No dia em que o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) realiza a sua maior festa do ano, a entrega do Prêmio Brasil Olímpico, a Organização Desportiva Pan-Americana (Odepa) confirmou quatro casos de doping nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, dois deles envolvendo atletas brasileiros. Além disso, a entidade cassou medalhas conquistadas pelo País.
A Odepa revelou que quatro competidores do Pan tiveram resultado positivo no antidoping: a nadadora Rebeca Gusmão e o pesista Fabrício Mafra, ambos do Brasil, o ciclista Libardo Niño, da Colômbia, e o jogador de beisebol Pedro Wilder Rayo, da Nicarágua.
A entidade que controla o esporte na América confirmou o resultado positivo de testosterona no exame de Rebeca. Assim, a brasileira perdeu as medalhas de ouro nos 50 m e 100 m livres, a de prata no revezamento 4x100 m livre e a de bronze no revezamento 4x100 m medley. A venezuela Arlene Semeco vai herdar os dois ouros nas provas individuais.
"Já era esperado, não tem o que dizer", disse o presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), Coaracy Nunes. Questionado sobre o prejuízo que as medalhas perdidas podem causar na modalidade, o cartola se exaltou. "Não vou falar sobre a Rebeca, não vou mais falar sobre a Rebeca", falou, exasperado.
A contraprova do exame antidoping que apontou positivo para testosterona da nadadora Rebeca Gusmão será aberta nesta terça-feira no Institut Armand Frappier, no Canadá, mesmo laboratório responsável pela primeira amostra.
"Fiz um esforço para ganhar essa medalha. A gente ganharia o bronze de qualquer jeito, mesmo sem a Rebeca. A Flávia [Delaroli] tem um tempo de 50 centésimos acima da Rebeca, o que nos daria o terceiro lugar de qualquer jeito. Não sinto por perder a medalha. Sinto pelo esporte. É uma pena para o esporte", afirmou Fabíola Molina, que conquistou o bronze no revezamento 4 x 100 m medley.
Com o tempo de 4min09s27, a equipe brasileira formada Fabíola, Tatiane Sakemi, Daiane Dias e Rebeca Gusmão ficou atrás de Estados Unidos e Canadá. Quarta colocada, Bahamas bateu mais de nove segundos após o Brasil, com 4min18s97.
A pedido da atleta, que está suspensa preventivamente das competições pela Fina (Federação Internacional de Natação), será feita a análise da amostra B do exame, que data do dia 13 de julho, véspera do início dos Jogos Pan-Americanos.
O médico José Blanco Herrera, especializado na área de doping e representante de Rebeca, acompanhará o procedimento, que durará três dias, até que o resultado seja apresentado.
A testosterona também foi a causa do doping de Mafra. Assim, o brasileiro também perdeu a medalha de bronze conquistada no Pan, na categoria 105 kg do levantamento de peso.
Libardo Niño, que no Pan ganhou a medalha de prata na prova contra o relógio do ciclismo, foi flagrado com o uso de eritropoietina (EPO), enquanto Rayo, medalha de bronze, teve acusado o uso de boldedona.
Segundo a Odepa, foram realizados 1274 exames no Pan, alguns deles fora da competição. "Como resultado deste rigoroso processo, quatro atletas tiveram resultados analíticos adversos, o que constitui uma grave violação do regulamento dos Jogos Pan-Americanos e do Código Mundial Antidoping", disse a entidade em comunicado oficial.
O COB e Co-Rio (Comitê Organizador do Pan) informaram que ainda não receberam nenhum comunicado da Odepa e só devem se pronunciar após o posicionamento oficial da entidade.
* com agências internacionais