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Idioma, desafios e WWE: brasileiros revelam como pretendem melhorar promoção pessoal no UFC

Diego Ribas, de Las Vegas (EUA)

Ag. Fight

05/10/2018 07h00

Além de estarem presentes no card do UFC 229, no próximo sábado (6), o peso-mosca (57 kg) Jussier 'Formiga', o peso leve (70 kg) Alan 'Nuguette' e o meio-médio (77 kg) Vicente Luque também possuem uma outra característica em comum: apesar de vitoriosos em seus retrospectos na organização, eles não têm tanta visibilidade quanto poderiam. Deste modo, se juntam a outros brasileiros do Ultimate que se encontram na mesma situação, como Elizeu 'Capoeira', que só conseguiu integrar o ranking dos meio-médios após a sexta vitória consecutiva. No entanto, os lutadores já parecem saber o que fazer para reverter tal cenário.

Em entrevista diretamente de Las Vegas (EUA), que contou com a presença da Ag. Fight, os brasileiros destacaram que mais do que modificar a maneira de se promover, devem também adquirir fluência na língua inglesa. O conhecimento do idioma é hoje importante em praticamente todas as profissões, mas, em uma organização mundial como o UFC, ele passa a ser fundamental, já que é assim que os lutadores podem facilitar a comunicação com a maior parte da imprensa e dos fãs ao redor do planeta.

"A gente não consegue atingir a mídia americana por causa da língua. Aqui é show business", ressaltou 'Nuguette'. Luque, por sua vez, vai pelo mesmo caminho. "Tem muito brasileiro que ainda não fala inglês, que não se comunica, e isso deixa o público um pouco distante do lutador. Realmente, o público americano e ao redor do mundo quer ouvir o lutador e não o tradutor, então acho que isso distancia um pouco", completou. Ciente da situação, 'Formiga' concluiu: "A gente luta em uma franquia que os caras são estrangeiros e tem que aprender a língua dos caras".

Jussier 'Formiga' enfrentará Sergio Pettis em seu próximo duelo, em Las Vegas - Diego Ribas

Além disso, os três concordam que poderiam se promover de maneira mais efusiva, assim como fazem grande parte dos lutadores estrangeiros. E 'Nuguette', provocativo, vai além: sugere que interpretar personagens, como fazem os lutadores do WWE (maior liga de telecatch do mundo), poderia ser uma das alternativas para conseguir maior destaque na organização.

"Aprendemos a só mostrar o nosso valor no octógono, mas temos que mudar essa mentalidade e mostrar que a gente sabe fazer show também. Se querem WWE, vamos lá. A gente sabe fazer também", declarou.

Luque e Formiga não vão tão longe quanto 'Nuguette', mas reconhecem que, de maneira geral, uma mudança é necessária entre os lutadores brasileiros. De acordo com os dois, o respeito excessivo em relação ao adversário acaba diminuindo o interesse do público.

"Hoje em dia, valoriza-se muito o cara que consegue trazer o fã nem tanto pela qualidade de luta, mas principalmente por falar melhor ou então provocar os caras. E às vezes não se importar de desrespeitar alguém. Eu vejo que a maioria dos brasileiros respeita muito. E os caras de outros países não se importam de fazer isso e acaba que o UFC lhes dá destaque", afirmou Vicente.

"Acho que temos que abrir mais a cabeça com isso, abrir a boca e falar mesmo, desafiar, falar o que realmente vai acontecer, e é isso que os fãs e todo mundo gosta", projetou Jussier.

Aguardado como o possível maior show da história do UFC, o evento de número 229 terá Conor McGregor contra Khabib Nurmagomedov como duelo principal. Os três brasileiros estarão presentes no card preliminar da noite. Alan 'Nuguette', que venceu cinco das suas seis últimas lutas no Ultimate, enfrentará o peso-leve (70 kg) Scott Holtzman, enquanto Jussier 'Formiga', com seis triunfos nos seus oito últimos combates, terá Sérgio Pettis como oponente na categoria dos pesos-moscas (57 kg). Já o meio-médio Vicente Luque, que saiu vitorioso em também seis dos sete embates que fez no Ultimate, terá Jalin Turner como rival no próximo final de semana, em Las Vegas.