Topo

Barradas em estádios, torcedoras do Irã recorrem a cafés e shoppings

Mulheres assistem a partida de futebol pelo telão no Irã - Reprodução/Iran Human Rights
Mulheres assistem a partida de futebol pelo telão no Irã Imagem: Reprodução/Iran Human Rights

17/09/2019 16h36

Por Tuqa Khalid

Em dias de partida, as jovens torcedoras de futebol do Irã lotam os cafés e shoppings centers de Teerã, com a bandeira iraniana pintada nos rostos e vibrando de entusiasmo, para acompanhar a seleção em telões ao lado dos torcedores masculinos.

As iranianas foram proibidas de frequentar partidas de futebol masculino nos estádios do país depois da Revolução Islâmica de 1979, mas isso não acabou com sua determinação de desfrutar do esporte.

Há tempos as torcedoras fazem campanha para poderem assistir o futebol masculino, e um número limitado de mulheres teve acesso aos estádios em algumas ocasiões.

A morte de uma torcedora que ateou fogo em si mesma neste mês para protestar por ter sido presa por assistir a uma partida atraiu a atenção de todo o mundo para a exclusão feminina. O Irã também está sendo pressionado pela Fifa a mudar sua postura.

Acompanhando um jogo em um café movimentado, a torcedora iraniana Somayyeh Rajabpour disse que "assistir assim é mais emocionante".

Outra delas, Mahsa Alipour, disse que "todas as pessoas adoram. Elas adoram futebol. Para mim pessoalmente, embora eu possa não entender muito de futebol, estou muito empolgada com os jogos".

O chefe de gabinete do presidente iraniano, Hassan Rouhani, disse na semana passada que as mulheres terão permissão para entrar nos estádios se a linguagem vulgar dos cânticos e a violência esporádica forem contidas.

"Não vemos problema de as mulheres comparecerem se o ambiente nos estádios for conveniente, mas com tanta linguagem vulgar entre torcedores e violência não é aconselhável", disse Mahmoud Vaezi à TV estatal.

O porta-voz do governo, Ali Rabiei, disse em uma coletiva de imprensa: "Acreditamos que as mulheres podem entrar nos estádios, mas tenho certeza que vocês concordam que uma porção da sociedade está preocupada com sua presença."