroavante do Atlético-MG pesou em favor de Dario.

"Meu irmão, chamava minha mãe de segunda mãe, mas naquela ocasião eu estava numa forma muito mais acima que o Dario estava, mas ele tinha o apelo popular e você sabe como é que é, ditadura necessita desses apelos populares, mas eu fico de não ter sido convocado eu fico com a primeira hipótese, de que realmente os treinadores privilegiavam mais os jogadores do Botafogo, por isso que eu perdi minha vaga para o Roberto Miranda, que também era um grande jogador, não teve grandes oportunidades, mas era um grande jogador", completa Edu.

O ex-jogador e técnico que se tornou ídolo do América-RJ também revela a chateação de Zizinho, seu técnico no clube carioca em 1970, por um plágio de Zagallo na criação de uma função dentro de campo que foi exercida por Edu.

"Foi criado no Brasil o número 1 e o Zizinho ficou muito chateado com o Zagallo, que veio com essa história do número 1, eu nem lembro quem foi o número 1 que ele usou, o Zagallo plagiou do Zizinho, porque eu fui o primeiro número 1, o Zizinho foi o primeiro treinador que me trouxe para trás e me botou de camisa 10", conta o irmão mais velho de Zico.

Edu também fala sobre sua passagem como técnico da seleção brasileira, o período em que fez parte do elenco do Flamengo ao mesmo tempo que Zico e das comparações feitas entre ele, Antunes e Zico, os três que foram jogadores profissionais com destaque no futebol.

Os Canalhas: Quando e onde?

O programa Os Canalhas vai ao ar toda semana em duas edições semanais, na terça-feira, às 14h, e na quinta-feira, às 18h, em transmissão ao vivo, ou gravado, disponível na home do UOL ou nos perfis do UOL Esporte no Youtube e no Facebook e Twitter, com os jornalistas João Carlos Albuquerque e Rodrigo Viana entrevistando personalidades importantes do esporte brasileiro. Inscreva-se no canal Os Canalhas no Youtube para conferir mais de João Carlos Albuquerque e Rodrigo Viana.