Ronda Rousey fala sobre distúrbio que a tirou do UFC: 'Um jab e ficava cega'

Mais de oito anos após deixar o octógono, Ronda Rousey revelou detalhes inéditos sobre os problemas de saúde que contribuíram para o fim de sua carreira no MMA. A ex-campeã peso-galo (61 kg) do UFC, considerada uma das figuras mais influentes da história do esporte, revelou recentemente que enfrentava episódios neurológicos graves desencadeados por impactos na cabeça - crises que, segundo ela, causavam perda parcial da visão durante os combates.

Em entrevista ao canal do Youtube 'UNTAPPED', a lutadora explicou que os sintomas que enfrentava foram, por muito tempo, mal compreendidos tanto por ela quanto por sua equipe. O diagnóstico preciso só surgiu após sua participação em um estudo neurológico apoiado pelo UFC, que a encaminhou a especialistas. A avaliação revelou que os episódios estavam associados a um quadro de enxaquecas severas, agravadas por concussões acumuladas ao longo da carreira - tanto no MMA quanto no judô, esporte que praticava desde a juventude.

"Ele (o médico) disse que pessoas que sofrem de enxaqueca são mais suscetíveis a concussões, e quanto mais concussões você sofre, mais fácil é que impactos disparem crises de enxaqueca. E ele explicou que nem toda enxaqueca envolve uma dor de cabeça latejante - a dor nem sempre está presente. Acreditamos que eu entrei num ciclo vicioso: quanto mais concussões, mais enxaquecas, e mais fácil era que isso fosse desencadeado durante as lutas - meus gatilhos principais eram luzes fortes e impactos na cabeça", relatou.

De acordo com os especialistas, pessoas com histórico de enxaqueca - como no caso da ex-atleta - tendem a ser mais vulneráveis a reações neurológicas provocadas por traumas repetitivos. Ela afirmou que chegou a um ponto em que até um golpe simples, como um jab, era suficiente para provocar cegueira temporária e perda de percepção espacial.

"Então eu levava um golpe e perdia grandes partes da visão, da percepção de profundidade e da capacidade de rastrear movimentos rapidamente e tomar decisões instantâneas - basicamente tudo que preciso para lutar. Eu achava que estava com uma concussão, que estava grogue, mas eu não cambaleava. Não perdia o equilíbrio. Isso foi o que me levou à aposentadoria, porque acontecia com mais frequência, a ponto de um simples jab me deixar praticamente cega", complementou a ex-lutadora.

Impacto na carreira

A ex-lutadora também comentou a dificuldade de abordar o tema durante o auge de sua trajetória, temendo ser vista como alguém em busca de justificativas. Sua despedida do UFC foi marcada por derrotas contundentes para Holly Holm e Amanda Nunes.

"Sentia que não podia ser honesta sobre o que estava passando fisicamente sem que as pessoas achassem que eu estava arrumando desculpas. Também sinto que não devia nenhuma explicação a ninguém, especialmente se iam desprezar isso", afirmou.

Com 12 vitórias consecutivas no início da carreira e seis defesas de cinturão, a americana foi peça-chave na popularização do MMA feminino. No entanto, os dois reveses que encerraram sua participação no octógono representaram uma guinada repentina em sua trajetória.

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Hoje, aos 38 anos, ela permanece afastada das competições e segue em acompanhamento médico com especialistas. Apesar de não ter planos de retornar às lutas, demonstra otimismo quanto à possibilidade de melhorar sua qualidade de vida.

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