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Rakitski é excluído da seleção da Ucrânia após transferência para clube russo

04/02/2019 17h40

Kiev, 4 fev (EFE).- A Federação de Futebol da Ucrânia (FFU) anunciou nesta segunda-feira que o zagueiro Yaroslav Rakitski, que foi contratado pelo Zenit São Petersburgo na semana passada, será excluído da seleção ucraniana.

Rakitski foi retirado da lista de 31 jogadores que atuam no exterior no site da federação ucraniana, mas a entidade não informou se a exclusão do jogador é provisória e definitiva.

O técnico da seleção, Andriy Shevchenko, não fez nenhum comentário sobre o caso, mas a imprensa já tinha revelado que o Rakitski nunca mais vestiria a camisa da Ucrânia após a negociação devido aos conflitos políticos entre o país e os russos.

Por outro lado, o técnico da seleção sub-20, Ruslan Rotan, avaliou que futebol e política estão "extremamente ligados" na Ucrânia. "Agora, Rakitski sabe que será difícil ser convocado para a seleção, mas acredito que ele entende os motivos disso", afirmou.

O capitão do Karpaty, Artiom Fedetski, que jogou com Rakitski na seleção, criticou o ex-companheiro e considerou que a hipótese de jogar por uma equipe russa é "inadmissível".

"Aconteça o que acontecer, você deve respeitar seu povo, terra e pátria. Não tenho palavras. É uma grande responsabilidade, já que a convocação de Rakitski provocará críticas. Creio que será muito difícil para Shevchenko", analisou o jogador.

O assunto ganhou manchetes na imprensa local, especialmente pelo fato de a Ucrânia viver atualmente um grande sentimento anti-Rússia, estimulado pelas campanhas dos candidatos à presidência do país. O pleito será realizado no próximo dia 31 de março.

"Como pode um jogador que cantou o hino ucraniano, defendeu as cores da Ucrânia, posar com gesto de satisfação com uma camisa na qual está escrita a palavra Rússia?", questionou Dmitri Gordon, um famoso jornalista russo, em um programa de televisão da Ucrânia.

Logo depois do anúncio da transferência pelo Zenit, alguns veículos de imprensa exigiram que Rakitski, que já atuou em 54 oportunidades com a camisa da seleção, nunca mais seja convocado. E eles lembravam que o zagueiro nunca cantava o hino da Ucrânia.

Alguns jornalistas, por outro lado, lembravam que o reforço do Zenit é o melhor zagueiro da Ucrânia e que a polêmica política só prejudicará a seleção.

Um dos poucos que saiu em defesa de Rakitski foi Oleg Salenko, que, apesar de ser filho de pai ucraniano e atuar pelo Dínamo de Kiev, optou por defender a seleção da Rússia.

"Já começaram as manobras políticas. Considero que a palavra final é do técnico, mas Shevchenko está calado por enquanto. E a federação é capaz de muito mais, As eleições presidenciais estão aí. Há muito barulho", afirmou o ex-jogador.

Salenko prevê que Rakitski não disputará as Eliminatórias para a Eurocopa de 2020, pelo menos não as primeiras partidas.

"Não convém para a federação convocá-lo. Não gosto disso. O jogador deve ser julgado exclusivamente por suas qualidades futebolísticas. Por que o condenam: Ele fez sua escolha de ir para outro país. Não importa que seja Inglaterra, Espanha ou outro", acrescentou Salenko.

Ao explicar porque tomou a decisão de jogar pelo Zenit, Rakitski disse que o técnico do clube russo, Mircea Lucescu, o telefonou e garantiu que a equipe é de grande nível.

Além disso, o assistente do treinador romeno, o ucraniano Anatoli Timoschuk, também trocou o Shakhtar Donestk pelo Zenit enquanto jogador e influenciou Rakitski a seguir o mesmo caminho. EFE