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Maradona completa 60 anos como técnico, ativista político e sendo solidário

29/10/2020 13h47

Sebastián Meresman, Buenos Aires, 29 out (EFE).- Diego Armando Maradona, um dos maiores jogadores de futebol de todos os tempos, completa 60 anos nesta sexta-feira (30) após últimos 12 meses agitados, em que salvou o Gimnasia La Plata do rebaixamento no Campeonato Argentino, chegou a pedir demissão por dois dias, apoiou Nicolás Maduro, Evo Morales e Alberto Fernández e participou de inúmeros atos solidários.

Dois dias antes de celebrar o aniversário, 'El Pibe' ainda teve a surpresa negativa de precisar se isolar voluntariamente, depois que um segurança dele apresentou sintomas da Covid-19. Recentemente, o ídolo argentino perdeu um cunhado, de 77 anos, vítima da doença provocada pelo novo coronavírus.

Desde o início da pandemia, o ex-camisa 10 tem sido cauteloso. Por recomendação médica, inclusive, Maradona chegou a se afastar de diversos treinos do Gimnasia La Plata, devido o perigo de ser infectado, já que é considerado do grupo mais suscetível ao agravamento da Covid-19.

"Ele tem muitos fatores: excesso de peso, hipertensão, foi recentemente operado e está no limite dos 60 anos", explicou Pablo Del Compare, um dos médicos do ídolo.

No início de outubro, Maradona já havia sido submetido a um teste de detecção para o novo coronavírus, que deu negativo, após ter estado em contato com o atacante Leandro Contín, do Gimnasia La Plata, que havia apresentado resultado positivo.

PERSONAGEM POLÍTICO.

No último ano antes de virar "sessentão", Maradona marcou firmes posições políticas em meio ao acirramento ideológico, especialmente nas redes sociais. Em novembro de 2019, afirmou "que se fez justiça" com a libertação de Luiz Inácio Lula da Silva, que estava preso na sede da Polícia Federal de Curitiba.

Dias depois, lamentou "o golpe de Estado orquestrado na Bolívia", que forçou a renúncia do então presidente Evo Morales. Em janeiro deste ano, passou alguns dias na Venezuela, para dar "apoio político" ao chefe de governo local, Nicolás Maduro.

Semanas atrás, Maradona atacou o presidente da Argentina entre 2015 e 2019, Mauricio Macri, garantindo que o político "arruinou a vida" das próximas gerações de argentinos. Ao mesmo tempo, o lendário camisa 10 pediu voto de confiança a Alberto Fernández e a vice dele, Cristina Kirchner.

"Peço ao povo apoie este governo. Que façam isso de casa, nas redes sociais. Porque, esteve governo não é de Alberto e Cristina. É de todos", afirmou.

TRABALHO ÁRDUO.

Em junho, Maradona entrou em acordo para seguir técnico do Gimnasia La Plata, clube que salvou do rebaixamento quando a temporada foi dada por encerrada e todas as quedas e acessos foram anulados, por causa da pandemia da Covid-19.

"Meu coração é azul e branco. Vamos em busca de mais", escreveu o ex-jogador nas redes sociais, após entrar em acordo com o clube.

A renovação foi comemorada pelos torcedores do Gimnasia, que chegaram a fazer uma manifestação para cobrar à diretoria pela permanência de Maradona no comando técnico.

Antes, em dezembro, 'El Pibe' chegou a renunciar das funções, por causa da decisão do então presidente do clube, Gabriel Pellegrino, de não se candidatar à reeleição. O dirigente voltou atrás, venceu o pleito e Maradona seguiu.

O primeiro ano da passagem do ídolo pelo Gimnasia também foi marcante pelas homenagens recebidas em diversos jogos do Campeonato Argentino, quando a equipe de La Plata visitava adversários ao longo da competição. Diversas vezes, momentos de exaltação ao antigo camisa 10 viralizaram nas redes sociais.

EMOÇÃO POR 86.

Em julho, quando foram completados 34 anos da magica exibição contra a Inglaterra, pelas quartas de final da Copa do Mundo de 1986, conquistada pela seleção argentina no México, Maradona revelou que continua a se emocionar sempre que revê as imagens.

"Fui capitão de um time que entregou a alma para vencer. Todos jogamos, todos demos tudo", disse o astro.

'PIBE' SOLIDÁRIO.

Nesta sexta-feira, dia do aniversário de Maradona, será iniciada na Argentina uma campanha organizada pela Cruz Vermelha do país, com o título de "As 10 do 10", com a doação de camisas autografadas, alimentos e obras de infraestrutura para dez cidades.

Em agosto deste ano, o astro doou mil camisas para crianças torcedores do Gimnasia La Plata, como parte de uma ação do clube pelo Dia da Criança argentino.

Além disso, Maradona participou de uma iniciativa da Conmebol pela pandemia da Covid-19, denominada "Juntos pela América do Sul", em que cedeu uma réplica autografada da camisa que utilizou na Copa do Mundo de 1986.

Além disso, durante a crise sanitária, o lendário ex-jogador colaborou com vários restaurantes populares em bairros pobres.

BRIGAS COM ÍDOLOS.

Em dezembro do ano passado, Maradona criticou duramente o ex-comandado Juan Román Riquelme, com quem brigou em 2009, depois que o antigo meia do Boca Juniors se recusou a defender a seleção argentina então treinada por 'El Pibe'.

"Não sabe nada de política, tem zero de gestão. E, ainda por cima, apoia o pior presidente da história do clube", disse, em referência a Mauricio Macri, pouco antes do pleito que elegeu Jorge Amor Ameal como mandatário do Boca em chapa que tinha Riquelme como vice.

Além disso, teve discussões com o presidente do Estudiantes de La Plata, Juan Sebastián Verón, que também comandou na seleção argentina. O clube dirigido por 'La Brujita' é o principal rival do Gimnasia de Maradona.

ESTADO DE SAÚDE.

Algumas vezes ao longo dos últimos 12 meses a situação de saúde do astro causou preocupação. O ápice foi um relato da filha do astro, Gianna.

"Vocês se lembram que havia um zoológico em que podia tirar fotos com um leão gigante. O tinham dopado, senão, era impossível domar a fera. Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência. Rezem por ele", escreveu.

"Tem ansiolíticos receitados faz tempo. Medicamentos que continuamos, porque alguns não podem ser retirados. O corpo tem uma tolerância, e retirá-los de forma drástica pode comprometer. Em alguns momentos, ele tem excessos com álcool. É um paciente difícil, como sabem", afirmou um dos médicos de Maradona, Leopoldo Luque.

Neste ano, 'El Pibe' aproveitou a pandemia da Covid-19, e a consequente paralisação dos jogos do Campeonato Argentino, para se reabilitar de uma lesão no joelho direito. O astro perdeu peso, após um plano rígido de exercícios montado pela equipe que o atende.