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De maio a fevereiro: Fifa vive 9 meses de acusações, punições e prisões

24/02/2016 19h59

Redação Central, 24 fev (EFE).- Detenções, acusações, punições e suspensões foram quase uma constante desde que, em maio passado, veio à tona a investigação que o FBI realiza por casos de corrupção dentro da Fifa e que parte do depoimento do americano Chuck Blazer, ex-secretário-geral da Concacaf.

A investigação por cobrança de propinas, que chegariam a US$ 200 milhões, inclui 92 acusações por delitos como organização criminosa, fraude maciça e lavagem de dinheiro, como revelou em dezembro a procuradora-geral dos Estados Unidos, Loretta Lynch, e afeta principalmente a Concacaf e a Conmebol.

A investigação sobre a fortuna de Blazer começou em 2011 e ele passou a colaborar com a justiça em 2013 para evitar a prisão, mas as primeiras detenções aconteceram apenas em maio de 2015, no dia 27, na antevéspera do congresso realizado em Zurique e que reelegeu Joseph Blatter como presidente da Fifa para um quinto mandato.

Como suspeitos de corrupção, fraude, lavagem de dinheiro, extorsão e recebimento de propinas foram detidos o vice-presidente da Fifa Jeffrey Webb, o presidente da Conmebol, Eugenio Figueredo, presidentes e ex-presidentes das federações ou confederações de Venezuela, Costa Rica, Nicarágua e Brasil, Rafael Esquivel, Eduardo Li, Julio Rocha e José María Marín, junto ao britânico Costas Takkas, colaborador do presidente da Concacaf.

Dias depois, a Interpol emitiu ordens de busca e captura sobre o trinitário Jack Warner, vice-presidente da Fifa e presidente da Concacaf, e o paraguaio Nicolás Leoz, presidente da Conmebol durante 26 anos, até 2013. Este último se viu forçado a renunciar pelo caso ISL, empresa que comercializou durante anos os direitos audiovisuais da Fifa e que desviou fundos, beneficiando também o ex-presidente da Fifa João Havelange e seu genro e ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira.

Junto a eles, foram envolvidos os empresários argentinos Alejandro Burzado, Hugo Jinkins e Mariano Jinkins (pai e filho), o brasileiro José Margulies, o presidente da Traffic Sports, Aaron David, empresa que promove eventos futebolísticos na América Central, na América do Norte e no Caribe.

As operações policiais continuaram meses depois por países como a Bolívia, onde foi detido o presidente da federação local e tesoureiro da Conmebol, Carlos Chávez, junto a outros três integrantes do organismo nacional: Alberto Lozada, Pedro Zambrano e Jorge Justiniano.

Outros dirigentes deixaram seus cargos, como os presidentes das federações de Chile, Segio Jadue, e Colômbia, Luis Bedoya.

Em 3 de dezembro, os Estados Unidos formalizaram mais acusações contra 16 dirigentes e ex-dirigentes. No começo da manhã em Zurique, onde o Comitê Executivo da Fifa se reunia, foram detidos s presidente da Concacaf, Alfredo Hawit, e o da Conmebol, Ángel Napout.

Depois, foram igualmente detidos o ex-presidente de Honduras, Rafael Ruelas (1990-1994), membro da Comissão de Marketing e Televisão da Fifa, e o secretário-geral da Federação da Guatemala, Héctor Trujillo.

A operação policial permitiu também que agentes do FBI efetuassem uma operação de busca e apreensão nos escritórios da empresa Media World, filial do grupo audiovisual espanhol Imagina, em Miami.

No começo de janeiro, o Ministério Público paraguaio revistou a sede da Conmebol, e no dia desse mês o ex-presidente da Federação da Guatemala Brayan Jiménez, foragido desde dezembro, foi detido e chegou ao tribunal em estado de embriaguez.

Alguns dos detidos foram extraditados aos Estados Unidos, e outros ficaram em liberdade pagando uma fiança, como Trujillo, que desembolsou US$ 4 milhões.

Paralelamente às atuações policiais, o Comitê de Ética Independente da Fifa definiu mais de 20 punições temporárias e banimentos dos envolvidos e de outros dirigentes por descumprirem as normas éticas.

As três mais famosas foram a do presidente da própria Fifa durante os últimos 17 anos, Joseph Blatter, do presidente da Uefa e apontado como favorito a suceder o suíço, Michel Platini, e o secretário-geral da entidade máxima do futebol, Jerome Valcke.

Os dois primeiros estão em processo de recurso de sua suspensão por oito anos. Eles foram punidos por um pagamento de 2 milhões de francos suíços (cerca de R$ 8 milhões pela cotação atual) pela Fifa a Platini em 2011, com conivência de Blatter. Já Valcke foi afastado provisoriamente e suspenso por 12 anos por abuso nas políticas de viagens, a venda de direitos de televisão e a destruição de provas.

Entre os multados e advertidos aparecem o presidente da Federação Espanhola, Ángel María Villar, e o alemão Franz Beckenbauer, ex-integrante do Comitê Executivo, ambos por descumprirem as normas de conduta no contexto das investigações a escolha da Rússia e do Catar para sediar as duas próximas Copas.