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Amanda Nunes narra estratégia para ganhar apoio dos fãs brasileiros

Laís Rechenioti, no Rio de Janeiro (RJ)

Ag. Fight

20/03/2018 13h39

Campeã peso-galo (61 kg) do UFC, Amanda Nunes não é uma unanimidade entre os fãs, sejam eles brasileiros ou americanos. De temperamento forte, a baiana ficou marcada pela velocidade com que liquida as rivais dentro do octógono e pelo discurso emocionada após sua vitória sobre Ronda Rousey. Naquela ocasião, em sua disputa de maior visibilidade da carreira, a brasileira passou por cima do sentimento de derrota da rival e clamou por mais respeito para ela própria. O tom do discurso não pegou bem, e agora a 'Leoa' corre para mudar a situação.

Escalada para fazer a luta principal do UFC Rio, evento marcado para o próximo dia 12 de maio, Amanda, que construiu sua carreira nos EUA, país onde mora há quase dez anos, parece disposta a erguer sua imagem junto aos fãs brasileiros, que possivelmente não conhecem a fundo suas conquistas no MMA. E nada melhor do que lutar em casa contra uma atleta estrangeira para isso.

"Com o tempo as pessoas se readaptam a uma nova campeã. Estou chegando devagarzinho e tenho que ter paciência. Já vejo um retorno dos fãs aos poucos. Tenho que ir de acordo com o que tocar. O que tocar eu danço. Defendendo e mantendo o meu cinturão é o mais importante. Fazendo isso que os fãs vão conhecendo a atleta que eu realmente sou. Ainda mais agora, voltando ao Brasil depois de três anos. A minha estreia e as duas lutas que tive aqui, eu saí com a vitória. Saí muito cedo do Brasil e não tive tempo de fazer a minha base aqui. Agora é conquistar mais um sonho, voltar a falar um pouco de português ", narrou durante coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira (20) na cidade  do Rio de Janeiro.

Depois de conquistar o cinturão em dezembro de 2016, quando nocauteou Ronda em menos de um minuto justamente na temporada em que fez três lutas, Amanda pediu por um tempo de descanso. Viagens ao Brasil para matar o tempo afastada da família, períodos de promoção de seus combates aliados à dificuldade de se adaptar às mudanças clima e a dificuldade de encontrar novas oponentes terminaram deixando a Leoa de molho por muito tempo, tanto que ela fez apenas um combate no ano passado.

Com esse cenário em jogo, a nova campeã não conseguiu cativar seu próprio público ainda e acabou de tornando alvo não apenas de rivais, mas também por parte de críticos. E foi nessa hora que Amanda resolveu economizar energias e não falar tanto com a mídia para, assim, focar em melhorar suas habilidade como atleta também fora do octógono. Parte cada vez mais fundamental para os atletas de grande visibilidade.

"Realmente, eu me fechei para a mídia. Nunca fui daquelas lutadoras que gosta de dar entrevista toda hora. É tudo novo para mim. Tive que me adaptar e preferi me resguardar um pouco para falar no momento certo. Não queria falar nada sem pensar. Já falei várias coisas sem pensar e hoje não quero ter esse 'mistake' mais. Hoje converso com minha irmã e até meu português eu estou trabalhando e melhorando. Acho que tudo é com o tempo. Até para mídia achar a nova campeã. Tudo era Ronda antes. As coisas foram mudando aos poucos. Isso está me motivando cada vez mais", analisou, medindo um pouco mais as palavras do que o natural.

Como uma espécie de "recomeço", Amanda terá pela frente uma rival que conhece bem. Sua amiga Raquel Pennington, noiva da ex-parceira de treinos Tecia Torres, será a próxima desafiante, e o clima para isso parece ser o mais amigável possível. Um dia antes da coletiva, elas jantaram juntas acompanhadas das respectivas namoradas, em clara demonstração da evolução profissional que atingiu o MMA.

"Essa é uma luta interessante justamente por causa da amizade. Será bom ver a reação dos fãs. Eu não vou falar mal dela e nem ela de mim. Vamos dar o meu melhor e sair com a vitória. Vai ter uma repercussão muito boa e diferente. Estou muito empolgada. Lembrando que ela já fez parte do TUF, então pra ela é fácil lutar com amigas. Além de que eu já lutei com a Miesha e estava no after party dela depois dela ganhar da holly e depois lutei", garantiu, dando de ombros para a postergação do embate com a compatriota Cris 'Cyborg'.

"Essa luta tava para sair mesmo. Demorou para ser anunciada porque a raquel sofreu um acidente. Teve toda a negociação com a Cris também, mas não sei o que aconteceu. Ela lutou com outra e a Raquel melhorou. UFC me ofereceu e eu não ia ficar parada", finalizou.