UOL Esporte Velocidade
 
04/01/2008 - 09h01

Organização confirma cancelamento do Rali Lisboa-Dakar

Das agências internacionais*
Em Paris (França)
RALI X VIOLÊNCIA E TERRORISMO
AFP
Desde sua criação, em 1979, o Rali enfrentou uma série de ameaças. A prova tem 47 mortes registradas em 29 edições, sendo duas delas vítimas diretas de conflitos africanos. Veja as ameaças que o Dakar sofreu desde a sua criação.
AS DUAS VÍTIMAS DE CONFLITOS AFRICANOS NO RALI DAKAR
1991: Charles Cabannes, piloto francês de um caminhão de apoio da equipe Citroen, morreu após ser atingido por um tiro em Mali, na nona etapa. Sua morte parece diretamente ligada ao conflito entre o exército do país e tribos tuaregs. Os autores do crime não foram identificados, mas as duas etapas seguintes foram canceladas.
1996: entre Foum El Hassan e Smara, no Marrocos, Laurent Guîguen morre depois de uma explosão de uma mina colocada pelo exército marroquino. O objeto destrói seu caminhão.
AS EDIÇÕES AMEAÇADAS
1992: a prova que vai de Paris até a Cidade do Cabo é ameaçada por rebeldes chadianos. A sétima etapa, em N'Guigmi-N'Djamena, é cancelada.
1993: a última edição em que o Rali passa pela Argélia se mostra perigosa por ameaças de grupos islâmicos.
1997: duas pessoas morrem depois de um conflito entre tribos tuaregs, no Níger. A organização muda o trajeto da sexta etapa. Ao invés de Gao e Tahoua, ela acaba em Menaka, e a disputa chega a Agadez sem incidentes.
2000: a edição entre Dacar e Cairo sofre ameaça de um atentado terrorista. A organização cancela quatro etapas e suspende a prova por cinco dias em Niamey até que os concorrentes consigam viajar de avião de Níger até a Líbia.
2004: duas etapas são anuladas em n Mali. Os pilotos vão até Bobo-Dioulasso (Burkina Fasso) em comboio.
2007: ameças do GSPC (Grupo Salafista para a Predicação e Combate) braço armado da Al Qaeda em Magreb, obrigam a organização a cancelar duas etapas entre Nima e Tombuctú.
2008: a 30ª edição entre Lisboa e Dacar é cancelada na véspera da largada, pela primeira vez na história do Rali, por causa de ameaças diretas de movimentos terroristas.
O terrorismo venceu a batalha contra o esporte. Nesta sexta-feira, a organização do Rali Lisboa-Dakar confirmou o cancelamento da edição 2008 da prova por falta de segurança no trecho da Mauritânia. A informação foi dada inicialmente pela France-Televisions, uma das patrocinadoras oficiais da disputa.

A recomendação do governo francês sobre a possibilidade de ataques no local, que receberia os pilotos do dia 11 ao 19, motivou a decisão. A competição começaria em Portugal neste sábado.

"Depois de trocar de opiniões com o governo francês - em particular com o ministro do Exterior - e tendo em conta suas firmes recomendações, os organizadores do Dakar tomaram a decisão de anular a edição 2008 do Rali, programada para acontecer do dia 5 a 20 de janeiro entre Lisboa e a capital senegalesa", disse o comunicado oficial da organização.

"Diante da tensão política internacional e das ameaças diretas contra os pilotos, a organização não pode pensar em outra solução razoável do que anular a prova", completou o comunicado.

Esta é a primeira vez em 30 anos de história que o Rali é cancelado. A decisão, que pode colocar em dúvida a continuidade da disputa, foi minimizada pela organização. "A anulação da edição 2008 não tem interferência no futuro do Dakar. O Rali é um símbolo, e nada pode destruir os símbolos. A partir de 2009, teremos uma nova aventura a todos os apaixonados por velocidade."

"É um duro golpe, mas o bom senso prevaleceu", disse Daniel Bilalian, diretor de esportes da "France-Televisions" à emissora de rádio "Europe 1", primeiro órgão a comentar a anulação da prova na manhã desta sexta. "A ameaça na Mauritânia é bem real. Independentemente de fatores como audiência ou dinheiro, não temos como comprometer a vida dos competidores por causa de uma prova."

Na quinta-feira, a França já havia alertado os organizadores contra a realização de etapas na Mauritânia, após quatro turistas franceses terem sido mortos na véspera de Natal no país africano por membros do grupo Al Qaeda. Três dias depois, homens armados mataram três soldados em uma região afastada e pouco povoada ao norte do país, na fronteira com Argélia e Marrocos, no deserto do Saara.

Desde então, a França emitiu um alerta a seus cidadãos para não viajaram à Mauritânia porque "o risco de terrorismo" não pode ser descartado. O governo do país também intensificou as conversas com os organizadores do Rali, que culminaram com o cancelamento.

*atualizada às 10h09

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