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Nas 500 Milhas de Indianápolis, posição no grid não é garantia de sucesso

Fernando Alonso larga em quinto lugar, mas Indy costuma dar chances a quem vem de trás - Thomas J. Russo/USA TODAY Sports/Reuters
Fernando Alonso larga em quinto lugar, mas Indy costuma dar chances a quem vem de trás Imagem: Thomas J. Russo/USA TODAY Sports/Reuters

Emanuel Colombari

Do UOL, em São Paulo

28/05/2017 04h00

Principal atração das 500 Milhas de Indianápolis em 2017, Fernando Alonso largará da quinta posição no grid em busca de uma vitória histórica. O problema é que, estatisticamente, a boa posição no grid não coloca o bicampeão da Fórmula 1 obrigatoriamente mais próximo da vitória.

Como toda prova automobilística de longa duração, as 500 Milhas de Indianápolis costumam premiar pilotos que resistem em ritmo competitivo ao longo de toda a disputa, mas que guardam uma carta na manga para entrar na briga no fim – seja uma estratégia de paradas, seja a sorte mesmo.

Será esta a estratégia vitoriosa em 2017? Os números talvez definam.

O racha e a retomada da Indy

Em 1996, o presidente do circuito de Indianápolis, Tony George, se desentendeu com os dirigentes da então Championship Auto Racing Teams (Cart), entidade que regulamentava desde 1979 a categoria aqui conhecida como Fórmula Indy. Então, criou a Indy Racing League (IRL), um campeonato paralelo só com traçados ovais – inclusive, é claro, a Indy 500.

Embora duas categorias fossem disputadas (ChampCar, da Cart, e a IRL, independente), era comum que pilotos da Cart disputassem as 500 Milhas. Assim, em 2008, a IRL acabou vencendo a queda de braço e aceitou a fusão com a rival, retomando a disputa unificada da hoje IndyCar. Ao longo deste período, e ainda hoje, foi a entidade de Tony Hulman – hoje encabeçada por seu neto, Tony George – que sancionou a mais tradicional prova de monopostos em circuitos ovais.

Neste período, a corrida foi disputada 21 vezes. E o que se viu desde então foi a imprevisibilidade de resultados, uma das marcas da categoria.

Largar bem ajuda? Nem sempre

Nas 21 edições anuais entre 1996 e 2016, o vencedor saiu da pole position apenas em quatro ocasiões: 2004 (Buddy Rice), 2006 (Sam Hornish Jr.), 2008 (Scott Dixon) e 2009 (Hélio Castroneves). Além deles, apenas três ocasiões tiveram vencedores largando da primeira fila: 2000 (Juan Pablo Montoya, segundo na largada), 2007 e 2010 (em ambas, Dario Franchitti levou após largar em terceiro).

Alonso largará da quinta posição – ou seja, da posição central da segunda fila, já que cada fila do grid comporta três pilotos. Nas 21 edições desde 1996, dez pilotos venceram largando nas duas primeiras filas – o último deles, Dan Wheldon, faturou a prova de 2011 após largar em sexto. Ou seja: 47,61% dos vencedores saíram das seis primeiras posições.

Parece muito? Para efeito de comparação, nas 21 edições do Grande Prêmio de Mônaco de Fórmula 1 - prova com conhecidas dificuldades de ultrapassagem para os pilotos - disputadas entre 1996 e 2016, 20 vitórias (95,23%) foram conquistadas por pilotos que largaram nas duas primeiras filas (quatro primeiras posições). A exceção foi a vitória de Olivier Panis em 1996, que largou do 14º lugar com a Ligier na ocasião.

Nas últimas edições da Indy 500, têm se dado bem os pilotos que largaram em posições intermediárias. Em 2016, por exemplo, o norte-americano Alexander Rossi – que, assim como Alonso, fazia sua primeira participação na prova – venceu após largar em 11º. Dois anos anos, Ryan Hunter-Reay cruzou na frente após largar apenas do 19º lugar, a pior posição de largada de um vencedor no período analisado.

Confira as posições no grid dos vencedores das 500 Milhas:

  • 1996: Buddy Lazier (EUA): 5º
  • 1997: Arie Luyendyk (HOL): 1º
  • 1998: Eddie Cheever (EUA): 17º
  • 1999: Kenny Brack (SUE): 8º
  • 2000: Juan Pablo Montoya (COL): 2º
  • 2001: Hélio Castroneves (BRA): 11º
  • 2002: Hélio Castroneves (BRA): 13º
  • 2003: Gil de Ferran (BRA): 10º
  • 2004: Buddy Rice (EUA): 1º
  • 2005: Dan Wheldon (GBR): 16º
  • 2006: Sam Hornish Jr. (EUA): 1º
  • 2007: Dario Franchitti (GBR): 3º
  • 2008: Scott Dixon (NZL): 1º
  • 2009: Hélio Castroneves (BRA): 1º
  • 2010: Dario Franchitti (GBR): 3º
  • 2011: Dan Wheldon (GBR): 6º
  • 2012: Dario Franchitti (GBR): 16º
  • 2013: Tony Kanaan (BRA): 12º
  • 2014: Ryan Hunter-Reay (EUA): 19º
  • 2015: Juan Pablo Montoya (COL): 15º
  • 2016: Alexander Rossi (EUA): 11º

E quem larga em quinto? Vai bem?

Mais uma vez, a Indy é imprevisível.

Em 1996, Buddy Lazier conquistou a prova largando justamente da quinta posição. Entretanto, foi a única vez que isso aconteceu com quem começou a corrida na “posição de Alonso”.

Sem surpresas, não é raro que uma largada no meio da segunda fila ajude o piloto a brigar por posições na frente. Saindo do quinto posto, Scott Goodyear foi segundo em 1997, assim como Gil de Ferran em 2001, Tony Kanaan em 2004 e Carlos Muños em 2016. De quebra, Sam Hornish Jr. foi quarto em 2007 e Tony Kanaan foi quinto em 2006.