Topo

Estrela de evento de Sonnen, brasileiro critica IBJJF sobre golpe polêmico

Carlos Antunes, no Rio de Janeiro (RJ)

Ag. Fight

03/06/2020 07h00

Antes do Ultimate realizar a volta de suas atividades durante a pandemia, outro evento de artes marciais já tinha furado a quarentena nos Estados Unidos. Trata-se do 'Submission Underground', show promovido pelo ex-UFC Chael Sonnen, que conta com lutas casadas entre estrelas do grappling mundial. E um dos astros da liga é o brasileiro Gabriel Checco, que já conquistou três vitórias seguidas por finalização sobre nomes importantes como Micah Brakefield, Jake Ellenberger e Austin Vanderford. O lutador festejou o bom momento na competição e fez questão de elogiar o tratamento feito pelo ex-lutador do Ultimate.

Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag.Fight, Gabriel revelou que o convite para participar dos eventos foi mediado por Vinny 'Pezão', que o apresentou para Sonnen. Sua estreia no show aconteceu em dezembro de 2019 e, após lutar em mais duas edições, a mais recente no último domingo (31), o atleta exaltou o tratamento do americano e seu incentivo para colocar competidores do jiu-jitsu para se apresentar.

"Ele é um cara fantástico, muito gente boa, um homem de negócios. Ele entende muito de negócios, mundo da luta. Eu odiava antes ele de conhecê-lo, tinha aquela imagem que todo o brasileiro tinha, mas era só negócios para a câmera. Ele só queria vender e o quanto mais falassem da luta, mais dinheiro iam fazer. Ele é excelente. Gente boa, pai de família. Todo mundo que conhece o Sonnen, gosta dele. Tenho nada para falar mal dele. Sempre me tratou muito bem, respeitoso. Conversa com todos. Agora está pagando os atletas do jiu-jitsu e colocando um show na TV, o que só fortalece a galera do jiu-jitsu", explicou o brasileiro, antes de revelar todas as medidas de segurança que o evento fez para evitar o contágio de coronavírus.

"Eles fizeram um protocolo de segurança. Não é porque não tenho medo (do COVID-19), que ela não é real. É um virus que está aí e qualquer um está vulnerável a pegar. Tinha uma área de aquecimento para cada um, todos eram checados pelos médicos quando a gente chegava. Então foi um negócio bem legal que eles fizeram. Nem o árbitro pegava na mão da gente então o contato físico foi quase nenhum. Só tinha o contato dos lutadores mesmo", completou.

Com bons resultados em eventos de luta agarrada e sem quimono, Gabriel foi questionado sobre o motivo dos brasileiros terem perdido a dominância nessas competições. Uma das justificativas de muitos atletas é pela polêmica chave de calcanhar, proibida em competições de pano e válidas em outros torneios. Para Checco, o maior culpado é a IBJJF, entidade que veta esse tipo de golpe em determinados campeonatos e, dessa maneira, estimula lutadores a não treinarem essa posição.

"Lembro quando comecei a treinar jiu-jitsu tinha o lance do 'sapateiro' e ele nunca era bem visto na academia e com o passar do tempo, o pessoal começou a se ligar que porque muita gente não gostava, então deve funcionar, então começa a fazer. Isso é parte do jiu-jitsu. É igual a chave de braço e se pegar em alguma articulação e você não bater, vai machucar. Aí tem muito brasileiro que só fala que vai lutar evento da IBJJF e não treinam a chave de pé, porque só lutam esses eventos. Então a própria Federação fez a maioria do pessoal não treinar. Aí quem começa, luta evento da cidade pequena, que segue as regras da IBJJF, vai para um evento maior, um Pan-Americana, ou até Mundial, onde o cara está treinado a não atacar e não defender chave de calcanhar. Nessa hora não tem como. No sem quimono, de outros eventos, onde é válido, vai ficar perdido. Acho isso um grande erro. Sou totalmente a favor. O jiu-jitsu tem que ser completo, tem que saber atacar e defender tudo. O jiu-jitsu foi criado para atacar todas as articulações possíveis", explicou.

Em 2019, Gabriel teve a oportunidade de encarar o grande nome da luta agarrada atualmente: Gordon Ryan, atual campeão do ADCC. O polêmico americano venceu essa disputa diante de Checco, que fez questão de criticar a postura do rival, sempre provocador. Porém, apesar da bronca, o faixa-preta não deixou de elogiar o alto nível do lutador, mas adiantou um nome em quem confia que pode destronar seu algoz.

"Enfrentei ele e perdi, achei que tomei um pau violento, nem vi a cor e a placa do caminhão que passou. Ele é sinistro, ele é bom. Não gosto da personalidade dele, fala até demais. Falei isso até na cara dele. Ele é um desses nerds, que dorme no tatame. Ele é um nerd do jiu-jitsu. É o cara que senta na frente da aula, anota tudo que o professor fala e é o queridinho do professor e tira nota 10. Ele estuda o tempo inteiro. Tem muito campeão mundial que fala do moleque, mas não o enfrenta. Fala que enfrenta por dez milhões de dólares. Não vai acontecer. Melhor dizer que não enfrenta porque está com medo. Um cara que acredito muito que tem potencial para bater nele é o André Galvão. Sempre fui fã dele e espero que aconteça no ADCC em 2021 e gostaria de ver o André bater nele. E acho que o Gordon vai ficar meio com medo, porque se vacilar, o André dá porrada nele. Gordon é bundão, tem medo de porrada. Mas no jiu-jitsu o moleque é sinistro", contou.

Aliado a eventos de luta agarrada, Gabriel ainda foca suas atenções no MMA. Também no ano passado, o brasileiro atuou no Final Fight Championship, onde derrotou Angel DeAnda, por nocaute. No entanto, o paulista esteve perto de se apresentar no Ultimate. Em 2017, ele estava escalado para competir no Contender Series, programa de Dana White que dá oportunidade de atletas assinaram com a franquia. Mas por problemas pessoais, não pôde lutar.

"Não sei se vou ter mais uma chance no Contender. Acho que a cada ano que passa fico mais velho, tenho 34 anos e o Contender procura moleque novo, a galera que está chegando. Acho que minha chance é bem pequena de conseguir uma chance no Contender. Teve a frustração do momento, de não ter conseguido lutar. Ser escalado e não ter conseguido, por problemas pessoais que tive. Mas já passou, ficou no passado. Agora meu foco está no futuro, claro que foi infelicidade, mas estamos aí, dando a cara para bater e que Deus colocar no meu caminho, vai acontecer", finalizou.