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Ídolo da Iugoslávia de 90 hoje é treinador na China e discípulo de Wenger

17/06/2018 06h28

Miguel Ángel Moreno.

São Petersburgo, 17 jun (EFE).- O sérvio Dragan Stojkovic, habilidoso meia que em 1990 conduziu a Iugoslávia até as quartas de final da Copa do Mund, atualmente treina os brasileiros Junior Urso e Renatinho no Guangzhou R&F, da primeira divisão chinesa, e se tornou discípulo do francês Arsene Wenger.

Stojkovic, nascido na cidade de Nis em 1965, se tornou ídolo do Estrela Vermelha no final dos anos 80 e é considera a "quinta estrela" do clube, junto a outros grandes nomes do futebol do extinto país, Rajko Mitic, Dragoslav Sekularac, Dragan Dzajic e Vladimir Petrovic.

'Piksi', como era conhecido no seu país, chegou à Copa de 1990 com a calibre de grande jogador e um contrato assinado pelo Olympique de Marselha que era um recorde econômico para a época no futebol francês.

O 'Maradona do Leste' demonstraria ao mundo a sua capacidade ao Cruzar com a Espanha, liderada por Emilio Butragueño, nas oitavas de final. O ex-meia abriu o placar, aos 27 minutos do segundo tempo, e nos acréscimo, aos 47, depois que Julio Salinas já havia empatado, marcou o segundo e colocou os iugoslavos entre os oito melhores daquele Mundial.

A Iugoslávia foi eliminada pela Argentina nas quartas de final, nos pênaltis, com um erro seu logo na primeira cobrança, mas Stojkovic já tinha ganhado outro apelido, o de 'Platini Iugoslavo', dado pela imprensa espanhola.

Contudo, não se deu bem na chegada à Marselha devido a uma lesão de joelho no início da temporada. Na volta aos gramados, tornou-se coadjuvante e entrou apenas na prorrogação da final da Copa da Europa (atual Liga dos Campeões), em que o Olympique perdeu nos pênaltis justamente para o Estrela Vermelha.

Recuperado e anunciado como arma secreta do Olympique contra os seus ex-companheiros, entrou em campo a sete minutos do apito final. Nas penalidades, pediu para não ser escalado pelo técnico Raymond Goethals. "Se, como iugoslavo, chuto para fora, as pessoas de Marselha me matam ainda no gramado. E se acerto, não posso voltar para o meu país", justificou Stojkovic depois.

A carreira como jogador então entrou em uma descendente. O ex-meia foi emprestado ao Verona, pelo qual foi rebaixado no Campeonato Italiano, voltou ao Olympique sem muito espaço e depois se transferiu para o Nagoya Grampus, no qual foi dirigido pelo técnico Arsene Wenger.

Os dois trabalharam juntos no Japão por dois anos, até Wenger ser contratado pelo Arsenal. O treinador até fez um convite para que o iugoslavo o acompanhasse, mas estre preferiu se manter no Nagoya, pelo qual se aposentou em 2001.

Embora estivesse "escondido" no futebol japonês, Stojkovic foi convocado pela Iugoslávia tanto para a Copa de 1998, em que alcançou as oitavas de final, e para a Eurocopa do 2000, com queda nas quartas. Nos dois casos, a algoz foi a Holanda.

Foi presidente da Federação Iugoslava de Futebol pouco depois de pendurar as chuteiras, depois, da Federação de Sérvia e Montenegro, à frente da qual esteve até 2005.

No mesmo ano, assumiu a presidência do Estrela Vermelha, à frente do qual permaneceu por pouco mais de dois anos. Não ficou por mais tempo devido a críticas em vendas de jogadores e por dizer não querer tratar com a máfia.

Em janeiro de 2008, iniciou a sua carreira como treinador no Nagoya Grampus, pelo qual foi campeão japonês em 2010. Permaneceu no clube até 2013, e dois anos depois assumiu o Guangzhou R&F, no qual está desde então.

Como técnico, Stojkovic não escondeu o tributo a Wenger, a quem considera uma inspiração e com quem discute futebol quando visita Londres. Inclusive o próprio Wenger chegou a apontá-lo, em 2011, como seu possível substituto no Arsenal em entrevista ao jornal sérvio "Vecernje Novosti".