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Boca Juniors e River Plate colocarão em campo rivalidade de 105 anos

08/11/2018 19h43

Fernando Czyz.

Buenos Aires, 8 nov (EFE).- A história de Boca Juniors e River Plate, que começarão a decidir neste sábado a Taça Libertadores, parece costurada por um mesmo fio condutor e, passados 105 anos desde o primeiro duelo oficial entre eles, ficou ainda mais intensa e celebrada por muitos como a maior rivalidade do futebol mundial.

Curiosamente, os dois times, hoje separados pelos cerca de 15 quilômetros entre os estádios La Bombonera e Monumental de Núñez, nasceram no mesmo bairro de Buenos Aires, La Boca, junto ao rio Riachuelo, que desemboca no Rio da Prata.

Os dois arquirrivais passaram os primeiros anos de atividade perto da região portuária da cidade, ponto de chegada da maior parte de imigrantes que desembarcaram na capital no início do século XX, muitos deles de origem italiana.

O primeiro a ser fundado foi o River Plate, em 25 de maio de 1901, após a fusão de dois clubes amadores, o Santa Rosa e o La Rosales. O nome veio, justamente, da tradução para o inglês do Rio da Prata. O primeiro presidente foi Leopoldo Bard.

Desde os primórdios, o clube adotou a cor branca, com uma faixa diagonal vermelha, da esquerda para a direita, que o faz ser reconhecido mundialmente.

O Boca Juniors, por sua vez, foi fundado em 3 de abril de 1905 por um grupo de seis adolescentes, integrantes de uma equipe informal chamada Independencia Sud, em um banco de praça do bairro de La Boca. Esteban Baglietto foi o primeiro presidente.

Reza a lenda que o azul e amarelo foram escolhidos por causa da bandeira do navio Drottning Sophia, proveniente da Suécia, o primeiro a ser avistado pelos fundadores no porto local.

Historiadores argentinos apontam que o primeiro jogo aconteceu em 2 de agosto de 1908, no então modesto estádio do Boca, na Isla Demarchi. Os anfitriões levaram a melhor em partida amistosa por 2 a 1, graças a dois gols de Rafael Pratts.

O primeiro duelo oficial é que ficou marcado como o começo da rivalidade. Em 24 de agosto de 1913, pelo Campeonato Argentino, os arquirrivais duelaram no antigo estádio do Racing, em Avellaneda. O River levou a melhor por 2 a 1, marcando com Cándido García e Antonio Ameal Pereyra. Marcos Mayer descontou.

O primeiro estádio do time branco e vermelho ficava próximo do rio Dársena Sur. Depois disso, a nova casa passou a ser localizada no bairro de Sarandí, até, em 1914, retornar para La Boca.

Sem conseguir renovar o contrato de aluguel, o River mudou-se para o central bairro de Palermo, um dos mais nobres da capital argentina. Em 1935, aconteceu a transferência definitiva para o Estádio Monumental Antonio Vespucio Liberti, que ganhou o apelido de Monumental de Núñez, em referência ao bairro onde está localizado.

O Boca Juniors foi bem menos peregrino que o antigo vizinho, com apenas uma mudança para o bairro de Wilde, em 1914. Depois, voltou para La Boca, em 1924. Em 25 de maio de 1940, atuou pela primeira vez na mítica La Bombonera.

Durante a era amadora, foram dez encontros, com quatro vitórias do River, três do Boca e três empates. De 1919 a 1927, ainda antes do profissionalismo, os arquirrivais ficaram separados, em ligas diferentes.

O reencontro aconteceu em 4 de dezembro de 1927, com vitória azul e amarela por 1 a 0, graças a um gol marcado por Roberto Cherro. No ano seguinte, veio a maior goleada da história do confronto, do Boca por 6 a 0, na Bombonera. O clássico acabou sete minutos antes do fim, já que o River perdeu três jogadores por lesão.

O primeiro encontro no profissionalismo terminou de forma ainda mais polêmica, suspenso aos 25 do primeiro tempo pelo árbitro Enrique Escola devido a reclamações dos jogadores dos 'Millonarios'.

Na história, os arquirrivais fizeram duas finais, a primeira apenas em 1976, no Campeonato Argentino, na qual o Boca venceu por 1 a 0, no estádio Cilindro de Avellaneda, com gol do meia e capitão Rubén Suñé.

Em março de 2018, os clubes se reencontaram na decisão da Supercopa Argentina, no estádio Malvinas Argentinas, em Córdoba. O River deu o troco e ganhou por 2 a 0. O meia Pity Martínez e o atacante Ignacio Scocco balançaram a rede.

O último duelo pela Libertadores, em 2015, deixou a rivalidade ainda mais latente, já que terminou com a exclusão do Boca do torneio, devido ao lançamento de gás de pimenta por parte de torcedores do clube dentro do túnel de acesso de jogadores do River ao campo.

Neste sábado, a Bombonera será palco do primeiro encontro pela decisão do maior torneio do continente. Duas semanas depois, no dia 24, haverá o reencontro, no Monumental de Núñez.