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Murray e Kerber desbancam Djokovic e Serena; Brasil volta a ir bem nas duplas

24/12/2016 07h00

Douglas Rocha.

Redação Central, 24 dez (EFE).- Após um período de amplo domínio no circuito, o sérvio Novak Djokovic e a americana Serena Williams foram desbancados respectivamente pelo britânico Andy Murray e a alemã Angelique Kerber, que terminaram o ano como líderes de seus rankings, enquanto nas duplas Bruno Soares e Marcelo Melo tiveram mais uma temporada para ser comemorada.

Número 1 do mundo desde julho de 2014, quando conquistou o título de Wimbledon, Djokovic começou 2016 de maneira arrasadora. Conquistou quatro dos cinco títulos que disputou, o ATP 250 de Doha, o Aberto da Austrália e os Masters 1000 de Indian Wells e de Miami. A única derrota sofrida até o começo de abril foi nas quartas de final do ATP 500 de Dubai, por desistência devido a um problema no olho.

Perdeu também logo na estreia do Masters 1000 de Monte Carlo, em que o campeão foi o espanhol Rafael Nadal, mas depois, em três finais seguidas venceu o Masters 1000 de Madri, foi vice do de Roma e enfim obteve o tão sonhado troféu de Roland Garros, o último que faltava para que 'Nole' fechasse o chamado 'career slam'.

A partir de então, contudo, o sérvio caiu de rendimento, obteve apenas mais um título, do Masters 1000 de Toronto, e foi ofuscado pela ascensão de Murray.

Até Roland Garros, o britânico faturou apenas um caneco, em Roma. Depois disso, deslanchou, com oito títulos em dez torneios, os bicampeonatos de Wimbledon e dos Jogos Olímpicos, este em uma final memorável contra o argentino Juan Martín del Potro, e as Finais da ATP pela primeira vez. Além disso, foi vice do Masters 1000 de Cincinatti, em que perdeu para o croata Marin Cilic, e caiu nas quartas do US Open diante do japonês Kei Nishikori.

O circuito masculino teve ainda a consolidação do próprio Nishikori, quinto melhor da temporada e bronze no Rio de Janeiro, e de Milos Raonic, número 3 do mundo atualmente. O canadense foi a uma final de Grand Slam pela primeira vez neste ano, em Wimbledon.

Além disso, o suíço Stan Wawrinka, quarto colocado do ranking da ATP, se mostrou o melhor entre os "mortais", ou seja, os que não fazem parte do chamado 'Bir Four', ao vencer um Slam pela terceira vez na carreira, agora no US Open.

Roger Federer e Rafael Nadal, por outro lado, não tiveram um grande ano. O suíço encerrou a temporada precocemente ainda em junho devido a problemas físicos e pela primeira vez desde 2000 fechou o ano sem um título sequer.

Nadal, por sua vez, teve altos e baixos. O ápice foi o Masters 1000 de Monte Carlo, o que o colocou com um dos favoritos ao título de Roland Garros, que seria o décimo da carreira no saibro parisiense, mas um problema no punho o fez abandonar precocemente. O último brilho aconteceu nos Jogos do Rio, onde foi quarto colocado em simples e campeão de duplas ao lado de Marc López.

Quem mereceu um parágrafo à parte foi Del Potro, que permaneceu fora do circuito por quase dois anos devido a uma série de problemas no punho e voltou com tudo a partir de março. Foi prata no Rio, obteve em Estocolmo o primeiro título desde o do ATP 250 de Sydney de 2014 e ainda conduziu a Argentina a uma conquista inédita na Copa Davis, batendo a Croácia no confronto decisivo.

Entre os brasileiros, Thomaz Bellucci voltou a ser o melhor do país. Seu melhor resultado em uma competição foi o vice do ATP 250 de Quito, mas também teve "15 minutos de fama" ao aplicar um pneu sobre Djokovic nas oitavas em Roma e ao ganhar o primeiro set contra Nadal no torneio olímpico. Em ambos os casos, acabou derrotado de virada.

"Neste ano, tive muitos altos e baixos. Um 6-0 no número 1 e depois tive uma sequência de torneios não tão bons, mas acontece na carreira do tenista. Estamos sempre brigando para que isso não aconteça, para conseguir uma sequência de vitórias e se manter no topo o tempo inteiro, mas é difícil. O circuito é muito difícil", analisou Bellucci há duas semanas em entrevista durante o evento de apresentação do Rio Open de 2017.

Já Thiago Monteiro ganhou projeção ao eliminar o francês Jo-Wilfried Tsonga, então top-10, na estreia no Rio Open. Depois, ainda bateu o espanhol Nicolás Almagro no Brasil Open, em São Paulo. Com um título de Challenger, em Aix-en-Provence (França), e dois vices, em Lyon e Santos, fechou o ano em 82º lugar no ranking, segundo melhor entre os tenistas do país, a 21 posições de Bellucci.

Mas os resultados mais expressivos do país vieram nas duplas. Bruno Soares e Marcelo Melo pararam nas quartas pela segunda edição seguida dos Jogos Olímpicos, mas mesmo assim tiveram o que comemorar.

Bruno iniciou uma parceria com Jamie Murray, irmão de Andy. O objetivo dos dois era enfim vencerem um Grand Slam, mas foram além, faturando dois: Aberto da Austrália e US Open. Foram campeões também do ATP 250 de Sydney, o que os permitiu fechar o ano como melhor dupla do circuito. O brasileiro ainda ficou em terceiro no ranking individualizado.

Além disso, nas duplas mistas, Bruno faturou o troféu do Aberto da Austrália ao lado da russa Elena Vesnina. Este foi o quinto título de duplas mistas em Grand Slams para tenistas brasileiros. O mineiro já havia sido campeão do US Open em 2012 e 2014, respectivamente em parcerias com Ekaterina Makarova e Sania Mirza. Em 1960, Maria Esther Bueno sagrou-se campeã em Roland Garros, onde Thomaz Koch repetiria o feito em 1975.

Marcelo Melo, por sua vez, iniciou o ano como número 1 do mundo e fechou com número 8. Ainda assim, levou o troféu dos Masters 1000 de Toronto e de Cincinatti, ambos ao lado do croata Ivan Dodig, agora seu ex-parceiro, e do ATP 500 de Viena com o polonês Lukasz Kubot, seu companheiro para 2017.

No circuito da WTA, a antiga rainha absoluta, Serena Williams, também foi destronada. Neste ano, a americana foi campeã "apenas" duas vezes, no WTA Premier de Roma e em Wimbledon, o que a deixou como vice-líder do ranking.

Quem se lançou ao topo foi Kerber, vencedora de dois Grand Slams, no Aberto da Austrália e no US Open, além de ter ficado com o caneco em Stuttgart. Ainda foi vice dos Jogos do Rio, em que Monica Puig obteve o primeiro ouro olímpico da história de Porto Rico, enquanto a tcheca Petra Kvitova foi bronze, e das Finais da WTA, em que foi derrubada pela eslovaca Dominika Cibulkova.

Na Fed Cup, a República Tcheca foi campeã pela terceira vez consecutiva, a quinta nos últimos seis anos. Já na Copa Hopman, com times mistos, quem levou a melhor foi a Austrália, com o "bad boy" Nick Kyrgios e Daria Gavrilova.

A nota triste do ano no tênis feminino foi o ataque sofrido por Petra Kvitova em 20 de dezembro. Ela teve a mão esquerda - a que usa para jogar - esfaqueada durante um assalto que sofreu no apartamento em que vive na cidade de Prostejov, na República Tcheca.

A tenista tcheca passou por uma cirurgia complexa, na qual os médicos repararam os danos nos tendões dos cinco dedos, além de dois nervos. No entanto, segundo sua assessora, Katie Spellman, os médicos se mostraram otimistas quanto às chances de ela voltar a jogar tênis.

Para o Brasil, o ano não foi dos melhores no circuito da WTA dentro de quadra. O país não tem uma representante sequer entre as 100 melhores, já que a número 1 nacional, Paula Gonçalves, é a 167ª colocada do ranking, cinco posições à frente de Bia Haddad.

Teliana Pereira, que começou 2016 como número 43 do mundo, e hoje está fora inclusive do top 200, apenas na 207ª colocação. A pernambucana foi a representante da casa na Olimpíada, mas foi eliminada na estreia em simples e nas quartas de final de duplas mistas, ao lado de Marcelo Melo.