Bicampeonato mundial ainda desperta sentimentos contraditórios em Pepe
FUT-COPA-PEPE-CONTRADICOES:Bicampeonato mundial ainda desperta sentimentos contraditórios em Pepe
Por Andrew Downie
SANTOS (Reuters) - Conquistar a Copa do Mundo é o auge absoluto para a maioria dos jogadores de futebol, mas alcançar este feito não uma, mas duas vezes, ainda gera sentimentos contraditórios no ex-ponta Pepe. O motivo? Ele não entrou em campo.
"Deixa uma pontinha de mágoa, né? Não ter podido participar contra minha vontade, porque eu gostaria de ter jogado. Mas faz parte", disse Pepe, um dos três homens a ter duas medalhas de campeão mundial sem ter disputado um jogo sequer, e o único ainda vivo, à Reuters.
"Na seleção eu não fui muito feliz. Me machuquei exatamente nas duas Copas, 1958 na Suécia e 1962 no Chile. Tive lesões seríssimas de não conseguir me recuperar", afirmou.
"Essa tristeza e depois alegria de ser campeão, que eu fiz parte de um grupo forte, vencedor. Me considero bicampeão mundial, mesmo com todas esse problemas."
Pepe, apelido de José Macia, era a escolha titular para a ponta-esquerda do Brasil antes da Copa de 1958.
Ele estava em boa forma, marcando gols, mas machucou o tornozelo na última partida de preparação para o Mundial, contra a Inter de Milão, e foi substituído por Zagallo.
Zagallo não era uma ameaça tão grande no ataque, mas se adaptava mais em recuar defensivamente e jogou bem pela seleção, que na época tinha Pelé com 17 anos e conquistou sua primeira Copa.
Pepe retomou a titularidade após o Mundial, e estava a caminho de entrar na equipe que defenderia o título quatro mais tarde no Chile.
No entanto, a tragédia voltou a atingi-lo. Na última partida preparatória, contra o País de Gales, Pepe saiu de campo mancando e foi obrigado a assistir do lado de fora quando o Brasil conquistava o bicampeonato em Santiago.
Agora com 83 anos, ele ainda mora em Santos e é adorado na cidade que abriga o clube pelo qual marcou 405 gols, menos somente do que Pelé.
Ele conquistou duas vezes a Copa Libertadores, o Mundial de Clubes também duas vezes e representou o Brasil por 41 vezes, marcando 22 gols.
Quando se aposentou dos gramados, Pepe tornou-se treinador e chegou a comandar um certo Pep Guardiola no Al Ahli, da Arábia Saudita.
Mais de meio século depois de sua dupla frustração em Mundiais, as pessoas ainda o perguntam sobre sua dúbia proeza.
E a cada quatro anos, esses questionamentos aumentam.
"Não incomoda estar sempre sendo lembrado, requisitado para entrevista", garantiu.
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