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Vicente Luque analisa recentes derrotas de Dos Anjos e Demian no UFC

Fábio Oberlaender, no Rio de Janeiro (RJ)

Ag. Fight

07/02/2019 09h55

Apesar de o MMA não ser uma ciência exata, Vicente Luque parece ter a justificativa para as recentes derrotas de seus compatriotas Rafael dos Anjos e Demian Maia no UFC. Isso porque, recentemente, 'RDA' e o paulista especialista em jiu-jitsu não foram bem sucedidos quando enfrentaram alguns dos atletas mais bem colocados da categoria dos meio-médios (77 kg). E, para o brasiliense, dois detalhes justificariam as derrotas de seus compatriotas: fatores físicos e técnicos, respectivamente.

Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag. Fight, Vicente relembrou que Dos Anjos subiu de categoria por ter dificuldade de se manter entre os leves (70 kg), divisão em que foi campeão. No entanto, apesar de ter vencido os três primeiros duelos que realizou nos meio-médios, 'RDA' não repetiu as boas atuações quando enfrentou o ex-campeão interino, Colby Covington, e o atual desafiante ao título, Kamaru Usman. E, de acordo com Luque, isso se justifica pela superioridade física desses lutadores em relação ao brasileiro. 

"Eu acho que, apesar dele (Rafael dos Anjos) ser um cara que era bem grande para 70 kg, ainda acho que ele não era um meio-médio. 77 kg é pesado para ele, então a força prevaleceu. Por exemplo, nas lutas contra o Kamaru e o Colby, acho que eles fisicamente conseguiram impor o ritmo, e ele acabou cansando. Kamaru e Colby não se cansaram porque estão acostumados com aquela força dos 77 kg. Então, acho que no caso dele foi a força. Na minha opinião, foi o fato dele não ser um cara tão forte para 77 kg. Talvez, se abrissem a nova categoria de 74,8 kg, ali fosse o ideal para ele", projetou.

Já ao analisar as derrotas de Demian para Usman, Colby e Tyron Woodley - contra quem Demian lutou pelo cinturão, em 2017 -, Vicente destacou que a maior habilidade de seu compatriota serviu como o seu ponto fraco diante de tais oponentes. Isso porque, segundo Luque, o wrestling se sobrepôs à arte suave nesses confrontos e, deste modo, Maia não conseguiu impor o seu jogo - como em seu mais recente confronto no Ultimate, quando finalizou o striker Lyman Good no UFC Fortaleza.

"Ao Demian, acredito que tenha faltado a parte do wrestling. O jogo do Demian é o chão. Assim como ele mostrou nesse final de semana, chegando no chão, conseguindo colocar o jogo dele em prática, dificilmente alguém não será finalizado por ele. E tanto o Kamaru quanto o Colby conseguiram defender as quedas e manter a luta em pé, onde não é o forte do Demian", destacou o meio-médio. 

Agendado para enfrentar Bryan Barberena no dia 17 deste mês, no UFC Phoenix, Luque, em caso de vitória, terá a possibilidade de lutar contra algum atleta ranqueado na divisão dos meio-médios. Deste modo, ele, que venceu sete dos últimos oito confrontos no Ultimate - todos por nocaute ou finalização -, finalmente teria a chance de aparecer na lista dos 15 melhores da categoria.

"Estudei bastante o jogo dele, acho que o estilo dele é um estilo que é complicado, diferente. Ele é um cara canhoto que tem uma trocação que não dá para ler tanto os golpes. Mas, ao mesmo tempo, o fato de ele ser trocador já é uma coisa que me agrada, acho que casa bem com o meu estilo, já que também sou da trocação. E o plano vai ser realmente entrar lá, sentir na trocação, e buscar o tempo certo para conectar os melhores golpes", destacou.

"E, no chão, eu acredito que eu tenha vantagem. Então existe a possibilidade também de, se eu sentir uma brecha, jogar ele para baixo e aproveitar o jogo de chão. (...) Estou lutando contra um cara que já lutou contra o Colby Covington, por exemplo, que foi campeão interino e também vem de uma vitória sobre o Jake Ellenberger, que também já foi um cara bem ranqueado. Então acho que é uma luta muito boa para mim também. (...) Eu vencendo, acho que estarei mais do que pronto e merecendo lutar contra alguém ranqueado", concluiu.

Aos 27 anos, Vicente estreou no UFC em 2015 com derrota para Michael Graves, por decisão unânime. No entanto, depois disso ele emendou uma sequência de quatro triunfos consecutivos, antes de sucumbir diante de Leon Edwards, em 2017. Após esse revés, ele novamente se recuperou e conquistou a vitória em seus últimos três desafios, o último deles em outubro de 2018, contra Jalin Turner. Ao longo da carreira profissional no MMA, o brasiliense somou 14 resultados positivos, seis negativos e um empate.