Título dos Cavs, punição e fiasco olímpico do Brasil marcam 2016 no basquete
Lucas de Vitta.
Rio de Janeiro, 22 dez (EFE). - Um ano que poderia ter sido de redenção para o basquete brasileiro com a disputa dos Jogos do Rio de Janeiro terminou em um grande fiasco olímpico e com a suspensão do país de competições internacionais graças à gestão caótica da Confederação Brasileira de Basquete (CBB), enquanto os Estados Unidos mantiveram a hegemonia da modalidade com a conquista de novos ouros, mesmo sem a presença do astro LeBron James que, enfim, levou o Cleveland Cavaliers ao título inédito da NBA.
Eliminadas na primeira fase do torneio olímpico, as equipes masculina e feminina de basquete do Brasil decepcionaram, apesar das esperanças criadas sobre o desempenho de ambas na competição, especialmente sobre os comandados de Rubén Magnano, que entraram em quadra com a missão de conquistar a primeira medalha dos homens do país na modalidade desde 1964, em Tóquio, e saíram de mãos abanando.
O que se viu em quadra foi um time muitas vezes apático, que falhou em momentos decisivos e que carece de renovação. O primeiro golpe foi sofrido antes mesmo de a bola subir pela primeira vez na Arena Carioca 1, palco do basquete masculino olímpico, após o corte por lesão de Anderson Varejão. Os demais atletas convocados da NBA, secundários em seus times, tiveram uma participação discreta. A exceção foi Nenê, que mesmo pouco acionado no esquema defensivo de Magnano, conseguiu se destacar e ser um ponto positivo do time.
A estreia sonolenta contra a Lituânia já dava sinais de que o Brasil teria dificuldades em chegar à segunda fase da competição se não jogasse no máximo. Depois de chegar a perder por 29 pontos, os donos da casa sonharam com a vitória, mas acabaram derrotas. O tropeço pareceu acordar o time, que fez na sequência a melhor partida no Rio de Janeiro, contra a Espanha, em uma vitória decidida no último lance com um tapinha de Marquinhos no fim, mas era só.
Na sequência, os erros voltaram a aparecer, e o Brasil acabou derrotado pela Croácia. Depois, contra a Argentina, o time de Magnano entrou pressionado e precisava de um triunfo para evitar uma eliminação precoce. Empurrado pela torcida, os anfitriões fizeram uma grande partida e tiveram a vitória nas mãos, mas deixaram os rivais históricos empatarem no fim e levarem o jogo para a prorrogação. A história se repetiu no tempo extra. Na segunda prorrogação, porém, os argentinos levaram a melhor e ficaram com a vitória.
Para encerrar a participação, os meninos do Brasil até venceram a Nigéria, mas já não havia mais chances de classificação, e assim fecharam na nona posição entre os 12 participantes.
No feminino, o desempenho foi ainda pior. As brasileiras sequer venceram no torneio olímpico. A melhor partida foi diante da Bielorrússia, quando as donas da casa foram derrotadas por apenas dois pontos, 65 a 63. O único outro país a deixar a competição sem triunfos foi o Senegal, na outra chave.
Fora erros dos técnicos e dos jogadores em quadra, os desempenhos decepcionantes são também justificados pela total desorganização da CBB. Depois dos Jogos, em novembro, a Federação Internacional de Basquete (Fiba) decidiu suspender o Brasil de todos os torneios internacionais porque a entidade não cumpriu as obrigações dos estatutos da entidade.
Entre as falhas citadas, a Fiba ressalta as dívidas da CBB, avaliadas em cerca de R$ 10 milhões, mesmo com os vários períodos de carência concedidos. Além disso, mesmo com o ciclo olímpico, o Brasil deixou de participar de alguns torneios continentais de jovens e adultos. Antes da suspensão, uma a criação de uma força-tarefa para tentar arrumar a casa, sem resultado.
A suspensão tem efeitos práticos sobre quem tem trabalhado direito dentro do país. Flamengo, campeão do Novo Basquete Brasil, e Bauru, segundo colocado, que tinham vagas na Liga das Américas de 2017, foram impedidos de jogar.
Os times brasileiros têm dominado a competição, apesar de em 2016 o título ter ficado com uma equipe da Venezuela. Bauru, Flamengo e Mogi das Cruzes chegaram à semifinal, mas quem levou a melhor na grande decisão contra o próprio Bauru foi o Guaros de Lara. Já o Brasília, quarto representante do país na Liga das Américas, terminou com a sexta posição.
No outro principal torneio do continente, a Liga Sul-Americana, o Mogi se recuperou do terceiro lugar na Liga das Américas e conquistou o título de forma invicta. Na grande decisão, o time paulista bateu o Bahía, da Argentina, vencendo os três jogos da série. O último deles ocorreu na cidade de Bahía Blanca, no início de dezembro, com vitória por 84 a 81, com destaque para a atuação do americano Tyrone, do Mogi, cestinha do jogo com 23 pontos, além de nove rebotes.
Assim como Flamengo e Bauru, o Mogi é outro prejudicado pela suspensão da CBB e não irá disputar a Liga das Américas do próximo ano.
Enquanto o Brasil vive um dos piores momentos no basquete, os Estados Unidos usaram a passagem pelo Rio de Janeiro para consolidar a hegemonia na modalidade, mesmo sem a presença dos principais astros da NBA nos Jogos Olímpicos.
Sem Lebron James, Stephen Curry e Kevin Durant, entre outros, coube ao já veterano Carmelo Anthony a responsabilidade de comandar a equipe masculina norte-americana à conquista da 15ª medalha de ouro, a terceira obtida pelo ala-armador do New York Knicks em quatro edições de Jogos Olímpicos que disputou.
Apesar de alguns sustos na fase de grupos, quando quase chegou a perder para a Sérvia e para a França, os EUA tiraram o pé do freio na reta decisiva e não mais deram chances para os adversários. A grande final, por exemplo, contra os próprios sérvios, foi um massacre: 96 a 66. Na disputa pelo terceiro lugar, a Espanha levou a melhor sobre a Austrália e ficou com o bronze.
Entre as mulheres, o domínio norte-americano também se manteve. A última derrota das meninas dos EUA em torneios olímpicos ocorreu em Barcelona 1992, uma marca que se manteve no Rio de Janeiro. Sem dificuldades para chegar até a final, o time comandado por Diana Taurasi, Tamika Catchings e Sue Bird atropelou a Espanha, com vitória por 101 a 70, para conquistar o sexto ouro consecutivo.
A ausência de LeBron no Rio de Janeiro foi justificada: o astro queria descansar. Um descanso mais do que merecido, já que o ala-armador, enfim, levou o Cleveland Cavaliers ao título inédito da NBA, derrotando na grande final o Golden State Warriors, de Curry, após estar perdendo a série decisiva por 3 a 1 e virar para 4 a 3, um feito nunca antes feito na história da liga norte-americana de basquete.
A atuação da estrela dos Cavs foi mais do que decisiva para o triunfo. Na reedição da final da temporada 2014-2015, vencida pelos Warriors, LeBron entrou decidido a se vingar e terminou com médias de 29,7 pontos, 8,9 assistências e 11,3 rebotes, os melhores números já obtidos por um atleta na decisão. O prêmio de MVP das Finais, é claro, não tinha outro dono, apesar da grande atuação do armador Kyrie Irving nos momentos em que LeBron precisava de auxílio para definir as jogadas.
Além da revanche, o título teve um gosto ainda mais especial para os Cavs. Os atletas de Cleveland não só bateram os principais rivais da liga na decisão, mas venceram também o time recordista de vitórias na temporada regular. Curry e seus companheiros obtiveram a vaga nos playoffs com incríveis 73 vitórias e apenas nove derrotas, superando o recorde estabelecido pelo Chicago Bulls de Michael Jordan em 1995-1996.
No outro principal torneio de basquete mundial, a Euroliga, o CSKA Moscou conquistou o sétimo título ao vencer o Fenerbahce, da Turquia, por 101 a 96, na prorrogação, após empate por 83 a 83 no quarto período. O terceiro lugar ficou com o Lokomotiv Kuban, também da Rússia, que derrotou o Laboral Kutxa, da Espanha, por 85 a 75. EFE
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Rio de Janeiro, 22 dez (EFE). - Um ano que poderia ter sido de redenção para o basquete brasileiro com a disputa dos Jogos do Rio de Janeiro terminou em um grande fiasco olímpico e com a suspensão do país de competições internacionais graças à gestão caótica da Confederação Brasileira de Basquete (CBB), enquanto os Estados Unidos mantiveram a hegemonia da modalidade com a conquista de novos ouros, mesmo sem a presença do astro LeBron James que, enfim, levou o Cleveland Cavaliers ao título inédito da NBA.
Eliminadas na primeira fase do torneio olímpico, as equipes masculina e feminina de basquete do Brasil decepcionaram, apesar das esperanças criadas sobre o desempenho de ambas na competição, especialmente sobre os comandados de Rubén Magnano, que entraram em quadra com a missão de conquistar a primeira medalha dos homens do país na modalidade desde 1964, em Tóquio, e saíram de mãos abanando.
O que se viu em quadra foi um time muitas vezes apático, que falhou em momentos decisivos e que carece de renovação. O primeiro golpe foi sofrido antes mesmo de a bola subir pela primeira vez na Arena Carioca 1, palco do basquete masculino olímpico, após o corte por lesão de Anderson Varejão. Os demais atletas convocados da NBA, secundários em seus times, tiveram uma participação discreta. A exceção foi Nenê, que mesmo pouco acionado no esquema defensivo de Magnano, conseguiu se destacar e ser um ponto positivo do time.
A estreia sonolenta contra a Lituânia já dava sinais de que o Brasil teria dificuldades em chegar à segunda fase da competição se não jogasse no máximo. Depois de chegar a perder por 29 pontos, os donos da casa sonharam com a vitória, mas acabaram derrotas. O tropeço pareceu acordar o time, que fez na sequência a melhor partida no Rio de Janeiro, contra a Espanha, em uma vitória decidida no último lance com um tapinha de Marquinhos no fim, mas era só.
Na sequência, os erros voltaram a aparecer, e o Brasil acabou derrotado pela Croácia. Depois, contra a Argentina, o time de Magnano entrou pressionado e precisava de um triunfo para evitar uma eliminação precoce. Empurrado pela torcida, os anfitriões fizeram uma grande partida e tiveram a vitória nas mãos, mas deixaram os rivais históricos empatarem no fim e levarem o jogo para a prorrogação. A história se repetiu no tempo extra. Na segunda prorrogação, porém, os argentinos levaram a melhor e ficaram com a vitória.
Para encerrar a participação, os meninos do Brasil até venceram a Nigéria, mas já não havia mais chances de classificação, e assim fecharam na nona posição entre os 12 participantes.
No feminino, o desempenho foi ainda pior. As brasileiras sequer venceram no torneio olímpico. A melhor partida foi diante da Bielorrússia, quando as donas da casa foram derrotadas por apenas dois pontos, 65 a 63. O único outro país a deixar a competição sem triunfos foi o Senegal, na outra chave.
Fora erros dos técnicos e dos jogadores em quadra, os desempenhos decepcionantes são também justificados pela total desorganização da CBB. Depois dos Jogos, em novembro, a Federação Internacional de Basquete (Fiba) decidiu suspender o Brasil de todos os torneios internacionais porque a entidade não cumpriu as obrigações dos estatutos da entidade.
Entre as falhas citadas, a Fiba ressalta as dívidas da CBB, avaliadas em cerca de R$ 10 milhões, mesmo com os vários períodos de carência concedidos. Além disso, mesmo com o ciclo olímpico, o Brasil deixou de participar de alguns torneios continentais de jovens e adultos. Antes da suspensão, uma a criação de uma força-tarefa para tentar arrumar a casa, sem resultado.
A suspensão tem efeitos práticos sobre quem tem trabalhado direito dentro do país. Flamengo, campeão do Novo Basquete Brasil, e Bauru, segundo colocado, que tinham vagas na Liga das Américas de 2017, foram impedidos de jogar.
Os times brasileiros têm dominado a competição, apesar de em 2016 o título ter ficado com uma equipe da Venezuela. Bauru, Flamengo e Mogi das Cruzes chegaram à semifinal, mas quem levou a melhor na grande decisão contra o próprio Bauru foi o Guaros de Lara. Já o Brasília, quarto representante do país na Liga das Américas, terminou com a sexta posição.
No outro principal torneio do continente, a Liga Sul-Americana, o Mogi se recuperou do terceiro lugar na Liga das Américas e conquistou o título de forma invicta. Na grande decisão, o time paulista bateu o Bahía, da Argentina, vencendo os três jogos da série. O último deles ocorreu na cidade de Bahía Blanca, no início de dezembro, com vitória por 84 a 81, com destaque para a atuação do americano Tyrone, do Mogi, cestinha do jogo com 23 pontos, além de nove rebotes.
Assim como Flamengo e Bauru, o Mogi é outro prejudicado pela suspensão da CBB e não irá disputar a Liga das Américas do próximo ano.
Enquanto o Brasil vive um dos piores momentos no basquete, os Estados Unidos usaram a passagem pelo Rio de Janeiro para consolidar a hegemonia na modalidade, mesmo sem a presença dos principais astros da NBA nos Jogos Olímpicos.
Sem Lebron James, Stephen Curry e Kevin Durant, entre outros, coube ao já veterano Carmelo Anthony a responsabilidade de comandar a equipe masculina norte-americana à conquista da 15ª medalha de ouro, a terceira obtida pelo ala-armador do New York Knicks em quatro edições de Jogos Olímpicos que disputou.
Apesar de alguns sustos na fase de grupos, quando quase chegou a perder para a Sérvia e para a França, os EUA tiraram o pé do freio na reta decisiva e não mais deram chances para os adversários. A grande final, por exemplo, contra os próprios sérvios, foi um massacre: 96 a 66. Na disputa pelo terceiro lugar, a Espanha levou a melhor sobre a Austrália e ficou com o bronze.
Entre as mulheres, o domínio norte-americano também se manteve. A última derrota das meninas dos EUA em torneios olímpicos ocorreu em Barcelona 1992, uma marca que se manteve no Rio de Janeiro. Sem dificuldades para chegar até a final, o time comandado por Diana Taurasi, Tamika Catchings e Sue Bird atropelou a Espanha, com vitória por 101 a 70, para conquistar o sexto ouro consecutivo.
A ausência de LeBron no Rio de Janeiro foi justificada: o astro queria descansar. Um descanso mais do que merecido, já que o ala-armador, enfim, levou o Cleveland Cavaliers ao título inédito da NBA, derrotando na grande final o Golden State Warriors, de Curry, após estar perdendo a série decisiva por 3 a 1 e virar para 4 a 3, um feito nunca antes feito na história da liga norte-americana de basquete.
A atuação da estrela dos Cavs foi mais do que decisiva para o triunfo. Na reedição da final da temporada 2014-2015, vencida pelos Warriors, LeBron entrou decidido a se vingar e terminou com médias de 29,7 pontos, 8,9 assistências e 11,3 rebotes, os melhores números já obtidos por um atleta na decisão. O prêmio de MVP das Finais, é claro, não tinha outro dono, apesar da grande atuação do armador Kyrie Irving nos momentos em que LeBron precisava de auxílio para definir as jogadas.
Além da revanche, o título teve um gosto ainda mais especial para os Cavs. Os atletas de Cleveland não só bateram os principais rivais da liga na decisão, mas venceram também o time recordista de vitórias na temporada regular. Curry e seus companheiros obtiveram a vaga nos playoffs com incríveis 73 vitórias e apenas nove derrotas, superando o recorde estabelecido pelo Chicago Bulls de Michael Jordan em 1995-1996.
No outro principal torneio de basquete mundial, a Euroliga, o CSKA Moscou conquistou o sétimo título ao vencer o Fenerbahce, da Turquia, por 101 a 96, na prorrogação, após empate por 83 a 83 no quarto período. O terceiro lugar ficou com o Lokomotiv Kuban, também da Rússia, que derrotou o Laboral Kutxa, da Espanha, por 85 a 75. EFE
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