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'Bate-Estaca' ressalta espírito de "mulher traída" no MMA feminino: "Lá dentro é só porrada"

Fábio Oberlaender, no Rio de Janeiro (RJ)

Ag. Fight

25/01/2019 15h12


A próxima desafiante ao cinturão palha (52 kg) do UFC, Jéssica 'Bate-Estaca', é uma das principais representantes da nova geração do MMA. Deste modo, ela serve como inspiração para muitas meninas que aspiram dar passos maiores no esporte que, em um passado recente, era dominado pelos homens. No entanto, a lutadora garante que o crescimento da modalidade feminina vai muito além da influência de ícones como ela, já que, em sua opinião, é o espírito de "mulher traída" que faz com que as lutas sejam intensas e despertem o interesse do público.

Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag. Fight, 'Bate-Estaca' - que é representante de uma das maiores equipes de mulheres nas artes marciais mistas, a 'PRVT Girls' - destacou que tal maneira de lutar, de maneira agressiva e sem muita ponderação, faz com que o MMA feminino chame cada vez mais atenção dos fãs do esporte. Assim, esse crescimento da modalidade também atrai a curiosidade e o interesse de meninas, o que ajuda na renovação das lutadoras.

"Acho que a nossa força vem aumentando cada vez mais, e as mulheres que estão de fora, assistindo ao UFC e a outros eventos de luta, começaram a ter mais vontade de praticar o esporte, estão gostando. E a gente quando entra no octógono é como se fosse a mulher traída. Entra para acabar a luta o mais rápido possível, a gente não quer saber de estudo e nem nada do tipo, a gente quer saber de porrada e vai o tempo inteiro para cima. Acho que por isso as mulheres estão chamando tanto a atenção. A gente não estuda dentro do octógono. A gente já estudou lá fora. Lá dentro é só porrada e a gente vai para dentro", contou.

Apesar de garantir que o interesse pela modalidade vai além de nomes de destaque como ela, Jéssica não se esquece de que feitos como o de Ronda Rousey, primeira campeã do UFC, foram fundamentais para alavancar o MMA feminino. Além disso, em entrevista à Ag. Fight, 'Bate-Estaca' ressaltou que o destaque alcançado por algumas de suas compatriotas, como Amanda Nunes - atual campeã em duas categorias do Ultimate -, ajudou a "quebrar barreiras" e "mostrar o poder" das 'meninas brasileiras' nas artes marciais mistas.

"A gente vem quebrando muitas barreiras. A Amanda (Nunes), a Cris ('Cyborg'), eu, a Cláudia Gadelha... Todas nós, brasileiras, estamos mostrando o nosso poder. A Ronda Rousey foi uma das pioneiras, conseguiu colocar as mulheres no UFC. (...) Acredito que ser uma representante como campeã do UFC, maior evento de MMA do mundo, vai conseguir dar mais força para as mulheres no Brasil", projetou.

"A gente vai conseguir dar um pouco mais de visão do nosso país para as pessoas de fora. Acho que o Brasil meio que se apagou depois das derrotas dos homens. A gente quase não tem mais cinturões, então acredito que, vencendo esse cinturão, a gente consiga trazer de novo esse espírito guerreiro para os brasileiros, para eles acreditarem que a gente pode e que pode dar tudo certo", completou a paranaense.

Aos 27 anos, 'Bate-Estaca' terá no próximo dia 10 de maio, contra Rose Namajunas, a segunda oportunidade de se tornar a campeã peso-palha do Ultimate. Em seu primeiro desafio pelo cinturão, em 2017, Jéssica foi superada por Joanna Jedrzejczyk após decisão unânime dos jurados a favor da polonesa. Ao longo da carreira profissional no MMA, a paranaense somou, até então, 19 triunfos e seis derrotas.