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Hungria extraditará para Portugal hacker que vazou dados para Football Leaks

05/03/2019 12h49

Budapeste, 5 mar (EFE).- Um tribunal de Budapeste autorizou nesta terça-feira a extradição de Rui Pinto, o hacker português que vazou documentos à plataforma Football Leaks que originaram processos por evasão fiscal contra vários jogadores famosos.

Pinto foi detido em meados de janeiro em Budapeste devido a uma ordem de detenção europeia na qual era acusado de cometer "crimes realizados com instrumentos informáticos". Segundo informou o tribunal encarregado do caso, Pinto recorreu contra a decisão.

Ao se declarar no tribunal nesta terça-feira, Pinto pediu para não ser extraditado e garantiu que as autoridades de Portugal querem que "aconteça" algo com ele: "É questão de vida e morte", afirmou, segundo o portal "Index.hu".

O hacker foi acusado de tentativa de extorsão a empresas e clubes de futebol, assim como de roubo de dados estatais e de outras instituições.

Segundo a ordem de detenção, Pinto estaria envolvido com o vazamento de informações da Football Leaks, que busca revelar atividades ilegais em federações de futebol, afirma o tribunal.

Após a detenção em Budapeste no dia 16 de janeiro, as autoridades portuguesas pediram a extradição de Pinto, sob a acusação de também ter hackeado centenas de sites e obtido gravações de milhares de conversas por telefone.

Um dos casos que mais repercutiram foi a divulgação dos detalhes de um acordo extrajudicial entre a modelo Kathryn Mayorga e Cristiano Ronaldo sobre um suposto caso de estupro.

O advogado de Pinto, William Bourdon que também defende Edward Snowden, admitiu no mês passado que o seu cliente é o hacker, que operava com o pseudônimo "John", que obteve 70 milhões de documentos.

Em entrevista à revista alemã "Der Spiegel", o advogado admitiu que Pinto cumpre os requisitos para que o Tribunal Europeu de Direitos Humanos o considere um difusor de segredos de interesse público, já que graças às revelações da Football Leaks "os cofres públicos de muitos Estados europeus" arrecadaram "muitos milhões de euro".

Bourdon alertou que se a Hungria extraditar Pinto, existe o "risco" de que muitos promotores e inspetores da Fazenda percam "a possibilidade de analisar todos os documentos e usar Pinto como testemunha".

O diretor da Unidade de Combate do Crime Eletrônico da Polícia Judiciária portuguesa, Carlos Cabreiro, explicou que alguns dos crimes pelos quais Pinto é acusado - como extorsão, acesso ilegal a informação e violação de sigilo - podem acarretar penas de até dez anos de prisão. EFE