Jogo da 2ª divisão do Francês reacende tensão com ilha da Córsega
Paris, 24 mai (EFE).- O duelo entre Ajaccio e Le Havre, pelo mini-torneio de promoção da segunda divisão do Campeonato Francês, disputado no último domingo, serviu para acirrar as fortes tensões políticas entre a França continental e a ilha da Córsega, governada por nacionalistas.
O jogo, disputado no estádio François Coty, em Ajaccio, e que terminou com vitória dos donos da casa nos pênaltis, trouxe à tona a conturbada relação do país com a região administrativa, que, geograficamente, está mais próxima da Itália.
Do lado do Le Havre, houve acusação de racismo, enquanto no time anfitrião, se apontou existência de discurso de "ódio" contra a Córsega, que encontrou respaldo no governo regional, que é liderado por coalização entre autonomistas e independentistas.
O primeiro-ministro da França, Edouard Philippe, que foi prefeito de Le Havre entre 2010 e 2017, também entrou na "partida", dizendo-se impactado pela "violência e brutalidade" mostrada contra os jogadores da equipe do norte da França.
Nesta quarta-feira, dois dos principais jornais do país, "Le Monde" e "Libération", também apresentaram debate sobre o que aconteceu na partida do fim de semana, que decidiu o rival do Toulouse, antepenúltimo da primeira divisão, em playoff para definir o último time na próxima edição da elite do Campeonato Francês.
As publicações apresentam, em colunas de opinião, as consequências do reacendimento das tensões, a partir da realização do jogo decisivo, que deveria ter acontecido na sexta-feira, mas foi adiado por causa de ataque dos torcedores do Ajaccio ao ônibus que levava os jogadores do Le Havre ao estádio.
O "Le Monde", por sua vez, foi mais firme contra o governo da Córsega, acusando a administração regional de "vitimismo", por desconsiderarem as ofensas xenofóbicas, feitas contra os jogadores da equipe visitante, que foram chamados de "franceses de merda".
Na ilha, o jogo também acirrou ânimos, inclusive, com o líder do Executivo regional, Gilles Simeoni, vindo a público para denunciar o que classificou como "um clima de histeria anti-córsega", que estaria sendo fomentada pelo alto escalão da administração nacional.
O independentista Jean-Guy Talamoni, presidente da Assembleia Legislativa, garantiu que levará ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos a "onda racista" contra os habitantes da Córsega, que teria sido iniciada após a disputa da partida.
Nos últimos meses, o governo de Emmanuel Macron e a administração da ilha passaram por diversos períodos de tensão, desde a vitória dos nacionalistas nas eleições regionais, em dezembro do ano passado, pela não concessão de autonomia tributária e no idioma, que foi solicitada.
As relações entre a gestão central e a regional, historicamente, são consideradas delicadas. Nos anos 90, a Frente de Libertação Nacional da Córsega se tornou um dos inimigos do Estado, ao assumir ter cometido diversos atentados.
A região administrativa, célebre por ser o lugar de nascimento de Napoleão Bonaparte, conta com apenas 325 mil habitantes e tem renda per capita inferior à média da França.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.