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Brasileiros lamentam possível fim dos moscas no UFC e se oferecem para lutar nos galos

Diego Ribas, em Las Vegas (EUA), e Felipe Paranhos, em Salvador (BA)

Ag. Fight

22/11/2018 16h05

O Brasil é, depois dos Estados Unidos, o país com mais representantes - cinco - na divisão peso-mosca (57 kg) do UFC. E, diante da iminente dissolução da categoria, é natural que os lutadores façam novos planos. A Ag Fight conversou com os três atletas brasileiros mais bem ranqueados deste grupo e ouviu de todos eles que, se o rumor se concretizar, pretendem se testar entre os galos (61 kg).

Wilson Reis, Deiveson Figueiredo e Jussier 'Formiga', todos no top 10, contaram que ainda têm lutas em seus contratos com o Ultimate - o que é um indício em favor da continuidade deles na organização. 'Deus da Guerra', por exemplo, revelou que acabou de renovar seu vínculo e que subiria de peso se fosse necessário.

"Alguns meses atrás eu renovei o contrato com o UFC, para mais quatro lutas, e eu não tenho medo de ser cortado, não. Se for para subir para a categoria 61 kg, eu vou subir tranquilão. Sei que vou me dar bem nessa categoria também, sei que tenho potencial para estar entre os melhores. Mas não tenho medo de ser cortado, não. Jamais", declarou.

"Eu lutaria na 61 kg com certeza. Subiria 'tranquilaço', cara, para lutar na 61. O mais rápido possível eu estaria entre os 10 melhores. Eu luto para vencer, sou bem grande para a categoria 57 e, na 61, eu encontraria caras fortes como eu. Com muita inteligência, tenho certeza de que vou me dar bem. Se for para subir, eu subo", acrescentou.

'Formiga', por sua vez, prefere não acreditar nas informações de bastidores, uma vez que não foi informado oficialmente pelo UFC - o que foi atestado por Wilson e Deiveson. Desafiante mais bem ranqueado entre os moscas, o atleta da America Top Team afirmou que não trabalha com a hipótese de ser dispensado pelo Ultimate.

"Ainda tenho mais três lutas de contrato com o UFC e o medo de ser cortado, de forma alguma. Na posição que eu estou, é muito difícil ser cortado, sendo o número um da divisão. Então, isso é uma coisa que não me preocupa muito. E eu torço para que isso não aconteça, para que a divisão não acabe", falou.

" É uma coisa a se pensar. Porque a gente não sabe o que vai acontecer, se vai acabar a divisão realmente ou se não vai. Subir seria uma possibilidade, é claro, se a divisão fosse acabar. Mas eu creio que não vai acabar a divisão, com essa luta do Cejudo contra o TJ em 57 kg", apostou.

Os campeões Cejudo, dos moscas, e TJ, dos galos, vão se enfrentar no UFC 233, em Anaheim (EUA), no dia 26 de janeiro de 2019. Como depois desta data não há outras lutas marcadas envolvendo a categoria até 57 kg, estima-se que esta será a despedida da divisão. Wilson Reis, que vem de três derrotas - embora uma tenha sido contra Henry e outra para o ex-campeão Demetrious Johnson -, sabe que não pode vacilar no duelo do dia 2 de dezembro, contra Ben Nguyen. No entanto, se vencer, não descarta voltar aos galos - categoria na qual passou três anos, entre 2011 e 2014.

"Se isso realmente acontecer, de não ter mais a categoria no UFC, eu vou optar por subir para galo, porque é uma categoria que eu já lutei há alguns anos, então estou bem adaptado. A minha parte física de força é muito boa para essa categoria. Uma coisa que eu vou perder um pouco é de envergadura, mas a gente vai adaptando. Se esse for o caso, a gente vai fazer tudo por uma preparação voltada novamente para os galos", disse Wilson, que tem mais uma luta no contrato depois do desafio contra Nguyen, à Ag. Fight.

Ao longo de seus pouco mais de cinco anos de existência, a categoria mosca não conseguiu obter os mesmos números de popularidade das demais divisões no Ultimate. No entanto, não há dúvidas de que uma eventual dispensa de tantos lutadores vá causar uma grande comoção no mundo do MMA. Sem rodeios, 'Formiga' declarou que uma empresa do tamanho do UFC precisa abraçar mais divisões, não eliminá-las.

O Ultimate, porém, não acenou para a criação de novas categorias - pelo contrário, aliás. Além de a organização negar o surgimento da divisão até 74,5 kg, pedida por muitos atletas e recomendada por comissões atléticas, o desenvolvimento do peso-pena (66 kg) feminino tem sido lento. Diante das ameaças de saída de Cris 'Cyborg', cujo contrato termina em março, não é impossível que o UFC tome a mesma medida com a divisão feminina. 'Formiga' lamenta.

"Se acabar, acho que o impacto vai ser negativo de todas as formas: tanto para o MMA quanto para o UFC. Acho que uma franquia como o UFC tem que ter respaldo para abrir mais divisões, não para acabar com elas. Isso acaba com todo o respaldo que o UFC tem com o público dele. Isso seria totalmente negativo na minha concepção", comentou.

Embora tenha mostrado confiança na continuidade da categoria e até em seu rendimento entre os galos, Deiveson fez um apelo a Dana White, presidente da organização. De acordo com o 'Deus da Guerra', o momento do encerramento da categoria seria inoportuno para a sua carreira.

"Se o 57 kg terminar, amigo, eu tenho certeza de que vai ser um impacto para o MMA, para a categoria, com certeza. (...) Estão rolando os rumores, mas nada definitivo. Eu espero que não termine, ainda mais agora, que eu estou na melhor fase da minha vida. Espero que o Dana White não faça isso. Espero que ele veja que eu tenho potencial para pegar esse cinturão. Deixa a categoria 57 kg", declarou.

Mais experiente do que o paraense, Wilson mencionou a importância que as ligas asiáticas podem ganhar, abraçando os lutadores eventualmente liberados pelo UFC. O Rizin, por exemplo, tem o ex-desafiante ao título do Ultimate Kyoji Horiguchi, enquanto o ONE acabou de contratar Demetrious Johnson, recordista de defesas de cinturão na maior organização de MMA do mundo.

"Eu não acho que é o futuro: acho que é o presente o mercado do peso-mosca na Ásia. Tem o Kyoji, que saiu do UFC há alguns anos, e também tem a Rússia, que tem vários caras duros nos moscas. E o ONE sempre foi uma referência de 57 kg e galo. A Ásia tem muito pesos leves muito bons, eles dão muito valor para os pesos mosca e galo lá, então com certeza já é o presente. É algo que já está acontecendo há alguns anos. É bom para os atletas de 57 kg, porque não tem só o UFC que eles podem tentar galgar", finalizou.