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'Cabocão' relata como conciliou sonho da luta com universidade pública

Felipe Paranhos, em Fortaleza (CE)

Ag. Fight

01/02/2019 13h28

Felipe 'Cabocão' estreará no octógono do UFC no próximo sábado (2), mas tal realização já foi um sonho distante na carreira do jovem lutador. Isso porque, no início de sua caminhada, ainda com 17 anos, seu pai estabeleceu uma condição para autorizar que ele lutasse: ser aprovado em uma universidade federal. Deste modo, ele teve que alternar a rotina entre os estudos e os treinos de artes marciais mistas. Apesar disso, ele conseguiu passar na faculdade pública, o que serviu como a sua "alforria" para seguir carreira como atleta profissional. E, agora, no Ultimate, ele projeta "ser visto como a nova geração do MMA brasileiro".

Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag. Fight, 'Cabocão' relatou a dificuldade que passou ao estudar e treinar ao mesmo tempo antes de se mudar para o Rio de Janeiro, onde vive até hoje. A imposição de seu pai era simples. Até que cumprisse o combinado, o agora lutador teria tempo de fazer apenas um treino por dia, meta irrisória para seu ímpeto e dedicação às artes marciais.

"Quando terminei a escola, não tinha passado em nenhuma universidade federal (...). Aí, quando fui fazer a primeira luta, novo ainda, ele não autorizou. Falou que eu só poderia lutar após passar em alguma universidade federal. (...) Passei o ano todo estudando, fazendo cursinho, pré-vestibular, fazendo tudo. Aí consegui aprovação no ano de 2012, mas foi só mesmo para ter a alforria para seguir a minha carreira e seguir o meu sonho, que sempre foi ser atleta profissional de MMA. Eu fazia contabilidade em uma faculdade particular e cheguei a fazer ciências ambientais na federal", explicou, antes de apontar o momento decisivo para mudar de ares.

"Eu era sparring do Tiago 'Trator', que também era atleta do UFC. Era sparring dele na Nocaute e aluno do Kenny, e o Kenny ficou perturbando lá na Team Nogueira para me trazerem, até que um dia ele falou que eu estava liberado para ir, que já tinha falado com os coachs, foi quando cheguei para os meus pais e falei que eu teria que trancar as faculdades para seguir meu sonho", completou.

Durante a conversa com a Ag. Fight, o amapaense descreveu os pontos positivos de encarar a experiência e se mudar para a capital do Rio de Janeiro. Afinal, ao mesmo tempo em que poderia treinar diariamente com atletas do mais alto calibre, Felipe agora teria mais contas para pagar e um custo de vida de uma megalópole.

"Foi bem difícil, porque não pagava uma conta em casa, para chegar no Rio de Janeiro e começar a assumir aquela independência, ia ter que começar a pagar aluguel... Na época, tinha um apartamento para os atletas, depois não teve mais, aí já ia ter que começar a pagar aluguel, administrar meu próprio dinheiro, cozinhar, que é bem difícil. Me virar lavando roupa, fazendo uma série de coisas que eu não sabia até então, mas foi um crescimento tanto profissional, de estar treinando entre os melhores do mundo, os melhores treinadores, quanto pessoal, porque evoluí muito como pessoa", destacou.

Aos 24 anos, Felipe está invicto na carreira profissional como atleta de MMA, com cartel de oito vitórias. Agora agendado contra Geraldo de Freitas no UFC Fortaleza, o amapaense projeta um dia figurar entre os grande nomes da organização. E, para isso, teria que enfrentar atletas que ele tem como ídolos no esporte. Porém, o estreante do próximo final de semana garante: já consegue vê-los como futuros oponentes.