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Juventus luta para afastar seu nome da máfia italiana

Alessandro Di Marco/ANSA via AP
Imagem: Alessandro Di Marco/ANSA via AP

31/03/2017 08h01

Roma, 31 mar (EFE).- A Juventus se viu envolvida recentemente em processo da Procuradoria da Federação de Futebol italiana (FIGC) por supostos contatos com integrantes da máfia e está lutando, em meio a polêmicas, para afastar seu nome desses vínculos.

O presidente do clube de Turim, Andrea Agnelli, foi acusado de manter contatos com alguns torcedores pertencentes à 'Ndrangheta, da Calabria. No entanto, fontes próximas ao caso confirmaram nesta quinta-feira à Agência Efe que os dirigentes não sabiam dessas relações.

A Procuradoria de Turim fechou em novembro uma investigação que envolvia Agnelli, o diretor comercial do Barcelona, Francesco Calvo, o responsável de segurança da Juve, Alessandro D'Angelo, e o antigo diretor da bilheteria da 'Velha Senhora' Stefano Merulla.

Segundo as acusações, os clãs mafiosos, que faziam parte supostamente da 'Ndrangheta, estavam infiltrados nas arquibancadas do estádio e recebiam ingressos da Juve para revendê-las por um preço superior.

Os dirigentes da Juve entraram no caso em condição de testemunhas. No entanto, a situação se agravou no último dia 18, quando a Procuradoria da FIGC notificou uma denúncia contra o mandatário da agremiação e os outros dois diretores citados.

Foi Agnelli quem informou sobre a notificação, ao convocar uma entrevista coletiva extraordinária no centro de treinamentos na comuna de Vinovo para, segundo ele, defender a própria posição e o bom nome do clube mais vencedor da Itália.

O presidente da Juventus tachou de "inaceitáveis" as acusações e se mostrou incomodado pelo que considerou "constantes tentativas de afetar" a credibilidade do clube que ele representa, algo que foi reiterado por fontes ligadas ao caso.

Essas fontes admitem que houve erros na quantidade de ingressos que eram repartidos entre os torcedores - o certo seria cada um receber no máximo quatro bilhetes - e que há disposição para assumir as responsabilidades por isso, mas negam de forma taxativa as demais regularidades.

Elas também confirmam que o presidente se reuniu periodicamente com várias categorias de torcedores, entre eles os ultras, mas destacam que nenhum integrante da agremiação conhecia seus vínculos com a máfia.

Na tentativa de afastar o nome da Juve da ilegalidade, Agnelli também aceitou colaborar com a Comissão Antimáfia italiana para que a investigação seja fechada com eficácia.

O principal ponto da investigação da comissão é a suposta relação do mandatário da 'Velha Senhora' com o chefe de uma torcida organizada, Rocco Dominello, que faria parte da 'Ndrangheta'.

O advogado do clube de Turim Luigi Chiappero negou recentemente esses contatos em depoimento à presidente do organismo antimáfia, Rosy Bindi, embora as investigações tenham tirado dados que vão de encontro a essa tese.

O presidente da Juve estará em breve diante da Comissão Antimáfia e dará sua versão dos fatos com o objetivo de preservar seu cargo. Caso sejam confirmadas as acusações, ele poderia ser obrigado a deixar o posto de dirigente máximo da Juventus.

As acusações da Promotoria federal geraram polêmicas na Itália e até foram comparadas com os processos do denominado Calciopoli, quando o clube foi punido com o rebaixamento e os 'scudetos' de 2005 e 2006 por corromper os árbitros.

No entanto, o clube 'bianconero' rejeitou com força essas comparações e lembrou que o Calciopoli teve consequências penais, enquanto neste caso a Juventus só esteve envolvido como testemunha.

Após o escândalo de 2006, a nova diretoria trabalhou para limpar a marca da 'Velha Senhora' dos espectros da corrupção e está enfrentando uma briga para afastar seu nome do crime organizado.

Ainda falta muito para que o processo seja encerrado, e não está claro que direção a sentença poderá tomar, mas a Juventus confia que será declarada inocente em outra controversa página da história do futebol italiano.