Inocentado de flagra no doping, 'Cigano' pede que USADA mude conduta

Junior 'Cigano' foi flagrado em um exame antidoping no segundo semestre do ano passado. Desde então, o atleta foi afastado das competições até que o julgamento da USADA (agência antidoping americana) comprovou, em abril, que o peso-pesado ingeriu um suplemento contaminado. Aliviado com o resultado, o brasileiro não se esquivou de criticar a forma como a entidade aborda os casos.

De acordo com o ex-campeão do UFC, o fato de estar em julgamento deveria garantir ao atleta que ele fosse considerado inocente até que provas o condenassem de fato. No entanto, o modelo de afastamento preventivo impede que os lutadores flagrados em um teste antidoping compitam, tratando-os, desta forma, como culpados antes mesmo que o caso seja encerrado.

"Por causa disso, eles me tiraram de uma luta e pararam a minha carreira. Isso é totalmente o contrário da lei. Sou inocente até provarem que sou culpado. Nesse caso é o contrário: sou culpado até que eu prove que sou inocente. Foi horrível passar por essa situação. Fiquei com o meu filho, dando atenção a ele. Acho que foi isso que me manteve equilibrado durante esse processo. Foram tempos difíceis. Se não fosse isso, teria enlouquecido", narrou Cigano durante conversa com o programa 'MMA Hour'.

"Quero ver um esporte limpo, sei que essas drogas são um problema grande para todos atletas. Queremos saber quem são os verdadeiros campeões, não queremos mais ver campeões falsos. Se a USADA for a empresa que vai ajudar a limpar o esporte, ótimo. Ajudei a USADA durante o processo, mas eu não contratei a USADA, foi o UFC. Não assinei nada. Sei que eles querem ajudar o esporte, mas eles precisam de uma maneira melhor para abordar as situações. Somos atletas. Espero que o sistema melhore", pediu.

Inocentado, Cigano, assim como Rogério 'Minotouro' e Marcos 'Pezão', ingeriram, de acordo com a investigação da USADA, produtos de uma mesma farmácia de manipulação brasileira que contaminou diversos suplementos aos longos dos meses de análise da entidade.

"Não poderei falar qual foi o suplemento, mas usava um suplemento de uma farmácia de manipulação no Brasil. Trabalhei com eles desde 2014 e nunca tive problemas. Fiquei aliviado porque eles acharam. Não teria porque eu mesmo contaminar os meus suplementos, nem sei como fazer isso. Foi encontrado uma quantidade muito baixa, tão baixa que não daria para mascarar nada. Fiquei feliz que conseguimos resolver isso e eu posso seguir em frente", analisou.

Aos 34 anos, Cigano acumula cartel com 18 vitórias e cinco derrotas. Sem lutar desde maio de 2017, o peso-pesado encara Blagoy Ivanov em julho, em duelo que marca seu retorno ao octógono após o escândalo do doping.