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Torben Grael admite pressão sobre Martine e destaca: "Elas foram magníficas"

18/08/2016 20h18

Rio de Janeiro, 18 ago (EFE).- Bicampeão olímpico e agora pai de uma campeã olímpica, o velejador Torben Grael comentou a conquista de Martine nos Jogos do Rio de Janeiro nesta quinta-feira e destacou a capacidade da filha, que competiu ao lado de Kahena Kunze, de suportar a pressão que existia sobre ela.

"Acho que a pressão era imensa. A pressão do nome, a pressão de estar competindo em casa, de ser a última classe a ir para a água, a última a ter chance de medalha da vela (brasileira) nesses Jogos, podendo fazer desde primeiro lugar até quarto... É uma diferença muito pequena. A pressão era gigante, e elas foram magníficas", elogiou Torben.

O pai de Martine foi ouro na Star em Atlanta 1996, quando tinha 36 anos, e Atenas 2004. Na mesma classe, foi bronze em Seul 1988 e Sydney 2000, além de ter obtido uma prata na Soling em Los Angeles 1984. Apesar de todas as conquistas, ele considera que a filha de 25 anos já está em um patamar mais alto que o dele.

"Na verdade, ela já me passou. Eu fui ganhar uma medalha de ouro muito depois da idade que ela tem hoje. Ela já tem o título de velejadora do ano, ganhou o mundial, tudo antes de mim. Essa comparação só serve de incentivo para ela, mas acho que cada um faz sua história", afirmou.

Orgulhoso, o velejador fez uma análise do desempenho das brasileiras na regata da medalha e elogiou as decisões tomadas por elas, principalmente a de optar pela raia da esquerda no segundo contravento, rumo à quarta e penúltima boia.

"Elas fizeram uma excelente largada, o que foi determinante. Aí acho que elas velejaram bem seguras, as outras cometeram alguns erros, elas se aproveitaram disso. As neozelandesas fizeram uma ótima regata também, mas elas, em uma manobra muito bonita, acabaram pegando a primeira colocação", comentou.

"Ela tem muito conhecimento daqui. Acho que no primeiro contravento ela tentou um pouquinho mais pela direita e saiu bem, estava na frente, mas acabou sendo superada no finalzinho. Depois tentaram o outro lado, principalmente porque a neozelandesa estava à frente. O lado aberto era aquele, elas tentaram e conseguiram", acrescentou Torben, que minimizou o próprio papel na conquista da filha.

"A gente conversou bastante, mas elas treinaram para isso. A gente conversou sobre o evento e sobre as condições da hora. Na parte psicológica elas já estavam muito bem, relaxaram ontem e acho que isso foi bastante importante, relatou.

Esposa de Torben e mãe de Martine, Andrea Sofiatti Grael se disse agoniada com a possibilidade de que a filha ficasse fora do pódio. Havia o risco, já que quatro equipes disputavam o título.

"Meu único desejo era que ela não ficasse fora. Imagina com toda essa energia daqui ficar de fora. Eu torci muito pela medalha, independentemente da cor", revelou Andrea.

Segundo ela, embora a família seja formada por velejadores, o esporte não é assunto nos momentos de folga. "Em casa, não se fala de vela. Só se fala de bicho, natureza...", brincou ela, que também já competiu no iatismo e é veterinária.