Demian revela que luta de última hora foi condição para renovar com UFC
O esportista, em geral, tem uma carreira curta. Assim que o corpo do atleta não responde como antes, o rendimento cai e a aposentadoria fica mais perto. No MMA, modalidade em que os lutadores são submetidos não só a impactos, como também a uma desidratação intensa a cada luta, este desgaste físico é ainda mais intenso. Por isso, aos 41 anos, Demian Maia precisa manter uma rotina cuidadosa a fim de continuar no UFC e competir em igualdade com oponentes bem mais novos. Mas algumas situações especiais merecem que a regra seja desrespeitada em prol de oportunidades raras. Foi o que aconteceu quando o ex-desafiante dos meio-médios (77 kg) e médios (84 kg) enfrentou Kamaru Usman, em maio do ano passado.
Em entrevista exclusiva à Ag. Fight, o paulista explicou que, se não tivesse adotado novos hábitos e abandonado alguns antigos ao longo da carreira, possivelmente não teria chegado à idade atual ainda em alto nível. No entanto, quando foi chamado de última hora para lutar contra Usman no UFC Chile, tinha a oportunidade de renovar seu contrato com o Ultimate em bons termos. Assim, optou por não se preparar da maneira ideal, a fim de garantir um novo vínculo com a organização.
"Na verdade, a prioridade é sempre se preparar por completo. Mas quando aconteceu isso, foram situações pontuais que eu não tinha como negar. Uma foi a luta do título (contra Tyron Woodley), que eu acabei aceitando umas três, quatro semanas antes, não lembro ao certo. Não sabia se lutaria pelo título de novo, então tive que arriscar. E no caso da luta do Usman, a gente fez uma renovação de contrato interessante com o UFC, mas uma das condições era eu pegar a luta com duas semanas de antecedência. Então foram escolhas minhas, propostas deles que eu aceitei. Mas claro, sempre que posso, faço uma luta com camp completo", explicou.
Maia esclareceu como mantém a forma e evita situações que possam prejudicar seu corpo. Segundo o paulista, o fato de ter um estilo de luta que exige menos explosão muscular também contribui para sua longevidade no UFC. O atleta está na maior organização de MMA do mundo desde 2007, quando fez seu sétimo combate profissional, e já entrou no octógono 28 vezes.
"Cara, eu falo isso para alguns amigos meus que são leigos. Eles perguntam: 'Como você ainda mantém a performance?'. Com 41 anos, treino com a molecada mais nova. E o que eu falo para eles é que hoje eu posso errar muito menos do que eu podia há dez anos atrás. Então eu fui implementando coisas na minha carreira que antigamente eu fazia eventualmente e hoje é religioso. Coisas como a melhora da minha qualidade de sono, a melhora da minha alimentação, os treinos recuperativos, os tipos de alongamento que vejo com meu fisioterapeuta. Essas coisas hoje em dia eu levo bem mais a sério. Antigamente se eu passasse umas noites mal dormidas, comesse fast-food, eu sabia que rapidinho eu estaria bem, e hoje em dia sei que não posso errar nisso. E isso me protege também, mais qualidade e mais maturidade no treino têm me protegido de lesões. E na verdade, quando eu treino, eu nem me preocupo muito com isso, lesões e essas coisas. Graças a Deus por sorte, talvez genética, ou por eu não ser tão explosivo quanto outros atletas, nunca tive lesões seríssimas", disse.
Depois de perder em sequência para três lutadores - Woodley, Colby Covington e Kamaru Usman - do topo dos meio-médios, Maia terá pela frente Lyman Good no UFC Fortaleza, em 2 de fevereiro. Segundo o brasileiro, o encaixe de estilos contra o seu próximo oponente lhe é mais favorável.
"É a luta mais racional, que é a minha luta contra uma luta mais impositiva, de nocaute, de lutador de muay-thai mesmo que vem para cima. É um confronto de striker vs grappler. Apesar de ele ter um bom jogo de chão, estava observando que ele se vira bem na guarda e tal. Mas acho que é realmente um confronto de estilos: striker vs grappler", finalizou.
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