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"Doutores do gelo" já estão no Everest para auxiliar alpinistas

11/03/2019 09h52

Sangam Prasai.

Katmandu, 11 mar (EFE).- Os "doutores do gelo", uma equipe de sherpas altamente treinada, chegaram ao Everest para preparar a rota de subida ao pico mais alto do mundo, que neste ano deve receber um grande número de alpinistas pelo lado do Nepal, já que a China reduziu seu acesso devido ao acúmulo de lixo deixado pelos praticantes da atividade.

Enquanto alpinistas de todo o mundo começam a chegar a Katmandu para realizar o sonho de atingir o cume da montanha de 8.848 metros de altitude, os oito especialistas escolhidos para a façanha se preparam para realizar uma "puxa", a cerimônia tradicional para pedir aos deuses proteção durante a "aventura".

Kapindra Rai, porta-voz do Comitê Sagarmatha para o Controle da Poluição, nomeado pelo Governo como encarregado dos "doutores do gelo" na região do Everest, explicou à Agência Efe que os sherpas montarão acampamento no Campo Base (5.334 metros) e abrirão o caminho até o Campo II (6.400 metros).

Nesse trecho, instalarão cordas e escadas de alumínio para o uso dos alpinistas.

A partir do Campo II até a cume, o trabalho ficará a cargo dos operadores das expedições.

Os intrépidos especialistas - Ang Kami Sherpa, Ang Sarki Sherpa, Mingma Temba Sherpa, Dawa Jangbu Sherpa, Dawa Nuru Sherpa, Pasang Tshering Sherpa, Nima Ongchu Sherpa e Ngawang Paljor Sherpa - permanecerão no Campo Base durante três meses para preparar a rota Khumbu ao Everest, Lhotse (8.516 m) e Nuptse (7.861).

Os candidatos a chegar ao pico mais alto do mundo costumam começar a dar entrada em suas permissões em meados de março e até final de abril, mas a temporada só começa oficialmente em meados de maio.

E neste ano é esperado que o número de alpinistas supere o de anos anteriores.

As autoridades chinesas reduziram em um terço o número de pessoas que poderão subir a partir do seu lado, em uma iniciativa para limpar a região, severamente castigada pelo lixo deixado para trás pelos alpinistas.

Estima-se que só serão permitidas a subida de cerca de 300 pessoas.

Além disso, desde este ano não são permitidos visitantes no Campo Base do lado chinês, que será aberto apenas para aqueles que têm permissão de escalada.

Por isso, o ex-presidente da Associação de Montanhismo do Nepal Ang Tshring Sherpa se mostra otimista que o número de alpinistas do lado nepalês dispare na temporada que começa na primavera.

"Este é, além disso, o último ano em que os montanhistas que tiveram suas permissões para subir o Everest canceladas em 2014 podem utilizar essa extensão da permissão", disse à Efe, em referência à morte de 16 sherpas naquele ano em uma avalanche perto do Campo Base.

Após a tragédia daquele 18 de abril, as equipes de resgate recuperaram os corpos de 13 das vítimas, enquanto os demais não foram encontrados devido à periculosidade da operação.

O Governo estendeu então até 2019 as permissões de subida ao Everest daqueles que foram obrigados a deixar a missão após o incidente, que afetou 334 montanhistas estrangeiros.

De novo, em abril de 2015, o terremoto que atingiu o país tirou a vida de 19 alpinistas, sherpas e ajudantes no Campo Base e na geleira Khumbu, por isso que na primavera de 2015 ninguém pôde tentar chegar ao alto do monte.

Segundo dados oficiais, no ano passado as autoridades emitiram 855 permissões, 514 deles para guias, dando um impulso a um setor que proporciona anualmente receita de cerca US$ 3,5 milhões só no Everest, já que é cobrado cerca de US$ 11 mil por montanhista estrangeiro.

Um recorde de 563 pessoas - 302 delas sherpas - conseguiram chegar aos 8.848 metros em 2018.

A montanha mais alta do mundo deve seu nome a George Everest, o geógrafo britânico que liderou as primeiras medições do monte em meados do século XIX, embora seu cume só tenha sido alcançado pela primeira vez um século depois, pelo neozelandês Edmund Hillary e o sherpa Tensing Norgay.

Desde a façanha em 1953, mais de 5,8 mil pessoas puseram o pé no "teto do mundo". EFE