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Nos EUA, Ronny Markes traça diferenças de treinos no Brasil e no exterior

Potiguar Ronny Markes foi morar nos EUA e destaca qualidade de vida - Wander Roberto/Inovafoto
Potiguar Ronny Markes foi morar nos EUA e destaca qualidade de vida Imagem: Wander Roberto/Inovafoto

Felipe Paranhos, em Salvador (Bahia)

Ag. Fight

08/05/2018 08h00

Três anos após sair do UFC, Ronny Markes vive nos Estados Unidos, treina em Las Vegas e afirma estar muito satisfeito por lá. Mas isso não significa que o meio-pesado (93 kg) engrosse o coro dos que consideram os treinos fora do Brasil muito melhores. O potiguar afirmou, em entrevista exclusiva à reportagem da Ag. Fight, que a grande diferença entre ser lutador nos dois países é a estrutura, e não a qualidade dos treinamentos.

Markes foi em definitivo para os EUA em 2017. Lá, passou alguns meses em Portland, treinando na academia Gracie Barra com atletas como Chael Sonnen, Ed Herman e o ex-peso-pesado do UFC Fabiano 'Pega-Leve' Scherner, multicondecorado no jiu-jitsu. Ronny conta que se sentia "superbem", mas que não se adaptou ao frio da região. Além disso, sua filha ficou doente por quase três meses, o que motivou uma mudança para Las Vegas, em dezembro. Na cidade dos cassinos, o lutador atualmente na equipe Xtreme Couture comprovou a impressão que tinha: é a qualidade de vida o que mais constrói um atleta de sucesso.

"Vejo 'nego' falando que não tem treino no Brasil... Acho que estão totalmente enganados. O que tem de diferente aqui são as oportunidades, que não se comparam, realmente. Para você viver da luta no Brasil dignamente, só se estiver em um grande evento. Aqui, não! Se você dá uma aula de luta, o cara te paga e paga bem por isso. Suplementação, equipamento e outras facilidades que aqui tem e nós, no Brasil, não temos! Isso, sim, podemos dizer que é diferente. Agora hoje em dia vejo um monte de gente que ganhou a vida toda treinando no Brasil falando que os treinos nos Estados Unidos são melhores. Pelo amor de Deus", afirmou.

"Se você pegar os atletas brasileiros e der para eles as mesmas oportunidades que os atletas americanos têm, comida legal, suplementação etc, hoje teríamos a maioria dos cinturões dos grandes eventos com os brasileiros. Agora você pega um cara que passa o dia na academia, tem só uma alimentação pro dia inteiro, e você vir me dizer que esse cara vai conseguir render igual àquele carinha que fez cinco refeições ao dia, tá de sacanagem né?", acrescentou, citando os títulos de Anderson Silva, José Aldo, Júnior Cigano e a evolução de Jéssica Bate-Estaca lutadora da Paraná Vale-Tudo como retratos da capacidade brasileira de produzir atletas de alto nível. "Então é difícil você dizer que o treino de A é melhor que o treino de B ou C. No meu caso, tenho uma família e pra meus filhos aqui realmente é ótimo, pois eles terão oportunidades que eu nunca tive", completou.

Apesar de estar treinando fora do país, Markes fez questão de reafirmar que continua lutador da Nova União. O meio-pesado afirmou que tem muita gratidão por Dedé Pederneiras comandante da equipe e que vai fazer parte do próximo camp no time carioca.

"Em todas as minhas lutas, mesmo quando estava na Gracie Barra Portland, levei a bandeira da Nova União. Inclusive, depois de minha primeira luta no PFL , eu irei fazer a metade do camp lá e a outra aqui. Dedé foi um incentivador quando falei que queria trazer minha família para morar aqui. O cara é um ser humano admirável. Costumo dizer que ele é uma das melhores pessoas que Deus me deu o prazer de aprender. Ele tem um jeito para conduzir as coisas que nunca vi em ninguém. Serei eternamente grato a ele por eu conseguir sustentar minha família através da luta. Ele me levou para o Rio, me ajudou com moradia e comida por um tempo, até que as coisas acontecessem para mim. Então, eu sempre serei 100% a bandeira que o Dedé for", falou.

Desde que deixou o UFC, em 2014, Markes venceu quatro lutas e perdeu duas. Ele vem de triunfos contra Smealinho Rama, em junho do ano passado, e contra Dylan Potter, dois meses depois. O potiguar já tem luta marcada: vai enfrentar Sean O'Connell no próximo evento do PFL, em 21 de junho.