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Volkanovski frustra Aldo e vence decisão por pontos no UFC 237

Felipe Paranhos, do Rio de Janeiro (RJ)

Ag. Fight

12/05/2019 00h51

Os planos de José Aldo disputar o cinturão peso-pena (66 kg) ao fim do ano não são mais viáveis. Alexander Volkanovski, adversário do brasileiro no UFC 237, cumpriu uma estratégia muito bem traçada e, embora não tenha encantado o público, venceu com clareza o duelo contra o ex-campeão da categoria. O triunfo do quarto colocado no ranking deve colocar 'The Great' como o próximo desafiante ao cinturão que hoje é de posse de Max Holloway.

Como era de se esperar, a plateia que chegou muito perto de lotar a Jeunesse Arena, no Rio de Janeiro (RJ), recebeu Aldo de maneira ensurdecedora. O barulho era tão intenso que até Volkanovski aplaudiu a torcida e o rival. Quando o gongo soou, porém, 'The Great' não parecia nada amedrontado - conforme já demonstrava a música que escolheu para entrar no octógono, a abertura da série 'Game of Thrones'. Ele tomou a iniciativa do duelo, alternando jabs com chutes altos sempre esquivados pelo ex-campeão da divisão.

Aldo, enquanto isso, optou pelos contra-ataques, tal como fez diante de Renato Moicano, no UFC Fortaleza, em fevereiro. Volkanovski usou bastante os chutes baixos, uma das especialidades do brasileiro, e comandou os melhores momentos do primeiro round. O brasileiro acertou uma joelhada no corpo e alguns socos no fim do assalto, o que agitou a torcida.

O ex-campeão voltou do intervalo com a coxa bastante magoada, mas isso não minou sua movimentação. Aldo foi mais ativo do que no primeiro assalto, tendo acertado um jab de encontro que pareceu deixar Alexander abalado por alguns instantes. 'The Great', inclusive, usou de uma malandragem que passou despercebida pelo árbitro Marc Goddard e se salvou de uma queda que poderia ter mudado o rumo do round: quando José cinturou para jogá-lo ao solo, o australiano agarrou-se na grade.

No terceiro e último assalto de um combate difícil de pontuar, Volkanovski voltou a usar bastante os jabs, mas desta vez Aldo teve mais dificuldade para se esquivar, recebendo alguns em cheio. Apesar de inabalável em pé, o brasileiro pareceu cair de ritmo - provavelmente por causa da pouca produtiva, mas incessante pressão na grade aplicada pelo australiano. Foi justamente ali que se passaram os dois últimos minutos do confronto, com 'The Great' em clara vantagem.

Outros combates

A mesma torcida que vaiou Bethe Correia em agosto de 2015, quando a paraibana enfrentou Ronda Rousey pelo título dos pesos-galos (61 kg), deu muito apoio a ela contra Irene Aldana. No entanto, a ex-desafiante outra vez não conseguiu sair com a vitória no Rio de Janeiro. Extenuada pela luta franca nos dois primeiros rounds e pelo estilo de colocar muita força em todos os golpes, a brasileira tentou uma queda no terceiro round, mas Irene reverteu a posição e rapidamente encaixou um armlock justo. Com o rosto já bastante ensanguentado e o braço envergado, 'Pitbull' não teve opção senão desistir.

A derrota coloca Correia em uma situação bastante complicada dentro da organização. Desde 2014, Bethe só venceu uma luta, contra Jessica Eye, por decisão dividida, em 2016. Depois do triunfo, empatou contra Marion Reneau, foi nocauteada por Holly Holm e finalizada por Aldana.

No segundo combate do card principal, os meio-médios (77 kg) Thiago Pitbull e Laureano Staropoli fizeram um confronto bastante movimentado e concorrente ao prêmio de 'Luta da Noite'. Em um duelo disputado quase todo em pé, os dois alternaram bons momentos ao longo dos 15 minutos. O argentino, que tem a trocação afiada pela equipe 'Chute Boxe/Diego Lima', usou o carro-chefe da casa, com sequências de golpes. O brasileiro, por sua vez, usou a experiência que o levou a ser um dos treinadores de striking da American Top Team, para contra-atacar.

'Pepi' ganhou uma justa decisão unânime e até tentou esfriar a rivalidade Brasil-Argentina agitada pela torcida, que havia cantado durante a luta o polêmico grito 'Mil Gols', cuja letra compara pejorativamente feitos de Pelé e Maradona. Laureano disse que também representa o Brasil, já que mora em São Paulo, mas recebeu como resposta o também tradicional 'Uh, vai morrer!' das arquibancadas.

Confira os resultados do UFC 237 até a antepenúltima luta:

Pena (66 kg) | Alexander Volkanovski venceu José Aldo por decisão unânime (30-27, 30-27, 30-27)
Meio-médio (77 kg) | Laureano Staropoli venceu Thiago 'Pitbull' por decisão unânime (30-27, 30-27, 29-28)
Galo feminino (61 kg) | Irene Aldana venceu Bethe Correia por finalização a 3min24s do terceiro round
Meio-pesado (93 kg) | Ryan Spann venceu Rogério 'Minotouro' por nocaute a 2min07s do primeiro round
Leve (70 kg) | Thiago Moisés venceu Kurt Holobaugh por decisão unânime (30-26, 30-26, 30-27)
Meio-médio (77 kg) | Warlley Alves venceu Sérgio Moraes por nocaute a 4min13s do terceiro round
Leve (70 kg) | Clay Guida venceu B.J. Penn por decisão unânime (29-28, 29-28 e 29-27)
Mosca feminino (57 kg) | Luana 'Dread' venceu Priscila 'Pedrita' por decisão unânime (30-26, 30-26, 29-27)
Galo (61 kg) | Raoni Barcelos venceu Carlos Huachin por nocaute técnico a 4min49s do segundo round
Galo feminino (61 kg) | Viviane Araújo venceu Talita Bernardo por nocaute aos 48s do terceiro round