Rubiales afirma que beijo em Hermoso foi consentido: 'Perguntei se podia'

O ex-presidente da Real Federação Espanhola de Futebol Luis Rubiales reforçou — desta vez durante julgamento, realizado neste mês, em Madri (ESP) — que o beijo na jogadora espanhola Jenni Hermoso foi consentido. O episódio aconteceu durante a cerimônia de premiação da final da Copa do Mundo feminina 2023, que teve a seleção espanhola como campeã.
"Perguntei a ela se podia dar um beijinho, e ela disse 'ok'", afirmou Rubiales, nesta terça-feira (11). "Tenho certeza absoluta [que ela deu o consentimento]", reforçou o ex-dirigente.
Hermoso, por outro lado, reforçou no primeiro dia do julgamento, na semana passada, que não consentiu o beijo: "Eles mancharam um dos dias mais felizes da minha vida e, para mim, é muito importante dizer que em nenhum momento eu busquei esse ato, muito menos o esperava".
A defesa de Rubiales apresentou também o testemunho de um perito em leitura labial. Ele afirmou que o ex-dirigente perguntou a Hermoso: "Posso te dar um beijinho?". Foram exibidos vídeos com Hermoso celebrando o título conquistado pela Espanha e também fazendo declarações sobre o beijo.
"Ninguém esperava, mas não me importo, somos campeões mundiais, é isso que importa", disse Hermoso, em áudios reproduzidos no tribunal de uma entrevista que ela deu logo após a final. "Eu não gostei [do beijo], mas tudo o que posso dizer é que fez parte do momento, não vai se tornar nada mais do que isso, vai ficar registrado como uma anedota".
"Quem quiser fazer disso uma grande coisa, o fará, e quem não quiser, não o fará", disse ela depois que o repórter lhe disse que havia muita conversa sobre o beijo na Espanha. "Tenho certeza de que isso não se tornará um grande problema, pois somos os campeões".
Outro vídeo exibido pela defesa mostrava Rubiales dizendo à equipe que estava "triste" com a repercussão do beijo. Ele se desculpou e disse que "se sentia mal" por ter estragado as comemorações. No vídeo, Hermoso foi visto no vídeo rindo normalmente após suas palavras.
A defesa também tentou desacreditar o testemunho anterior do irmão de Hermoso, que disse que Jorge Vilda, então técnico da equipe espanhola, pressionou Hermoso a gravar um vídeo com Rubiales para minimizar a situação. A defesa mostrou uma entrevista com o próprio irmão de Hermoso minimizando o beijo. Ele havia dito em seu próprio depoimento que minimizou o beijo na época para garantir que o foco fosse a comemoração.
Sob pressão, Rubiales acabou renunciando ao cargo de presidente da federação espanhola três semanas depois do escândalo e foi suspenso pela Fifa por três anos. Ele disse que foi vítima de uma "caça às bruxas" e de "falsas feministas".
Em seu testemunho, Hermoso afirmou que "se sentiu desrespeitada" por Rubiales depois de ganhar a Copa do Mundo. Ela disse que o beijo "manchou um dos dias mais felizes da minha vida".
Os promotores, Hermoso e a associação de jogadores da Espanha querem que Rubiales seja preso por dois anos e meio, multado em 50 mil euros (cerca de R$ 300 mil) por danos e proibido de trabalhar como autoridade esportiva.
Rubiales se defende de duas acusações. A primeira é de agressão sexual e a segunda, de coação por ter supostamente pressionado Hermoso a minimizar o episódio publicamente. Na ocasião, o beijo gerou forte repercussão nacional e mundial, com reprovação por parte do governo espanhol e até da Fifa.
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