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Alexandre Guimarães diz que atual Costa Rica pode ser insuperável no país

15/06/2018 12h35

São Petersburgo, 15 jun (EFE).- O brasileiro Alexandre Guimarães, ídolo do futebol da Costa Rica, afirmou em entrevista à Agência Efe nesta sexta-feira que será difícil superar a atual geração do futebol do país centro-americano caso o time consiga chegar às oitavas de final desta Copa do Mundo.

Nascido em Alagoas e naturalizado costarriquenho, Guimarães defendeu os 'Ticos' na Copa de 1990, a primeira do país, conseguindo uma honrosa vaga nas oitavas. Ele também dirigiu a equipe local nos Mundiais de 2002 e 2006.

Mas foi na edição passada que ele viu o filho Celso Borges integrar a equipe que conquistou o melhor resultado para a Costa Rica: uma classificação para as quartas de final no Brasil, eliminando Inglaterra e Itália na primeira fase e só caindo para a Holanda nos pênaltis. Segundo o treinador do Mumbai City, da Índia, será muito difícil o país conseguir uma geração melhor caso esta consiga passar novamente da primeira fase.

Alexandre Guimarães está na Rússia, comandando uma expedição familiar para acompanhar o filho, que atualmente defende o Deportivo La Coruña, e conversou com a Efe sobre a expectativa para a seleção do seu país, que enfrenta Sérvia, Brasil e Suíça no grupo E.



Agência Efe: Como vê a Costa Rica para esta Copa do Mundo?

Alexandre Guimarães: Acho que chega com duas visões diferentes: existe uma incerteza, resultado dos últimos amistosos (duas derrotas, para a Inglaterra por 2 a 0 e para a Bélgica por 4 a 1), mas para os que estão dentro do futebol, com experiência e o exemplo do Mundial de 2014, isso não é novidade.

O que interessa é quando começa o torneio, e a Costa Rica tem um grupo experimentado, que sabe o que é ir bem no torneio. Essa é a principal arma.



Efe: Como você analisa a primeira partida contra a Sérvia, uma equipe jovem, com qualidade e bom jogo aéreo?

AG: A escolha dos defensores da Costa Rica foi pensando nisso, sabendo que a Sérvia tem esta virtude de jogo. O talento individual por si pode ditar o ritmo do jogo. Tenho certeza que a Costa Rica possui elementos para enfrentar a Sérvia.



Efe: Não ganhar da Sérvia complicaria muito a classificação para as oitavas?

AG: Não. Eu acho que mesmo empatando a Costa Rica se manteria viva, estaria na briga. Acho que será um jogo muito amarrado, tático, que ninguém se abrirá muito. Quando existe uma seleção tão forte como o Brasil no seu grupo, todo mundo sabe que as suas maiores chances de classificar dependem de pontuar contra os outros dois rivais.



Efe: E o que a Costa Rica pode fazer contra o Brasil, um dos favoritos ao título?

AG: Não será complicado só para a Costa Rica, mas para qualquer seleção. O Brasil tem um ritmo de jogo impressionante, com sintonia entre defesa e ataque. Mas sabemos o que representa jogar contra o Brasil, o jogador sempre se motiva muito.



Efe: Keylor Navas será tão determinante quanto o foi no Brasil em 2014?

AG: Penso que sim. Quando um jogador alcança esse nível, com confiança alta, os companheiros se sentem amparados, mais protegidos. Está claro que ele é elemento vital para que a Costa Rica tenha chance de avançar.

Também tem jogadores emblemáticos, como Bryan (Ruiz), Celso (Borges), Giancarlo (González) e (Joel) Campbell, a grande incógnita do time, que jogou pouco nesta temporada (pelo Betis).



Efe: Como você avalia seu filho, Celso Borges, após uma temporada complicada, de rebaixamento com o Deportivo La Coruña na Espanha?

AG: Ele está no auge, com vontade de jogar a sua segunda Copa, ser parte de uma equipe vencedora. A sua situação no clube fica de lado para se focar na Copa. Ele ganhou merecidamente a posição de liderança na seleção e sabe que o melhor está por vir.



Efe: Você viveu Copas do Mundo como jogador e treinador. Como foi atuar na Itália?

AG: Em 90 foi, não só para mim, mas para todos os meus companheiros, conhecer um novo mundo, um mundo que até então só víamos pela televisão. O que mais lembro foi constatar que a Costa Rica tinha futebol e jogadores para ser competitiva.

Para mim foi inesquecível por enfrentar o Brasil, o meu país natal, acho que isso nunca tinha acontecido em um Mundial, e, principalmente, por dar a assistência para o gol que nos classificou para a segunda fase. Isso fica para toda a vida.



Efe: E o que se lembra como treinador na Coreia do Sul e Japão e na Alemanha?

AG: É uma vivência diferente como técnico. Sobretudo a de 2002, representou conseguir o respeito para a Costa Rica, apesar da eliminação na primeira fase por causa de um gol. Foi uma satisfação muito grande para mim.

Em 2006, me marcou muito jogar a abertura de uma Copa do Mundo (perdeu para a Alemanha por 4 a 2). Conseguimos manter a mesma filosofia iniciada quatro anos antes.

Por fim, me tocou como pai, em 2014, ter um filho também envolvido neste ambiente. Foi uma sensação completa.



Efe: Qual é a meta da Costa Rica para esta Copa?

AG: Se a Costa Rica chegar às oitavas, esta geração dificilmente seria superada por outras futuras. Seria incrível para o futebol local.

Mas o objetivo também é ter uma postura competitiva, independente se for defensiva ou ofensiva. A Costa Rica ganhou muito respeito em Mundiais. Estou seguro de que os jogadores vão tudo para manter esta imagem.