Topo

"Não temo terminar meus dias na prisão", diz Blatter

16/12/2016 16h14

Paris, 16 dez (EFE).- O suíço Joseph Blatter, ex-presidente da Fifa, declarou que não teme passar os últimos dias de vida na prisão, demonstrou confiança na justiça da Suíça e criticou o atual mandatário da entidade, Gianni Infantino, e os americanos, aos quais atribui a culpa de sua queda.

Em entrevista publicada nesta sexta-feira pelo jornal francês "Le Monde", Blatter garantiu que não deve recorrer à justiça comum por conta da suspensão de seis anos imposta pelo Comitê de Ética da Fifa.

No entanto, afirmou que não descarta pedir ao Congresso da entidade, que reúne os 211 países-membros e cujas decisões "são soberanas", para que retifique o veredicto do Comitê de Ética e "mude, diminua ou retire essa suspensão".

Blatter considerou equivocadas as decisões que estão sendo tomadas por Infantino, como a redução drástica dos programas de desenvolvimento, sobretudo na África, e o projeto de aumentar o número de países que participam da Copa do Mundo.

"E por que não colocar 128 equipes? Se você prometes às federações que haverá mais equipes, elas pedem mais. O formato atual com 32 equipes é a melhor fórmula e assim foi provado", disse.

O ex-mandatário acusou Infantino de não respeitar a independência do Comitê de Ética, ao evidenciar que o órgão o absolveu de uma acusação de abuso de despesas. O suíço também afirmou que a atual secretária-geral da Fifa, Fatma Samoura, "não sabe nada de futebol".

Blatter negou ter cobrado dinheiro indevido, como indica uma investigação aberta pela justiça suíça pelo desvio de US$ 80 milhões em forma de aumento de seu salário anual ou de gratificações ligadas às Copas do Mundo.

"Nunca cobrei dinheiro indevidamente", garantiu o ex-presidente, que considerou "falso" o relatório dos advogados americanos da Fifa no qual se baseia a acusação.

O suíço considerou que foram os americanos os responsáveis por programarem sua queda porque os Estados Unidos não foram escolhidos como sede da Copa do Mundo de 2022, que será disputada no Catar.

Mais do que comprar a Copa do Mundo, Blatter considerou que o Catar utilizou sua "influência política no último minuto" para ser escolhido.

Blatter considerou que os Estados Unidos também impactaram pelo mesmo motivo com o ex-presidente da Uefa Michel Platini, que se mostrou publicamente a favor da candidatura do Catar.

O ex-presidente reconheceu ter percebido tarde demais a corrupção que havia na organização, mas afirmou que em 2011 reagiu ao expulsar alguns integrantes do Comitê Executivo e criar a Comissão de Ética.

"Como poderia saber antes? Eu me baseava na fé e na confiança. Essa é a minha educação, fui ingênuo demais e indulgente", afirmou. EFE

lmpg/vnm