Expansão da Copa do Mundo pode criar risco para operários, dizem grupos humanitários
Por Eric Knecht
DOHA (Reuters) - O empenho da Fifa para ampliar a Copa do Mundo de 2022 e realizar jogos também fora do Catar cria riscos, como o de os países-sede não obedecerem os padrões de direitos e de trabalho da própria entidade de futebol, disseram grupos de ativistas nesta terça-feira.
A Fifa debaterá expandir o torneio de 32 para 48 times em uma reunião de seu conselho nesta semana – um formato que provavelmente exigirá a disputa de partidas em Estados vizinhos do Golfo Pérsico, como Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Barein, Kuwait ou Omã.
"Existem riscos de direitos humanos claros associados ao acréscimo de novas sedes para a Copa do Mundo de 2022", disse Stephen Cockburn, vice-diretor de Assuntos Globais da Anistia Internacional.
"Um dos maiores é a disseminação em potencial da exploração de trabalhadores imigrantes que trabalham em construções e outros serviços para a Copa do Mundo, que poderia lançar uma grande sombra sobre o maior evento esportivo do mundo".
Nos últimos anos o Catar se tornou alvo de grupos de direitos humanos que dizem que seu sistema de patrocínio para trabalhadores limita a capacidade destes de deixar o país, mudar de emprego e receber salários, tornando-os vulneráveis a abusos.
Doha se diz comprometida com reformas e adotou medidas como a adoção de um salário mínimo, o fim da exigência de permissões para a maioria dos operários saírem do país e a criação de conselhos de arbitragem para ouvir as queixas dos trabalhadores.
Em carta ao chefe da Fifa, Gianni Infantino, Anistia Internacional, Human Rights Watch e Congresso Internacional dos Sindicatos Comerciais disseram que a Fifa precisa garantir que qualquer sede adicional cumpra os padrões de direitos adotados pela entidade em 2017 e prometa reformas semelhantes.
(Reportagem adicional de Ahmed Haggagy)
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