Por Lia Abbud SÃO PAULO (Reuters) - A Alemanha que chegou à Copa da Ásia desacreditada em nada lembrava a seleção tricampeã mundial que assustava os adversários e contava com jogadores que carregavam as esperanças dos torcedores fanáticos por futebol do país. Depois de um grande fracasso na Eurocopa de 2000 -- foi eliminada na primeira fase --, a Alemanha ganhou novo técnico. Rudi Voeller, que jogou como atacante em três Copas do Mundo, levantando a taça de campeão em 1990. Ele assumiu a seleção e promoveu mudanças radicais, como a renovação da equipe. Na campanha das eliminatórias, no entanto, a Alemanha foi goleada pela Inglaterra por 5 x 1, em Munique, e só conseguiu a vaga na repescagem européia, vencendo com facilidade a Ucrânia no último jogo por 4 x 1. Já desacreditada rumo à Copa, a Alemanha sofreu mais um golpe. Alguns de seus principais jogadores, como Sebastian Deisler, Christian Woerns, Marco Rehmer, Jens Nowotny e Mehmet Scholl foram cortados pouco antes do início da competição, e Michael Ballack, um dos poucos que restou, não estava 100 por cento em forma àquela época. Mais um exemplo da pouca fé na seleção -- a Associação de Futebol da Alemanha dispensou a cota de ingressos a que tinha direito caso sua seleção se classificasse para a final. Agora, corre atrás do erro. Aqueles que sonhavam que Rudi Voeller poderia conseguir a mesma façanha de Franz Beckenbauer e do brasileiro Zagallo -- de vencer o Mundial como jogador e como treinador -- já não acreditavam mais nessa possibilidade, diante de tantos problemas no percurso. Voeller, no entanto, não estava tão descrente assim. "Nosso objetivo mínimo é chegar às oitavas-de-final e, depois disso, podemos causar algumas surpresas", disse ele em 31 de maio, dia do início da Copa do Mundo de 2002. Dito e feito: a Alemanha não só chegou às oitavas-de-final como surpreendeu ao passar pelas quartas e pela semifinal. E aqueles que não acreditavam que ele poderia vencer um Mundial também como técnico, tiveram que ficar quietos. E conseguiu mais. Oliver Kahn fechou o gol alemão. Sofreu apenas um gol em toda a competição, contra a Irlanda, partida que acabou em 1 x 1. TRAJETÓRIA Logo em sua estréia na Copa, a Alemanha espantou, para bem longe, o fantasma do fracasso, goleando a Arábia Saudita por 8 x 0. Apesar de ter sido um adversário fraco, o resultado serviu para devolver a auto-estima aos jogadores. Na partida seguinte, 1 x 1 com a Irlanda, que empatou nos minutos finais. Camarões, o último adversário da primeira fase, levou dois gols e não marcou nenhum. Na segunda fase, foram jogos sofridos contra Paraguai, Estados Unidos e Coréia do Sul, todos terminando em 1 x 0. A defesa é o ponto forte da seleção. Depois de perder alguns defensores fundamentais devido a contusões, Voeller teve que montar uma nova defesa para a Copa. "Eu corri riscos, mas os jogadores que escolhi fizeram exatamente o que combinamos", disse o técnico depois da vitória sobre a Coréia do Sul na semifinal. E, claro, o grande astro da defesa é o goleiro Oliver Kahn, que está entre os 16 jogadores da seleção da Copa da Fifa e um dos indicados ao prêmio de Melhor Jogador da Copa. "Nós sabíamos que se quiséssemos ir longe nesta Copa do Mundo precisaríamos do fantástico Oliver Kahn." Agora, na disputa final contra o Brasil, todas as esperanças recaem sobre o goleiro. Franz Beckenbauer até brincou com Carlos Alberto Parreira, ex-técnico da seleção brasileira, dizendo que os incríveis atacantes brasileiros Ronaldo, Ronaldinho e Rivaldo teriam problemas com Kahn. Mas Parreira respondeu com humor dizendo que Kahn é que teria problemas com eles. Vale lembrar, no entanto, que Kahn é o único jogador em quem Beckenbauer parece realmente confiar. Até o jogo da semifinal, ele dizia que se não fosse por Kahn, a seleção já estaria em casa há muito tempo.
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