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Messi busca título inédito para se consolidar no Olimpo do futebol

08/06/2018 21h08

Redação Central, 8 jun (EFE).- Lionel Messi chega à Rússia em plena maturidade, comprometido com o posto de líder da Argentina dentro de campo e sedento pela conquista de um título capaz de ampliar o debate sobre quem é o melhor jogador de futebol de todos os tempos.

A discussão sobre quem é o autêntico rei do futebol mundial ao longo dos tempos sempre existirá, mas nem a condição de campeão mundial tornaria Messi unanimidade: Diego Maradona levantou a taça em 1986, e Pelé é o único da história a ter dado três vezes a volta olímpica no torneio.

Em meio às comparações, a demora em cair nas graças da torcida argentina e falta de um troféu com a seleção pesam contra o jogador do Barcelona, que, no entanto, jogo a jogo vem se mostrando imprescindível para a 'Albiceleste'.

Na Rússia, o foco novamente estará em Messi, eleito o melhor jogador da Copa de 2014, em decisão contestada até pelo próprio craque, derrotado pela Alemanha na decisão no Maracanã.

Não foi o Mundial que o camisa 10 argentino esperava. Também não foi o dos sonhos para Cristiano Ronaldo, com quem o jogador do Barça também é sempre comparado. O astro do Real Madrid deu adeus ainda na fase de grupos com Portugal, em uma chave na qual avançaram a própria Alemanha e os Estados Unidos.

A diferença no âmbito de seleções é que Cristiano já tem uma grande conquista, a Eurocopa de 2016, em que liderou os lusitanos até a decisão. No jogo que valeu o título, contra a França, o camisa 7 se machucou ainda no primeiro tempo e não pôde ser protagonista.

No Brasil, o talento do meia James Rodríguez, artilheiro da Copa, foi destacado. E dos alemães Thomas Müller, Toni Kroos e Mario Götze, autor do gol que deu o título a 'Mannschaft'. Entretanto, Götze passou por problemas físicos e de saúde desde então, ficando fora da convocação para a Rússia.

Nada será diferente neste Mundial que se aproxima. Atletas já consagrados brilharão, e outros atingirão o topo. A Copa do Mundo tem desde a sua primeira edição, em 1930, o poder de referendar o rótulo de craque ou mesmo lançar outros jogadores ao estrelato.

No Uruguai, há 88 anos, destacou-se o artilheiro argentino Guillermo Stábile. Quatro anos depois quem fez o próprio nome foi o italiano Angelo Schiavio, autor do gol do título da anfitriã 'Azzurra' na final contra a Tchecoslováquia.

Depois disso, apesar de não terem levantado a taça, os que ganharam projeção foram brasileiros. Leônidas da Silva brilhou na França, em 1938. Ademir Menezes foi o craque de 1950, embora, com seus gols, não tenha conseguido evitar o 'Maracanazo'.

A Copa de 1954, na Suíça, confirmou o talento do húngaro Ferenc Puskás. Após ter balançado a rede três vezes em dois jogos na fase de grupos, o ex-jogador do Real Madrid, que hoje dá nome ao prêmio da Fifa de gol mais bonito da temporada, voltou apenas na final e marcou mais uma vez, mas teve de se contentar com o vice. O título ficou com a Alemanha.

A primeira conquista do Brasil aconteceu em 1958, dando início a uma época dourada. Na Suécia, surgiu Pelé, campeão mais jovem da história, com direito a um golaço na final, em que deu um lençol no defensor antes de chutar de primeira.

Pelé marcou três gols nas semifinais, contra a França, e ofuscou outra estrela daquele Mundial, Just Fontaine, que balançou as redes 13 vezes em estádio suecos, até hoje um recorde para uma só edição do torneio.

O camisa 10 da seleção brasileira também participou da campanha vitoriosa de 1962, no Chile, mas enfrentou problemas de lesão. Com isso, quem assumiu a liderança técnica do escrete canarinho e o conduziu ao bicampeonato foi Garrincha.

Então estreante em Copas, Portugal ficou em quarto lugar em 1966, na Inglaterra. O grande responsável por isso foi Eusebio, que inclusive deixou o Brasil de Pelé pelo caminho na fase de grupos. O 'Pantera Negra' ainda foi artilheiro da competição, na qual também destacou Bobby Moore, único inglês a levantar a taça em toda a história.

Em 1970, a seleção brasileira chegou ao México com um elenco invejável. Pelé já era Pelé e teve a companhia de Carlos Alberto Torres, Rivelino, Gérson, Tostão e Jairzinho, único jogador de todos os tempos a marcar gols em todos os jogos de uma edição de Mundial.

Apesar do feito, o 'Furacão da Copa' não foi o artilheiro, e sim Gerd Müller, com dez bolas na rede. O atacante surgiu junto com o zagueiro Franz Beckenbauer, ajudando a Alemanha a avançar até as semifinais.

Promissora em 1970, a geração alemã tornou-se realidade quatro anos depois, jogando em casa. Uma equipe talentosa, com Beckenbauer no auge, superou o carrossel holandês de Johan Cruyff.

O chamado "futebol total" da 'Laranja Mecânica' foi amplamente reconhecido. Cruyff se tornou um líder universal, e até hoje se discute se o melhor daquele mundial foi ele ou Beckenbauer. No meio deles, apareceu também Grzegorz Lato, maior goleador do torneio e que conduziu a Polônia a um inédito terceiro lugar.

A Holanda voltou à decisão em 1978, e mais uma vez contra a dona da casa, desta vez a Argentina. Agora sem Cruyff, sucumbiu a Mario Alberto Kempes, artilheiro do Mundial, com seis gols, dois deles na final, decidida na prorrogação.

Talvez o grande herdeiro de Cruyff e Beckenbauer tenha sido Diego Maradona, que ficou fora em 1978 por escolha do técnico César Menotti carregou a 'Albiceleste' rumo ao bi em 1986, no México.

Do Mundial de quatro anos depois, em 1982, na Espanha, são muitas as lembranças. O time brasileiro de Zico, Falcão e Sócrates, o francês Michel Platini, tido como melhor jogador europeu da época, e o italiano Paolo Rossi, carrasco da seleção brasileira e artilheiro do torneio.

Maradona explodiu fazendo gols de todas as maneiras. Os mais lembrados são os marcados contra a Inglaterra, em plena lembrança da Guerra das Malvinas. Um com a chamada "mão de Deus" e outro recordado como um dos mais bonitos de toda a história, no qual ele percorreu cerca de 70 metros costurando a defesa adversária.

'El Pibe' levou a Argentina à final novamente em 1990, na Itália, contra vez contra a Alemanha, liderada por Matthäus, em uma Copa sem grandes destaques individuais. A grande lembrança é de Roger Milla, que conduziu Camarões às quartas de final, feito inédito para uma seleção africana até então e repetido apenas em 2010 por Gana.

A queda de Maradona aconteceu em 1994, nos Estados Unidos, onde testou positivo para doping. A estrela então foi Romário, grande nome do time de operários do técnico Carlos Alberto Parreira que obteve o tetra para o Brasil.

A seleção brasileira manteve o nível em 1998, agora com Ronaldo, mas quem levou a melhor foi a dona da casa. No caminho da equipe dirigida por Zagallo estava Zinedine Zidane, autor de dois gols na vitória dos 'Bleus' por 3 a 0 na decisão.

Após uma sequência de lesões no joelho, que o afastaram dos gramados por dois anos, Ronaldo teve sua redenção na Copa do Mundo da Coreia do Sul e do Japão. Marcou oito gols e, ao lado de Rivaldo, Roberto Carlos, e de um emergente Ronaldinho Gaúcho, transformou o Brasil no primeiro e até agora único pentacampeão.

Na Alemanha, em 2006, o badalado quadrado mágico de Kaká, Ronaldinho, Adriano e Ronaldo morreu nas quartas de final para a França, que foi à decisão pela segunda vez na história. A Itália superou os 'Bleus' nos pênaltis em uma partida marcada pela cabeçada de Zidane em Marco Materazzi durante a prorrogação. 'Zizou' encerrava a carreira de jogador pela porta dos fundos.

Quatro anos depois, havia a expectativa pelo duelo entre Cristiano Ronaldo e Lionel Messi, mas o primeiro caiu nas oitavas de final enfrentando a Espanha, e o segundo foi goleado pela Alemanha por 4 a 0 nas quartas.

Brilhou então a geração espanhola de Iker Casillas, Carles Puyol, Xavi Hernández e, principalmente, Andrés Iniesta, que balançou a rede na prorrogação da final contra a Holanda.

James Rodríguez foi o artilheiro do Mundial de 2014, mas parou nas quartas, e Messi, eleito o melhor do torneio, ficou com o vice. Na campeã Alemanha, se destacaram o goleiro Manuel Neuer, terceiro melhor do mundo nesse ano, e Thomas Müller, que se consolidou após já ter sido importante quatro anos antes, quando a 'Mannschaft' ficou em terceiro. O jogador do Bayern de Munique marcou cinco gols em cada Copa.