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Premiê do Japão pede pausa em eventos esportivos para conter coronavírus

Shinzo Abe (dir.) e ministro da Saúde japonês, Katsunobu Kato (esq.), participam de reunião para conter a disseminação do coronavírus no país - STR/Jiji Press/AFP
Shinzo Abe (dir.) e ministro da Saúde japonês, Katsunobu Kato (esq.), participam de reunião para conter a disseminação do coronavírus no país Imagem: STR/Jiji Press/AFP

Sakura Murakami e Rocky Swift

Em Tóquio (Japão)

26/02/2020 09h48

O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, pediu nesta quarta-feira que todos os eventos esportivos e culturais sejam suspensos ou limitados durante duas semanas, como parte da luta para conter a disseminação do coronavírus em meio aos temores crescentes de que a Olimpíada de Tóquio possa ser cancelada.

O apelo de Abe veio no momento em que a liga de beisebol de Tóquio informou que realizará partidas sem espectadores até 15 de março. Duas empresas do centro da capital japonesa confirmaram infecções um dia depois de o governo orientar as firmas a mandar funcionários trabalharem em casa.

Hokkaido, ilha do norte que tem 38 casos e se tornou a região mais afetada depois de Tóquio, relatou mais uma vítima fatal do vírus, o que eleva o total de mortes do país a 6, incluindo 4 em um navio de cruzeiro. Hokkaido fechará algumas escolas durante alguns dias a partir de quinta-feira.

"Levando em conta que a próxima semana ou duas são extremamente importantes para deter a disseminação da infecção, o governo considera existir um risco grande de transmissão em eventos esportivos e culturais e grandes aglomerações de pessoas", disse Abe no Parlamento.

Até meados da tarde desta quarta-feira, o Japão tinha quase 170 casos do vírus semelhante à gripe, tirando os 691 relatados em um navio de cruzeiro em quarentena no litoral de Tóquio neste mês.

A doença que surgiu na cidade chinesa central de Wuhan no final do ano passado se espalhou rapidamente, infectando cerca de 80 mil pessoas e matando mais de 2.700, a grande maioria na China continental.

O Japão redirecionou sua estratégia para a contenção do contágio na tentativa de desacelerar sua propagação e minimizar o número de mortes.

Mais cedo nesta quarta-feira, a ministra a cargo da Olimpíada tentou apaziguar os temores de que o evento possa ser cancelado.

Dick Pound, membro do Comitê Olímpico Internacional (COI), disse que é mais provável cancelar do que adiar ou transferir os Jogos se a ameaça do vírus forçar uma mudança de calendário, relatou a agência de notícias Associated Press, e que uma decisão será necessária até maio.

"O COI está se preparando para os Jogos de Tóquio tal como programado", disse a ministra Seiko Hashimoto no Parlamento ao ser indagada sobre o comentário de Pound. "Continuaremos nossos preparativos para que o COI possa tomar decisões sensatas".

Na semana passada, Tóquio adiou o treinamento de voluntários olímpicos.